A camisa “carrega uma mensagem”, segundo a fabricante Hummel. “Não queremos ser visíveis durante um torneio que custou a vida de milhares de pessoas. Apoiamos a seleção dinamarquesa o tempo todo, mas isso não é o mesmo que apoiar o Catar como país anfitrião.”
A Fifa, por outro lado, exigiu do país que seu uniforme tivesse uma forma de reconhecimento dentro do campo. A solução foi colocar a bandeira da Dinamarca no centro da veste.
Consequências
O protesto do futebol dinamarquês contra o histórico de direitos humanos do Catar deu resultados, com as condições para os trabalhadores migrantes melhorando por causa do foco internacional, disse o chefe da Federação Dinamarquesa de Futebol, Jakob Jensen.
Os jogadores dinamarqueses também viajam sem as famílias para o torneio do Catar, que começa no domingo.
“Acho que conseguimos causar impacto no Catar. Isso foi feito por muitos atores, não apenas pelas associações, mas também por organizações e governos internacionais”, disse Jensen, à Reuters.
Jensen disse que o futebol dinamarquês continuará a usar seu apelo para enfrentar outras campanhas.
Um estudante francês que voltava de uma festa em Lille, no norte da França, salvou dezenas de pessoas do desabamento de um prédio na cidade, na madrugada de sábado (12).
Ao chegar ao prédio, Thibaut Lemay, de 22 anos, percebeu que o edifício havia entortado levemente e tinha rachaduras, segundo contou o jovem à imprensa francesa. Ao subir até seu apartamento, de acordo com ele, portas estavam emperradas.
“Quando cheguei e vi as rachaduras, acordei meus dois colegas de apartamento e percebemos que o prédio havia entortado porque não conseguíamos mais abrir as portas, e ouvimos os escombros caindo”, relatou o estudante ao jornal “La Voix du Nord”.
Lemay chamou, então, o serviço de emergência da cidade. Os bombeiros foram ao local e retiraram rapidamente todos os moradores. Os socorristas constataram que o edifício, de dois blocos, tinha risco iminente de desabar, o que ocorreu instantes depois.
No dia seguinte, durante as buscas, bombeiros encontraram um corpo nos escombros, que as autoridades suspeitam ser de um homem de 45 anos que não ouviu os chamados dos bombeiros.
Os três jovens estão sendo tratados como heróis pelos meios de comunicação da cidade e pelas autoridades. A prefeita de Lille, Martine Aubry, disse à rede BFM TV que a postura de Thibault e seus amigos salvou a vida dos moradores.
“Se esse cavalheiro não tivesse voltado para casa às 3h e não tivesse entrado em contato conosco, não teríamos reagido tão rápido e, obviamente, haveria muitas mais mortes”, disse.
A Promotoria de Lille abriu uma investigação para investigar as causas e os responsáveis pelo desabamento.
O edifício tinha três andares, e um deles passava por obras.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, visitou a cidade de Kherson, no sul, nesta segunda-feira (14) para comemorar sua recaptura com moradores e tropas. A cidade ficou mais de 8 meses sobre domínio russo.
A contra-ofensiva ucraniana que forçou as forças russas a se retirarem de Kherson na semana passada foi um dos maiores sucessos militares da Ucrânia desde que a Rússia invadiu seu vizinho em fevereiro.
“Estamos avançando”, disse Zelensky a repórteres depois de chegar a Kherson em um dia ensolarado, mas frio, e se dirigir às tropas em frente ao prédio da administração na praça principal. “Estamos prontos para a paz, a paz para todo o nosso país.”
Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante visita à cidade de Kherson — Foto: Assessoria da presidência ucraniana/via REUTERS
Ele agradeceu à Otan e a outros aliados por seu apoio na guerra contra a Rússia e disse que a entrega de sistemas de foguetes de artilharia de alta mobilidade (HIMARS) dos Estados Unidos fez uma grande diferença no esforço de guerra da Ucrânia.
Pais com filhos, alguns empurrando carrinhos de bebê, também se reuniram na praça principal em frente ao prédio da administração que até recentemente era ocupado pelas forças russas.
Algumas pessoas agitavam bandeiras ucranianas e outras tinham a bandeira pendurada nos ombros.
