Ao menos 49 pessoas morreram em ataques nesta sexta-feira contra duas mesquitas da cidade neozelandesa de Christchurch e, segundo as autoridades locais, um dos autores foi identificado como um extremista australiano.
Os ataques nesta cidade da Ilha Sul também deixaram 20 pessoas gravemente feridas, informou a primeira-ministra Jacinda Ardern. Ao citar um dos “dias mais obscuros” do país, ela denunciou uma violência “sem precedentes”.
Testemunhas descreveram cenas caóticas e corpos ensanguentados. Crianças e mulheres estão entre as vítimas fatais.
A polícia fez um apelo para que as pessoas não compartilhem nas redes sociais “imagens extremamente insuportáveis”, depois que foi divulgado na internet um vídeo feito por um homem branco no momento em que atirava contra os fiéis em uma mesquita.
“Está claro que isto só pode ser descrito como um ataque terrorista. Pelo que sabemos parece que estava bem planejado”, disse Ardern.
“Foram encontrados dois artefatos explosivos em veículos suspeitos e foram desativados”, completou.
O atirador de uma das mesquitas era um cidadão australiano, revelou em Sydney o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison. “É um terrorista extremista de direita, violento”, disse.
O número exato de criminosos não foi revelado, mas, de acordo com Ardern, três homens estavam detidos. A polícia afirmou que um homem com pouco menos de 30 anos foi acusado de assassinato. Esta pessoa será apresentada a um tribunal de Christchurch no sábado.
A polícia afirmou ainda que não procura outros suspeitos.
As duas mesquitas atacadas são as de Masjid al Noor, no centro de Christchurch, e Linwood. As duas estavam lotadas nesta sexta-feira para a sessão vespertina das orações.
“Corpos por todos os lados”
Um imigrante palestino que pediu para não ser identificado afirmou que viu o momento em que um homem foi atingido por um tiro na cabeça.
“Escutei três disparos rápidos e depois de uns 10 segundos tudo começou de novo. Deve ter sido uma arma automática porque ninguém consegue apertar o gatilho tão rapidamente”, disse o homem à AFP.
“As pessoas começaram a correr, algumas estavam cobertas de sangue”.
Outro homem contou à imprensa local que viu o momento em que uma criança foi atingida por tiros.
“Havia corpos por todos os lados”, declarou.
Em uma das mesquitas estava a equipe de críquete de Bangladesh, mas os jogadores conseguiram fugir do local.
“Estão sãos e salvos, mas em estado de choque. Pedimos ao time que permaneça confinado no hotel”, afirmou uma fonte da delegação. A partida entre as seleções de Bangladesh e Nova Zelândia foi cancelada.
Diversos vídeos e documentos que circulam na internet, mas que não foram confirmados oficialmente até o momento, indicam que o autor transmitiu o ataque no Facebook Live.
Uma equipe da AFP examinou as imagens, que pouco depois foram retiradas dos sites. De acordo com os jornalistas, especialistas em fact check, são autênticas.
Um “manifesto” vinculado às contas desta página do Facebook faz referência à “teoria da substituição”, que circula entre a extrema-direita e que fala do desaparecimento dos “povos europeus”.
As forças de segurança bloquearam o centro da cidade, mas poucas horas depois suspenderam a medida. A polícia pediu aos fiéis que evitem as mesquitas em toda Nova Zelândia.
O município abriu uma linha direta para os pais dos estudantes que participavam em um protesto contra as mudanças climáticas em uma área próxima aos ataques.
Todas as escolas da cidade foram fechadas. A polícia pediu a “todos os que estavam presentes no centro de Christchurch que não saiam às ruas e apontem qualquer comportamento suspeito”.
Os tiroteios são raros na Nova Zelândia, um país que em 1992 restringiu a legislação que permite acesso às armas semiautomáticas após um massacre de 13 pessoas na cidade de Aramoana, na Ilha Sul.
Qualquer pessoa com mais de 16 anos, no entanto, pode solicitar uma licença para ter acesso a uma arma depois de participar de um curso sobre segurança.
