Dançando e tocando tambores nas ruas, médicos e enfermeiras protestaram em Madri, capital da Espanha, neste domingo (29) contra cortes que, segundo eles, os deixaram lutando para lidar com a pandemia de Covid-19.
Cantando “menos bandeiras e mais enfermeiras”, cerca de 4 mil manifestantes marcharam pela capital espanhola, a região mais atingida pelo coronavírus.
“Eles estão segregando (saúde). Nas empresas privadas de saúde é um negócio. Em público, todo mundo vem. Se você não tem dinheiro, não recebe ”, disse Lucia Tielvez, 65, auxiliar de saúde.
O conservador governo regional de Madri negou corte nos serviços de saúde.
Fotografias publicadas na mídia espanhola no domingo, mostrando cidades cheias de compradores de Natal, geraram temores de um aumento nas infecções.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, pediu aos espanhóis que evitem grandes reuniões familiares neste Natal para evitar um aumento nos casos de Covid-19.
O governo de esquerda da Espanha está considerando limitar as reuniões de Natal a seis pessoas.
A Espanha registrou 10.853 novos casos de Covid-19 à sua contagem na sexta-feira (27), de acordo com dados do ministério da saúde. Desde o começo da pandemia, 44.668 pessoas morreram no país. O total acumulado de casos passa de 1,6 milhão.
Imagine um conhecido político, líder de seu partido, em meio a um frenesi de jornalistas e sendo questionado por alguém que tem um forte sotaque.
Ele olha para a repórter, como se não tivesse entendido nada, e diz zombando dela: “Desculpe, não entendi uma palavra. Alguém pode me fazer uma pergunta em português adequado?” Chocante, certo?
Foi o que aconteceu na França, em uma cena registrada entre Jean-Luc Mélenchon e uma repórter da TV regional francesa. A ofensa cometida por ela? Ter um forte sotaque do sul do país.
Ai de qualquer pessoa com uma pitada do sul em sua voz que queria crescer em sua carreira na radiodifusão ou na política nacional, na academia e no serviço público.
Fale como um parisiense
Se quer se comunicar na França (e não apenas provocar risos), então, você se conforma com isso e fala como em Paris. Existem muitas aulas online para ensinar como.
Mas os tempos estão mudando e, pela primeira vez, uma medida está sendo tomada em prol dos 30 milhões de cidadãos franceses que falam com sotaque regional. Isso é quase metade da população do país, de 67 milhões.
Um projeto de lei foi aprovado na quinta-feira (26) na Assembleia Nacional, que é equivalente no Parlamento francês à Câmara dos Deputados do Congresso brasileiro, para tornar crime discriminar um indivíduo com base no sotaque.
“Eu também já corrigi ao longo do tempo meu sotaque, primeiro ao entrar na Sciences-Po (universidade), depois ao me tornar advogada. Então, conheço este assunto pessoalmente”, disse a parlamentar Laetitia Avi, que propôs a lei.
A criminalização da glotofobia, nome dado a este tipo de discriminação, que agora foi equiparado a outros tipos de discriminação já previstos em lei, como por raça, gênero ou deficiência física, teve 98 votos a favor e 3 contra.
A pena prevista é de três anos de prisão e multa de 45 mil euros (cerca de R$ 285 mil).
O projeto deverá ainda ser votado pelo Senado nas próximas semanas. Se aprovado, seguirá para promulgação.
Sotaque pode prejudicar a carreira
“Ter um sotaque regional na França significa automaticamente que você é tratado como um caipira, amável, mas fundamentalmente pouco sério”, disse o deputado Christophe Euzet, que é de Perpignan, na Catalunha francesa.
“É inimaginável na França que você possa ter alguém com sotaque sulista ou mesmo do norte, por sinal, como comentarista no Dia do Armistício ou falando sobre política do Oriente Médio”, disse Euzet. “É um problema pessoal para muitas pessoas que descobrem que precisam abrir mão de parte de sua identidade se quiserem progredir em suas carreiras.”
Isso também remete a uma questão política, argumentou Euzet. “O movimento dos coletes amarelos foi um exemplo clássico do que acontece quando milhões de pessoas olham para seus representantes em Paris e sentem que não têm nada em comum com eles.”
Mas espere um minuto. O primeiro-ministro da França, Jean Castex, não é famoso por ser o primeiro no cargo a falar com sotaque?
“Sim”, disse Euzet. “Mas quanto tempo Castex precisou para ser levado a sério como político?”
Como são os sotaques franceses
A França não se orgulha de sua diversidade de sotaques da mesma forma que alguns outros países.