“Estou muito feliz, você pode dizer pela reação das pessoas, sua reação não é encenada”, disse Zelensky, que estava ladeado por seguranças fortemente armados. “As pessoas estavam esperando pelo exército ucraniano, por nossos soldados, por todos nós.”
Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, aparece em selfie com militares ucranianos na cidade de Kherson — Foto: Assessoria da presidência ucraniana/via REUTERS
Ele disse que era importante visitar Kherson para mostrar apoio aos moradores que suportaram cerca de oito meses de ocupação russa e demonstrar a eles que “estamos realmente voltando, realmente levantamos nossa bandeira”.
Questionado sobre onde as forças ucranianas podem avançar a seguir, ele disse: “Não Moscou… Não estamos interessados nos territórios de outro país”.
Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante visita à cidade de Kherson — Foto: Assessoria da presidência ucraniana/via REUTERS
Minutos antes de ele chegar, os bombardeios nas proximidades podiam ser ouvidos por pessoas no centro de Kherson. Depois que Zelensky terminou de falar, várias outras rajadas de tiros de artilharia ecoaram pela cidade.
O presidente passou cerca de 30 minutos em Kherson antes de sair, disseram testemunhas.
No final da tarde do dia 2 de abril em Guarulhos (SP), um grupo de policiais federais aguardava ansiosamente a chegada do passageiro sentado na poltrona 62K do voo KLM 0791, vindo diretamente da Holanda.
Horas antes, autoridades holandesas já haviam feito o alerta: um homem suspeito de ser espião russo usando identidade brasileira havia acabado de tentar, sem sucesso, entrar no país europeu, foi barrado em Amsterdã e estava sendo devolvido ao Brasil.
No desembarque, os agentes da PF se depararam com o homem que tentava convencê-los, apesar do forte sotaque estrangeiro, de que era brasileiro e de que não sabia o motivo de sua prisão.
O homem preso pela PF dizia se chamar Victor Müller Ferreira. Autoridades holandesas, brasileiras e russas, no entanto, dizem que seu verdadeiro nome é Sergey Vladimirovich Cherkasov. Ele nega ser o espião apontado pelos holandeses. O governo russo se manteve em silêncio.
Cherkasov já mobilizou investigadores do Brasil, Holanda e Estados Unidos. As informações divulgadas até o momento apontam que Cherkasov é suspeito de pertencer a um tipo especial de espião conhecido como “ilegal”. São homens e mulheres normalmente recrutados ainda jovens pelos órgãos de inteligência russos que recebem identidades falsas e são enviados a diferentes países para espionar e coletar informações de interesse do governo de Moscou. Eles são vistos como espiões de elite. Um tipo de versão russa de James Bond.
Em junho, porém, ele foi condenado, em primeira instância, a 15 anos de prisão pela Justiça Federal por uso de documentos brasileiros falsos. Está preso em uma cela da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo.
Mas o que parecia ser o fim da linha para um suposto espião pego em meio a uma missão pode acabar se transformando em uma pequena pausa. Documentos obtidos com exclusividade pela BBC News Brasil de processos que tramitam no Brasil contra Cherkasov mostram que o governo russo articula uma operação diplomática e jurídica para recuperar a custódia do homem que supostamente seria agente de inteligência a serviço de Moscou.
Foto de arquivo de 7 de novembro de 2019 mostra sede do Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, na Holanda — Foto: Peter Dejong/AP
O mais recente movimento aconteceu em agosto, quando a Embaixada da Rússia no Brasil pediu a extradição de Cherkasov ao Supremo Tribunal Federal (STF). A existência do pedido foi confirmada pelo Supremo à BBC News Brasil.
Pela legislação brasileira, o pedido de extradição precisa ser julgado pelo STF. Como o caso está sob a relatoria do ministro Edson Fachin, o processo deverá ser apreciado pela Segunda Turma do Supremo, da qual ele faz parte.
Se o STF aprovar a extradição, caberá ao presidente da República autorizar ou não a liberação. Jair Bolsonaro (PL) ficará no cargo até o final deste ano. No dia 1º de janeiro de 2023, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assumirá a presidência. Se o STF negar o pedido, não caberá decisão do presidente sobre o caso.