Fonte: AFP
O pior apagão da história da Venezuela, que entrou em seu quinto dia nesta terça-feira (12/03), agravou a escassez de alimentos e provocou falta de água no país. A falta de energia elétrica, que chegou a afetar 22 dos 23 estados, além de Caracas, faz com que vários serviços não possam ser prestados, entre eles o fornecimento de água, que entrou em colapso.
Numa atitude desesperada, um grupo de pessoas foi nesta segunda-feira encher galões com água numa fonte que brota da parede de asfalto do rio Guaire. O rio, que é canalizado, corre ao lado da principal rodovia de Caracas e nele é despejado esgoto.
Entre os que foram coletar água no local estava a vendedora Lilibeth Tejedor, de 28 anos e mãe de uma criança de 2 anos. Em meio a dezenas de outras pessoas, Tejedor tentava encher um galão de 15 litros com a água da vertente, que corria para o rio.
Ao contrário da fétida água do rio Guaire, o líquido que saía da fonte ao menos era claro. As pessoas no local disseram que a água fora liberada de um reservatório por autoridades locais e que, por ter passado por canos sujos, podia apenas ser usada para dar a descarga e lavar o assoalho.
“Eu nunca havia visto algo parecido. É horrível”, disse Tejedor a repórteres da agência de notícias Reuters que foram ao local. Ela se preparava para transportar o seu galão cheio de água num pequeno carrinho de mão.
Crianças e adolescentes acompanharam os pais para ajudar a carregar água. Quando duas crianças começaram a brincar no poluído rio Guaire, uma mulher as alertou: “Essa água é suja! Não comecem a brincar porque não há remédios.”
Muitas pessoas que foram buscar água no local acabaram afastadas de lá por militares.
No extremo norte de Caracas, onde a cidade margeia o parque nacional El Ávila, centenas de pessoas fizeram fila para coletar água de fontes nas montanhas.
Outros venezuelanos se viram obrigados a pagar em dólares por garrafas de água ou esperar por caminhões-pipa prometidos pelo regime de Nicolás Maduro.
Muitos pagamentos precisam ser feitos em dólares devido à escassez de cédulas no país, afetado pela hiperinflação, e porque o pagamento com cartão não funciona por causa da falta de luz.
Maduro também anunciou a distribuição de alimentos e de produtos para hospitais, mas nada ainda foi entregue.
Caracas necessita de 20 mil litros de água por segundo para a manutenção do serviço de abastecimento, afirmou o engenheiro José de Viana, que trabalhou no sistema de fornecimento da capital nos anos 1990.
Na semana passada, o fluxo havia caído para 13 mil, e depois do apagão, iniciado na quinta-feira, parou por completo, disse Viana.
Devido à situação de emergência, o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que é reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, incluindo o Brasil, convocou novas manifestações contra Maduro para esta terça-feira em todo o país.
Ele disse que a situação é de calamidade pública e decretou, com aval da Assembleia, dominada pela oposição a Maduro, estado de alarme nacional por 30 dias para pedir ajuda internacional.
O decreto não deverá ter efeito, pois Maduro tem o apoio das Forças Armadas e controla todas as instituições do país, exceto a Assembleia Nacional.
AS/afp/efe/rtr/ap
Fonte: DW
Pelo menos uma dúzia de pessoas ligadas à ONU estão entre as vítimas do acidente aéreo da Ethiopian Airlines ocorrido neste domingo nos arredores de Adis-Abeba, segundo uma fonte da organização.
“Espera-se que pelo menos uma dúzia das vítimas tivessem ligação com a ONU”, indicou a fonte, assinalando que tradutores independentes que viajavam para uma conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente também podem estar entre os 157 mortos reportados pelas autoridades.
Estabelecer o número exato de funcionários da ONU no voo é difícil, uma vez que nem todos informaram à organização seu plano de viagem, e nem todos usaram o passaporte diplomático para viajar, explicou a fonte.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse estar “profundamente entristecido com a perda trágica de vidas”, e enviou condolências à Etiópia e a parentes das vítimas.
“As Nações Unidas estão em contato com autoridades da Etiópia e trabalhando com elas para saber com detalhes que funcionários da ONU perderam a vida na tragédia”, assinalou Guterres.
Fonte: AFP
A tecnologia ajuda, mas, no Japão, não são os sensores e as câmeras os principais responsáveis pela segurança pública. É uma combinação bem-sucedida de leis rigorosas, policiamento preventivo, ações comunitárias e educativas que têm garantido ao país uma posição de destaque entre os lugares mais seguros do mundo.
Em 2018, os japoneses tiveram o 9º melhor Índice Global da Paz (ranking liderado pela Islândia), enquanto os brasileiros amargaram a 106ª posição, com altas taxas de criminalidade e corrupção. De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes, o Japão tem 0,28 homicídios para cada 100 mil habitantes.
No Brasil, em 2017 (dado mais recente no comparativo), foram contabilizados 63.880 mortes violentas, o maior índice da história. Isso equivale a 30,8 homicídios para cada 100 mil pessoas.
Apesar das pequenas oscilações no passado desses indicadores, os japoneses hoje conseguem dormir tranquilos graças à segurança proporcionada pela política de tolerância zero às armas e ao centenário sistema de policiamento comunitário, com mais de 6.600 postos espalhados pelo país – os chamados Koban, nome dado aos pequenos postos onde residem e trabalham de dois a três policiais treinados para servir a comunidade e dar informações de segurança, inclusive sobre objetos perdidos.
O Japão tem uma das menores taxas do mundo de crimes cometidos com armas de fogo. Segundo a Agência Nacional de Polícia, houve, em 2017, apenas 22 crimes cometidos com armas de fogo – deixando 3 mortos e 5 feridos.
A título de comparação, no mesmo período houve 15.612 mortes por armas de fogo nos Estados Unidos, segundo a organização Gun Violence Archive. Isso dá uma média de 42 mortes por armas de fogo por dia nos EUA, contra um toal de 44 mortes do tipo no Japão nos últimos oito anos até abril de 2018.
A educação da população também ajuda.
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“No Japão, as crianças aprendem desde cedo que é crime ficar com aquilo que não é seu. Não existe isso de dizer que ‘achado não é roubado'”, observa Mayumi Uemura, diretora de uma escola brasileira no Japão – instituições de ensino particulares que são homologadas pelo Ministério da Educação brasileiro e seguem o currículo brasileiro, em áreas de grandes concentrações de migrantes do Brasil.
A escola dirigida por Uemura fica em Joso, cidade com pouco mais de 2 mil brasileiros localizada na província de Ibaraki (que tem cerca de 6 mil brasileiros. E os estudantes são frequentemente convidados para participar de atividades com a polícia, como palestras sobre drogas e até campeonato de futebol promovido por policiais.
Os alunos também passam por treinamento sobre regras de trânsito. “Muitos brasileiros não sabem que aqui é proibido carregar alguém na garupa da bicicleta”, diz a diretora. A lei para ciclistas é de 2015 e pune com multas e prisão quem for pego pedalando alcoolizado. Também proíbe pedalar com fones de ouvido, mexendo no smartphone ou equilibrando um guarda-chuva.
Policiamento humanizado e sistema unificado sem rivalidades
A segurança pública do dia a dia é garantida por um contingente de 290 mil policiais. São eles que mantêm o laço de confiança da população com a polícia pelo sistema Koban.
O sistema, criado em 1874, é a resposta japonesa para a criminalidade, e a intenção é de que seja implantado em localidades brasileiras, por um Acordo de Cooperação Técnica entre Brasil e Japão.
No entanto, na opinião de um policial japonês que fez estágio na polícia brasileira e não quis ser identificado na reportagem, a implantação do modelo japonês no Brasil será complicada devido às diferenças entre os países.
No Japão repleto de leis rigorosas, não é de estranhar que policiais façam suas rondas ostensivas de bicicleta e abordagem sem o uso de armas de fogo, recorrendo apenas a movimentos de artes marciais ou até mesmo redes e cobertores quando é necessário conter um suspeito.