Na quarta-feira (9), a operação russa para levar Cherkasov de volta ao seu país natal ganhou o apoio oficial dele próprio. Em uma audiência sobre o processo de extradição que tramita no STF, o homem suspeito de ser um espião a serviço de Moscou declarou seu desejo de ser extraditado para a Rússia “o mais rápido possível”.
“Eu gostaria de reiterar que eu quero ser extraditado para a Rússia e eu concordo com as acusações que a Rússia fez e pretendo responder aos fatos e meus crimes que são alegados pela Rússia no meu Estado quanto mais rápido possível”, disse Cherskasov às autoridades brasileiras.
A declaração está em um vídeo obtido pela BBC News Brasil e que faz parte do processo de extradição.
A declaração chama atenção porque, na Rússia, as penas pelos crimes de tráfico de drogas e associação criminosa aos quais ele está sujeito são mais rigorosas que a pena que ele cumpre no Brasil. Na Rússia, ele pode ser condenado a até 20 anos de cadeia. No Brasil, ele foi sentenciado a 15 anos de prisão. Pela legislação brasileira, no entanto, Cherkasov poderia ir para o regime semi-aberto em dois anos e meio.
A BBC News Brasil questionou os advogados de Cherkasov sobre sua declaração, mas não obteve resposta.
Do lado brasileiro, quem investiga o caso é a Polícia Federal. Ainda não se sabe se ele usava o Brasil apenas como uma fachada para manter sua identidade falsa ou se ele também espionava o país. Apesar disso, a PF surpreendeu pessoas familiarizadas com o caso ao pedir à Justiça Federal para destruir documentos encontrados durante as investigações sobre o russo no Brasil – o pedido foi negado pela Justiça (leia mais abaixo).
A destruição dos documentos, segundo fontes ouvidas pela reportagem, poderia dificultar a elucidação das atividades desenvolvidas pelo suspeito em território brasileiro.
Procurados, a Embaixada da Rússia, a defesa de Cherkasov, a Polícia Federal, o Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e os ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) não comentaram o caso.
Crianças e adolescentes são os que mais sofrem impactos das mudanças climáticas, e, por isso, precisam ser prioridade nos debates e políticas voltados para o enfrentamento da questão. Cerca de 40 milhões de jovens estão expostos a mais de um risco climático ou ambiental no Brasil, e as mudanças climáticas comprometem a garantia de direitos fundamentais, alerta o relatório Crianças, Adolescentes e Mudanças Climáticas no Brasil, lançado nesta quarta-feira (9), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
De acordo com o relatório, a crise climática causa efeitos na frequência de chuvas, na amplitude térmica, nas ondas de calor, além de interferir na quantidade e intensidade de eventos extremos, como ciclones e queimadas, incluindo o prolongamento de secas extremas. “Todos esses fenômenos afetam a vida humana de diversas formas, colocando em risco o bem-estar, o desenvolvimento e a própria sobrevivência de pessoas em todo o planeta”, diz o estudo.
Para a representante interina do Unicef no Brasil, Paola Babos, as mudanças climáticas e a degradação ambiental enfraquecem os direitos de crianças e adolescentes. “As crianças e adolescentes são os que menos contribuem para as mudanças climáticas, mas são os que vão sofrer as consequências de forma mais intensa e por mais tempo. Nesse sentido, a mudança climática é uma ameaça direta à capacidade da criança de sobreviver e prosperar”, disse Paola na apresentação do relatório.
Paola Babos destacou que o impacto é maior em crianças e adolescentes que já vivem em situação de vulnerabilidade como indígenas, moradores de comunidades tradicionais, negros, migrantes e refugiados e especificamente, as meninas. No entanto, diz o relatório, a maioria das políticas públicas e dos planos nacionais referentes ao clima e ao meio ambiente pouco mencionam ou ignoram completamente as vulnerabilidades específicas de crianças e adolescentes, em geral, e, em particular, desses grupos.
De acordo com o Unicef, entre as necessidades que devem ser respeitadas e garantidas para a faixa de idade estão os direitos à vida, à saúde, ao desenvolvimento, a aprender, à proteção contra violência, à água potável e ao saneamento e à proteção social. Segundo o relatório, cerca de 15 milhões de pessoas vivem em áreas urbanas sem acesso à água segura e em áreas rurais no Brasil. Para 2,3 milhões destas pessoas, a água disponível para beber e para higiene pessoal não tem qualquer tipo de tratamento.