“Enquanto no Japão a Agência Nacional da Polícia é a única a coordenar o sistema, no Brasil há várias instituições policiais, como a civil, a militar e a federal, e elas estão sempre se enfrentando”, diz o policial japonês.
O segredo para o modelo japonês dar certo, opina ele, é a integração da polícia com a comunidade: “respeito mútuo”.
Os estrangeiros também interagem com a polícia. A brasileira Bruna Ishikawa, de 14 anos, foi escolhida para ser policial por um dia e percorreu de viatura um trecho entre as cidades de Joso e Ishige enquanto falava pelo alto-falante – em português, para ser entendida pelos membros da comunidade brasileira – sobre a necessidade de os pedestres olharem sempre para os dois lados ao atravessar a rua. “A polícia daqui é diferente. A gente respeita”, diz a estudante.
Sociedade participativa e qualificação dos policiais
Os próprios cidadãos ajudam o policiamento no Japão. Em muitas casas e lojas, há um adesivo escrito “Kodomo 110ban no Ie” colado na porta, indicando que o local pode ser usado como abrigo por crianças em perigo. E todos os alunos do equivalente aos seis primeiros anos do ensino fundamental brasileiro levam pendurado na mochila um alarme que é usado em situação de ameaça.
Para ajudar a população a memorizar o telefone de emergência, a polícia japonesa criou o Dia do 110. Sempre em 10 de janeiro, realiza eventos para lembrar as pessoas que o número 110 deve ser usado para acionar a polícia por telefone em caso de crime, acidente ou uma ocorrência suspeita.
A Academia Nacional de Polícia tem investido em transformar parte de seu contingente em policiais poliglotas, para dar suporte à crescente população estrangeira e ao público esperado em megaeventos, como os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
Mais do que à gramática, o professor de português Miguel Kamiunten dá ênfase à conversação, ensinando inclusive gírias e termos técnicos jurídicos. “O importante é que esses policiais poderão ajudar no trabalho preventivo, passando informações de segurança aos estrangeiros”, explica.
Os policiais habilitados em idiomas também auxiliam nos casos envolvendo estrangeiros. Em 2017, o Japão registrou 17.006 crimes cometidos por não japoneses, sendo 30,2% deles atribuídos a vietnamitas. Os brasileiros, quinto maior grupo estrangeiro com 196.781 pessoas residindo no país, foram o terceiro grupo mais acusado de criminalidade (1.058 casos).
Apesar da presença histórica da yakuza, como é conhecida a principal organização criminosa japonesa, o Japão tem conseguido manter as facções sob controle com a tolerância zero a armas.
Segundo cálculos da Agência Nacional de Polícia, em 2017, o crime organizado contava com 34.500 membros em 22 grupos. No auge, em 1963, o crime organizado chegou a contabilizar 184 mil membros, mas esse número despencou graças à Lei Anti-Yakuza. Ela entrou em vigor em 1991 e endureceu ainda mais na revisão feita uma década depois, quando tornou-se ilegal fazer negócios com membros de facções.
E quem sofre e não denuncia tentativas de extorsão vira cúmplice; e chefes das gangues são responsabilizados criminalmente pelas atividades de subalternos.
“Com leis rigorosas e a ajuda da comunidade, é possível controlar a violência”, diz o policial japonês.
Segurança no trânsito e penas duras
Os motoristas também foram obrigados a redobrar a atenção, porque acidentes de trânsito costumam ter punição severa. O Japão criou a rigorosa legislação em 1970, quando houve um brusco aumento da frota de carros em circulação – e 16.765 mortes nas estradas. Após campanhas intensas e queda nos números, os casos fatais voltaram a superar a marca de 10 mil em 1988, devido ao maior número de pessoas habilitadas e motorizadas.
O país recorre a casos emblemáticos para criar precedentes e dificultar ainda mais a violação do Código Penal. Em dezembro passado, um homem foi condenado a 18 anos de prisão por direção perigosa seguida de morte. O réu perseguiu o carro de uma família e, depois de ultrapassá-lo, forçou a mulher e o marido dela a pararem o veículo no meio da via expressa, quando foram então atingidos por um caminhão.
A “lei seca” surgiu após outro episódio de grande repercussão nacional, ocorrido em 2007. Um motorista embriagado provocou a morte de três crianças no trânsito, motivando o endurecimento da legislação.
Casos em que gerentes de bar ou amigos servem álcool sabendo que a pessoa vai dirigir, ou mesmo pegar carona ou emprestar carro a alguém alcoolizado, podem resultar em prisão de todos os envolvidos. Outras violações das leis de trânsito podem levar à perda imediata da carteira, pagamento de multa e até prisão.
O difícil caminho para comprar armas no Japão
Se você quer comprar uma arma no Japão é preciso paciência e determinação. É necessário um dia inteiro de aulas, passar numa prova escrita e em outra de tiro ao alvo com um resultado mínimo de 95% de acertos.
Também é preciso fazer exames psicológicos e antidoping.
Os antecedentes criminais são verificados e a polícia checa se a pessoa tem ligações com grupos extremistas.
Em seguida, investigam os seus parentes e mesmo os colegas de trabalho.
A polícia tem poderes para negar o porte de armas, assim como para procurar e apreendê-las.
E isso não é tudo. Armas portáteis são proibidas. Apenas são permitidos os rifles de ar comprimido e as espingardas de caça.
A lei também controla o número de lojas que vendem armas.
Na maior parte das 47 prefeituras do Japão, o número máximo é de três lojas de armas e só se pode comprar cartuchos de munição novos se os usados forem devolvidos.
Até mesmo o crime organizado no Japão dificilmente usa armas de fogo. Geralmente, os criminosos utilizam facas.
A polícia tem que ser informada sobre onde a arma e a munição ficam guardadas – e ambas devem estar em locais distintos, trancadas. Uma vez por ano a polícia inspecionará a arma.
Depois de três anos, a validade da licença expira e a pessoa é obrigada a fazer o curso e as provas de novo.
Tudo isso ajuda a explicar por que os tiroteios e massacres com armas de fogo são muito raros no Japão.
Quando um massacre ocorre no país, geralmente o criminoso utiliza facas.
Fonte: BBC NEWS
O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, advertiu nesta terça-feira, 5, que a pressão contra o governo de Nicolás Maduro está “só começando” e propôs, com sindicalistas, uma greve “escalonada” de funcionários públicos. Isso acontece logo após seu desafiador retorno ao país, após ter burlado uma proibição de saída.
Reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, Guaidó se reuniu com dirigentes sindicais apostando que os funcionários públicos apoiem os seus esforços para retirar Maduro do poder.
“Achavam que a pressão máxima havia chegado. Saibam claramente que a pressão está só começando”, lançou o oposicionista após o encontro em Caracas.
O também chefe do Parlamento conseguiu reativar os protestos e estreitar o cerco diplomático contra Maduro. “Aqui está o presidente interino da Venezuela dando a cara aos trabalhadores, ao trabalho com dignidade, sem que lhe deem nada em troca”, acrescentou Guaidó, que promove um “governo de transição e eleições livres”.
Como parte da pressão com o presidente socialista, o legislador de 35 anos busca agora arrebatar-lhe o controle da burocracia estatal, que considera “sequestrada pelas chantagens e perseguições”.
Segundo Guaidó, os representantes dos trabalhadores lhe propuseram avançar para uma “greve escalonada na administração pública”, embora não tenha dado detalhes. Durante a era chavista, o setor público chegou a ter entre 4 e 4,5 milhões de funcionários, mas essa cifra pode ter sido reduzida devido à grave crise econômica, que inclui uma contração do PIB de 50% desde 2014, hiperinflação e escassez de bens básicos.
Setor público paralisado
Guaidó quer elevar a pressão interna para retirar Maduro, depois que o Grupo de Lima – composto pelo Canadá e por uma dúzia de países latino-americanos – descartou o seu apoio a uma intervenção militar, alternativa que o governo de Donald Trump mantém sobre a mesa.