O estudo lembra ainda que, conforme o Censo Escolar (Inep, 2019), 26% das escolas públicas brasileiras não têm acesso ao abastecimento público de água, e quase 50% não têm acesso à rede pública de esgoto.
Recomendações
Ao relatar os impactos, o relatório propõe medidas que podem alterar o cenário atual no Brasil e alerta que já existe um problema, que pode ficar muito maior. “Precisamos lidar com ele agora e mitigar os impactos futuros, diminuir a poluição e promover a adaptação às mudanças já inevitáveis.”
A lista de recomendações começa com o pedido de prioridade absoluta para crianças e adolescentes na pauta climática, para que não tenham que crescer privados da plena realização dos seus direitos. A defesa e o fortalecimento das instituições e a legislação responsáveis pela garantia de preservação e pelo enfrentamento da degradação do meio ambiente também são lembradas para assegurar o alcance das metas de redução de emissões de gases.
O relatório lembra que é preciso garantir financiamento e recursos para a execução de políticas e projetos climáticos sensíveis aos direitos de crianças, adolescentes e jovens, além do desenvolvimento de estratégias que levem em conta os riscos e potenciais específicos de crianças, adolescentes e jovens indígenas e de outras comunidades tradicionais, negros e meninas.
O estudo defende também prioridade para investimentos em educação e desenvolvimento de competências de crianças, adolescentes e jovens sobre meio ambiente, mudanças climáticas e habilidades ecológicas. “Capacitando-os para enfrentar a crise climática e participar das soluções e da crescente economia verde e azul”, explicou Paola Babos.
O Unicef propõe ainda a adaptação dos serviços públicos que atendem crianças e adolescentes com base nos cenários de vulnerabilidade e risco de desastres e nas possibilidades de mudanças de longo prazo nas temperaturas, como forma de garantir a infraestrutura de escolas e hospitais, para assegurar o bem-estar dos usuários e a continuidade dos serviços essenciais.
A lista termina sugerindo o engajamento da sociedade e do setor produtivo em defesa da adoção de medidas de preservação ambiental e de manejo sustentável das cadeias de produção e de transporte. “Também estimulando a transição para uma economia verde e azul, investindo em crianças e jovens, abrindo oportunidades para sua inclusão produtiva nessas soluções realmente trazendo suas capacidades em potencial para a nova economia, onde precisamos investir”,disse Paola Babos. Ela destacou que esta é a primeira vez que uma geração global de meninos e meninas em um mundo que se tornou ainda mais incerto devido às mudanças climáticas e ao meio ambiente degradado.
“É por isso que o Unicef, com esse relatório, reforça a urgência de priorizar os direitos de crianças e adolescentes na agenda climática, agindo para mudar esta realidade”, acrescentou.
Jovens na COP 27
O Unicef e a organização da sociedade civil Viração Educomunicação enviaram à 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), que está sendo realizada no Egito, três jovens ativistas ambientais brasileiros: Maria Eduarda Silva, de 19 anos, de Bonito, em Pernambuco; Victor Medeiros, de 18 anos, do litoral sul de São Paulo; e Tainara da Costa Cruz, de 18 anos, do povo kambeba, da comunidade Três Unidos, localizada em uma área de proteção ambiental na margem esquerda do Rio Negro, no Amazonas. Os três juntaram-se a um grupo de 40 jovens de diversos coletivos e organizações sociais brasileiros presentes à conferência.
Segundo a oficial do Programa Cidadania de Adolescente do Unicef no Brasil, Rayanne França, o objetivo da participação dos jovens é pautar crianças e adolescentes no debate climático. “Nosso papel por aqui é fortalecer esse engajamento. Sabemos que os três jovens que estão conosco nessa pauta dão seu recado e fazem com que essa mensagem chegue a todos os governantes, aos municípios, escolas e espaços de discussão.”
O oficial de monitoramento e avaliação do Unicef no Brasil, Danilo Moura, disse que jovens que moram em regiões vulneráveis preocupem-se com a situação e não deixam de participar de debates sobre mudanças climáticas. “Quando se vive em situação de pobreza, sempre é mais difícil, parece um luxo se preocupar com coisas que não são preocupações imediatas, mas nossa experiência mostra que jovens e adolescentes estão discutindo o assunto. Eles se importam muito e têm ideias, críticas muito valiosas sobre o tema. E são jovens que vêm de todo tipo de histórico familiar.”
Durante a preparação para a COP27, representantes do Unicef reuniram-se com integrantes do Itamaraty para apresentar as principais recomendações do estudo. “Achamos que o Brasil pode ter uma liderança importante nessa agenda de mudanças climáticas com crianças e adolescentes”, revelou Moura. Para ele, o trabalho para fortalecer medidas para estas faixas de idade vai continuar no próximo governo.
A COP 27, que começou domingo passado (6) e vai até o dia 18 deste mês. Amanhã (10), no Dia da Juventude e do Futuro na COP27, os três jovens brasileiros levarão sua contribuição para fóruns do encontro, que vão permitir a troca de experiências com a juventude de todo o mundo.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância trabalha em alguns dos lugares mais difíceis do planeta, atendendo crianças mais desfavorecidas. O trabalho do fundo cobre 190 países e territórios.
Agenciabrasil
Os Estados Unidos aboliram a escravidão há 157 anos — ou seja, desde então, nenhuma pessoa pode ser propriedade legal de outra. Mas uma exceção permaneceu: os prisioneiros condenados.
Na maior parte dos Estados Unidos, a escravidão ainda é legal quando adotada como pena para um crime.
Mas, nas eleições de 8 novembro, eleitores de cinco Estados — Alabama, Louisiana, Oregon, Tennessee e Vermont — decidirão pela eliminação ou não dessas exceções nas suas constituições estaduais, em uma tentativa de proibir totalmente a escravidão.
O resultado poderá permitir que os prisioneiros contestem o trabalho forçado. Atualmente, cerca de 800 mil prisioneiros trabalham por centavos, ou sem pagamento. Sete Estados não pagam salários para os trabalhadores nas prisões pela maioria dos trabalhos exigidos.
Os apoiadores da mudança afirmam que esta é uma brecha para a exploração que precisa ser fechada. Já os críticos argumentam que é uma mudança insustentável, que pode gerar consequências indesejadas para o sistema de justiça criminal.
‘Trabalhei por 25 anos e voltei para casa com 124 dólares’
As raízes do sistema moderno têm origem nos séculos de escravidão dos afro-americanos, segundo pesquisadores dos direitos humanos.
Curtis Ray Davis II escreveu um livro sobre sua experiência na penitenciária ‘Angola’, na Louisiana. — Foto: Curtis Ray Davis
Nos anos que se seguiram à abolição da escravatura, foram aprovadas leis especificamente destinadas a reprimir as comunidades negras e levá-las à prisão, onde os detentos seriam forçados a trabalhar.
Atualmente, existem prisioneiros negros americanos que ainda são forçados a colher algodão e outros produtos nas plantações do sul, onde seus antepassados foram mantidos acorrentados.
“Os Estados Unidos da América nunca tiveram um dia sem escravidão legal”, afirma Curtis Ray Davis II, que passou mais de 25 anos em trabalhos forçados em uma prisão da Louisiana por um assassinato que não cometeu, até o seu indulto, em 2019.
Davis teve uma série de trabalhos na conhecida Penitenciária Estadual de Louisiana, apelidada de “Angola”, nome do país de onde foram trazidos muitos dos africanos escravizados na região.
“Trabalhei por 25 anos e vim para casa com 124 dólares [cerca de R$ 627]”, afirma Davis. Ele nunca recebeu mais de US$ 0,20 (cerca de R$ 1) por hora de trabalho, o que, segundo ele, era feito “contra a minha vontade e sob a mira de uma arma”.
Cerca de 75% dos prisioneiros na penitenciária eram negros, segundo o Projeto Inocência, um grupo que trabalha para libertar prisioneiros inocentes que foram condenados. O grupo afirma que em “Angola” a escravidão americana nunca acabou.