Para isso, pretende virar ao seu favor os funcionários públicos. Contudo, o governo conserva a sua influência em boa parte da cúpula sindical. “A greve escalonada é uma proposta dos trabalhadores públicos para que nunca mais trabalhem para a ditadura”, sustentou em entrevista coletiva, na qual anunciou uma lei para proteger os funcionários de eventuais demissões.
Da reunião nesta terça participaram sindicalistas petroleiros, das indústrias básicas, governações, prefeituras, hospitais e a banca pública, entre outros, disse a dirigente Ana Yánez. Os sindicatos ainda não anunciaram quando ou quais setores farão essas greves e acordaram se reunir nos dias seguintes com o Parlamento.
“A administração pública está praticamente paralisada. Nas prefeituras vão trabalhar somente três vezes por semana e apenas meio período”, comentou Yánez.
O salário mínimo na Venezuela é de 18.000 bolívares por mês (cerca de seis dólares), que apenas dá para dois quilos de carne, devido à hiperinflação que o FMI projetou em 10.000.000% para 2019.
Mergulhados em contradições
Com o tom desafiador após a sua multitudinária recepção na segunda-feira em sua chegada a Caracas, Guaidó disse que o silêncio oficial diante do seu retorno mostra as contradições no círculo do “ditador”, como se refere a Maduro.
“Estão mergulhados em contradições. Não sabem como responder ao povo da Venezuela”, disse Guaidó a jornalistas ao ser questionado sobre como explica não haver qualquer reação por parte do governo de Maduro ao seu retorno.
Antes da sua volta a Caracas, Maduro havia declarado que Guaidó teria que encarar a Justiça por ter evadido a proibição de saída do país.
O governo participou nesta terça de uma homenagem pelo aniversário da morte de seu antecessor, Hugo Chávez (1999-2013). “Comandante Chávez (…), obrigado pelos seus ensinamentos e, com seu exemplo, hoje continuamos em permanente luta contra os inimigos que tentaram apagar a sua voz tantas vezes. Viverás para sempre em cada vitória!”, escreveu Maduro no Twitter.
(AFP)
Fonte: Veja.com
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira, 28, uma recompensa de 1 milhão de dólares a quem der informação que possibilite a prisão do atual líder do grupo jihadista Al Qaeda, Hamza bin Laden. Trata-se do filho do histórico terrorista Osama bin Laden, morto em 2011.
“Hoje, anunciamos que será oferecida uma recompensa de 1 milhão de dólares a quem der informação que conduza à detenção do atual líder da Al Qaeda, Hamza bin Laden”, declarou o secretário adjunto para Segurança Diplomática dos Estados Unidos, Michael Evanoff.
O represente americano informou que Bin Laden, líder do ataque aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, passara anos preparando Hamza para assumir a liderança da Al Qaeda, hoje controlada pelo egípcio Ayman al Zawahiri. As informações sobre esse treinamento foram obtidas em cartas encontradas no complexo de Abbottabad, no Paquistão, onde Osama foi morto em uma operação das forças especiais dos Estados Unidos.
Apesar de o paradeiro de Hamza ser desconhecido, Evanoff afirmou que tudo indica que o filho de Osama Bin Laden esteja em algum lugar da fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão, possivelmente esperando uma oportunidade para viajar até o Irã.
O coordenador da Estratégia Contraterrorista do Departamento de Estado, Nathan A. Sais, que também participou da entrevista coletiva, alertou que a Al Qaeda ainda representa uma grande ameaça, apesar de ter ficado na sombra doEstado Islâmico.
“Nos últimos tempos, compreensivelmente, a atenção do mundo esteve focada na ameaça do Estado Islâmico, enquanto a Al Qaeda permanecia relativamente tranquila. Mas isso era uma pausa estratégica, não uma rendição”, alertou o diplomata americano.
Sais ainda afirmou que a Al Qaeda continua com “capacidade e intenção” de lutar contra os Estados Unidos e os aliados do país. Por esse motivo, Evanoff reiterou a importância de localizar Hamza bin Laden e considerou a recompensa como uma das ferramentas mais úteis na luta contra o terrorismo.