Alguns Estados já aprovaram medidas para acabar com todas as formas de escravidão. — Foto: Getty Images via BBC
“A escravidão foi abolida, mas, na verdade, foi apenas uma transferência de propriedade da escravidão legal e da propriedade privada para a escravidão literalmente sancionada pelo Estado”, afirma Savannah Eldrige, da Rede Nacional para a Abolição da Escravatura.
A organização vem trabalhando para ampliar o número de Estados que proíbem a escravidão sem exceções e vem tentando convencer os legisladores na capital americana, Washington, a aprovar uma lei similar alterando a constituição dos Estados Unidos.
Desde 2018, os Estados do Colorado, Nebraska e Utah aprovaram medidas proibindo todas as formas de escravidão. Eldrige destaca que o movimento reuniu o apoio de democratas e republicanos. Só assim foi possível a aprovação em Utah e Nebraska, Estados dominados pelos republicanos.
Ela prevê que, em 2023, 18 legislativos estaduais votarão leis para proibir a escravidão.
‘Consequências indesejadas’
Poucos apresentaram-se contrários aos esforços estaduais para eliminar a linguagem da escravidão. Mas o movimento encontrou resistência de críticos que afirmam que seria caro demais pagar salários adequados aos prisioneiros, que eles não merecem o mesmo pagamento ou que as mudanças trariam desvantagens aos detentos.
O legislativo da Califórnia rejeitou a retirada de referências à escravidão das leis estaduais em votação em 2022, quando os democratas, incluindo o governador do Estado, alertaram que pagar aos prisioneiros o salário mínimo estadual, de US$ 15 (cerca de R$ 76) por hora, custaria mais de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7,6 bilhões).
O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (27) que a Rússia não se considera inimiga do Ocidente.
Putin, que há quase oito meses trava uma guerra na Ucrânia com países ocidentais como inimigos, criticou ainda líderes do Ocidente “arrogantes” que, segundo ele, estão determinados a impor seus valores ao resto do mundo.
Em uma entrevista a jornalistas em Moscou, o líder russo disse que seu governo nunca aceitaria que países ocidentais lhe dissessem o que fazer. E ameaçou ainda “um preço alto” caso os países rivais continuem imponto condições ao Kremlin.
Também nesta quinta, a Rússia voltou a atacar Kiev, que ficou parcialmente sem luz o dia inteiro após bombardeios em centrais de energia, uma tática atual recorrente das tropas russas. A região da capital ucraniana teve um déficit de 30% em sua capacidade de gerar a energia necessária após ataques russos durante a noite, afirmou o governador regional.
Alunas de uma escola secundária de Teerã foram fisicamente agredidas por policiais nesta segunda-feira (24), de acordo com vídeos de moradores locais publicados nas redes sociais.
Segundo as publicações, os policiais foram até a escola, revistaram as alunas e exigiram que todas entregassem seus celulares – ao longo das últimas semanas, junto dos protestos pela morte da jovem Masha Amini sob custódia policial por “uso inadequado” do véu islâmico, estudantes têm filmado protestos dentro das escolas.
Neste caso, as estudantes se negaram a dar seus telefones e, então, foram agredidas.
Os pais das alunas, que foram à porta da escola após a polícia entrar no local, foram barrados na porta, e, diante do protesto, os oficiais lançaram gás lacrimogêneo contra eles, de acordo com a agência de notícias Reuters.
As manifestações no Irã – sem precedentes na história do país – entraram na quarta semana. Os protestos eclodiram após Amini, iraniana de origem curda de 22 anos, ser hospitalizada e morrer enquanto estava sob custódia policial por não usar o véu “adequadamente”.
Ela viajava de férias com a família quando foi repreendida pela chamada polícia da moralidade do Irã.
Protestos
As manifestações, que começaram em protesto pela morte de Amini em circunstâncias ainda não esclarecidas, pedem o fim da polícia da moralidade do Irã e miram até no governo.
Pela lei iraniana, que é baseada na Sharia – uma interpretação jurídica do Corão -, as mulheres devem usar o hijab, um tipo de véu islâmico que cobre a cabeça, o cabelo e o pescoço.
Dezenas de pessoas já morreram nos protestos, principalmente manifestantes, mas também forças de segurança. E centenas de outras foram presas.
Os protestos se espalharam também pelo mundo.