“É um aviso. Estamos te procurando”, concluiu.
(Com EFE)
Fonte: Veja.com
Depois de dias detidos na Venezuela e impedidos de cruzar a fronteira com o com o Brasil, um grupo de 152 pessoas foi liberado para voltar a Pacaraima, cidade do norte de Roraima, por volta das 20h15, horário local.
São homens e mulheres que estavam fazendo turismo no Monte Roraima, além de moradores e pessoas que estavam abrigadas no consulado brasileiro em Santa Elena, cidade venezuelana mais próxima do Brasil. Cerca de 30 veículos cruzaram a fronteira.
A negociação para liberação do grupo durou todo o dia e foi intermediada pelo vice-cônsul do Brasil em Santa Elena, Ewerton Oliveira, junto ao governo da Venezuela.
De acordo com Oliveira, 20 caminhoneiros vão regressar ao brasil nesta quarta-feira. O vice-cônsul explicou que as negociações foram feitas com generais venezuelanos em Santa Elena. “Houve momentos de tensão. Temos crianças, bebês recém-nascidos. Não entro no mérito se a demora nas negociações é absurda. Até certo ponto, é normal. A fronteira está fechada, esse era o argumento deles para não deixar os brasileiros voltarem”, disse.
O Exército levou os 152 brasileiros para um posto de triagem, onde foi servido um lanche para o grupo. Elisângela Carvalho, de 30 anos, trouxe duas amigas para o Brasil. O filho de uma delas está doente: “Eles tentaram várias vezes cruzar a fronteira e não conseguiram. Lá em Santa Elena não tem nada para as crianças. A situação é horrível, muito ruim mesmo”, afirmou.
Mais cedo, pelo menos 13 brasileiros foram autorizados pelo governo venezuelano a retornar ao Brasil por Pacaraima, em Roraima, na fronteira entre os dois países, que está fechada desde a quinta feira, 21. Elas estavam retidas na cidade de Puerto Ordaz, a 800 quilômetros do Brasil. Elas fazem parte de um grupo de 100 brasileiros que está preso na Venezuela sem poder regressar ao Brasil.
O grupo é formado por 7 mulheres e 2 homens que passaram por cirurgias variadas recentemente, entre operações plástica, bariátricas, e de problemas na vesícula e de visão. Os outros brasileiros eram acompanhantes dos operados.
Fonte: Veja.com
Até então, estavam confirmadas as mortes de dois indígenas na sexta-feira (22), pela Guarda Nacional Bolivariana, a 70 quilômetros da fronteira com o Brasil, e de outras quatro pessoas no sábado (23), por milícias chavistas, em Santa Elena.
Segundo “O Globo”, com relatos de um enfermeiro venezuelano, até agora quatro mortos e 45 feridos a bala chegaram ao hospital de Santa Elena. A ONG Venezuela de Direitos Humanos Provea confirmou as quatro mortes em Santa Elena.
O prefeito relatou ainda que três mil militares e milicianos desembarcaram no sábado à tarde em Santa Elena, em oito comboios. Ele acredita que os números de mortos e feridos devem subir à medida em que a prefeitura consiga recolher os corpos, que, na maioria, estão localizados em regiões afastadas. Ao todo, 85 pessoas teriam ficado feridas.
Outro enfermeiro, Rack Ramsame, que trabalha no hospital Santa Elena, contou ao site que a unidade de saúde não tem medicamentos e conta apenas com uma ambulância. “Hoje eu fiz três viagens (para o Brasil) com feridos a bala.”
Oito pessoas, entre assessores e um grupo de escolta, caminharam por seis horas por trilhas abertas na selva para chegar ao Brasil. De acordo com o prefeito, a Guarda Nacional disparou contra a população civil, que protestava desarmada.
Uma mulher venezuelana disse ao “G1” que viu “muitas pessoas feridas e ouvíamos muitos barulhos de tiro”. Segundo ela, a cidade amanheceu deserta e destruída no domingo (24).
Fonte: G1