Houve um esforço a partir da Revolução Francesa para suprimir os idiomas regionais, como o occitano e o bretão, e, depois, os sotaques derivados delas.
As escolas foram o primeiro instrumento usado para isso, depois, a mídia de massa.
A maior família de sotaques atual é a do sul, marcada, entre outras coisas, pela pronúncia do “e” no final das palavras –normalmente mudo–, e os famosos “pang” e “vang” no lugar de pain e vin (pão e vinho em francês) .
Outros sotaques regionais podem ser encontrados na Córsega, no leste da França, na Alsácia (influenciada pelo alemão), na Bretanha e no norte, influenciados pelo dialeto local ch’ti.
Em muitas áreas rurais da França, os sotaques estão preservados entre os idosos, mas são ouvidos com menos frequência entre os jovens.
Há também o sotaque banlieue, popular entre as pessoas de origem imigrante e caracterizado por consoantes duras e fala rápida.
Um mito é que o melhor francês é falado pelo povo da região de Tours, no vale do Loire. Sob o Antigo Regime, os membros da corte mantinham castelos ao longo do Loire e trouxeram com eles o vernáculo de Paris.
Um biólogo estudava um rebanho de ovelhas num sobrevoo em uma região remota do estado de Utah, nos Estados Unidos, quando avistou um misterioso monolito de metal.
A estrutura com cerca de 3,6 metros de altura estava fincada no solo – ainda não há qualquer indicativo de quem a levou até ali.
“Foi uma das coisas mais estranhas com as quais me deparei em todos esses anos como piloto”, disse Bret Hutchings, que pilotava o helicóptero naquele momento
Ele disse, em entrevista à rede local de televisão, que quando o biólogo avistou a estrutura do alto, soltou um: ‘Opa, opa, opa, deem a volta, deem a volta!’
“E eu respondi: ‘Que foi?’ Ao que ele disse: ‘Tem um negócio ali – nós temos que ir ver o que é!”, afirmou Hutchings durante a entrevista.
O piloto especula que o monolito possa ter sido instalado “por algum artista new wave” ou um fã do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), dirigido por Stanley Kubrick. A adaptação da obra de Arthur C. Clarke exibe grandes monolitos pretos inseridos por seres alienígenas.
O escritório de segurança aérea do Departamento de Segurança Pública de Utah divulgou imagens da estrutura de metal reluzente em um comunicado na última semana e afirmou que as autoridades estão investigando a origem do objeto.
“É ilegal a instalação de estruturas ou objetos de arte sem autorização em terras federais, não importa de que planeta você venha”, ressaltou, de forma bem humorada, o órgão.
A localização exata do monolito não foi informada para evitar que ele comece a atrair eventuais exploradores. As ovelhas que acabaram dando origem ao episódio vivem em diferentes partes do sul do estado.
Até agora, ninguém reivindicou autoria da “obra”.
Para tentar acelerar a busca, a polícia rodoviária de Utah compartilhou um post com a imagem do monolito no Instagram e a legenda: “Mentes curiosas querem saber – o que diabos é isso? Alguém?”
A maioria das respostas aposta na teoria que especula que o monolito possa ser uma instalação artística – alguns ressaltaram, inclusive, que ele se assemelha ao trabalho minimalista do artista John McCracken.
Não há país que escape da pandemia de coronavírus, assim como nenhum ficou à margem da explosão de agressões machistas que veio com a doença, um flagelo que se agravou em todo o mundo devido às restrições impostas pela covid-19.
Na próxima quarta-feira (25) se celebra o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres e o panorama em escala global é desolador.
Na Nigéria e na África do Sul, os estupros registraram forte alta, no Peru aumentaram os desaparecimentos de mulheres, enquanto no Brasil e México os feminicídios estão em alta.
Na Europa, as associações que ajudam as mulheres vítimas de violência estão sobrecarregadas.
De acordo com dados da ONU Mulheres divulgados no fim de setembro, o confinamento levou a aumentos das denúncias ou ligações para as autoridades por violência doméstica de 30% no Chipre, 33% em Singapura, 30% na França e 25% na Argentina.
Em todos os países, obrigados a decretar medidas de restrições aos deslocamentos para frear a propagação do vírus, muitas mulheres e crianças se viram presas em residências pouco seguras.
“A casa é o local mais perigoso para as mulheres”, recordaram em abril 30 associações marroquinas, que exigiram do governo uma “resposta urgente”.
O Senado do México aprovou, nesta quinta-feira (19), a legalização do uso da maconha no país para fins medicinais e recreativos, por 82 votos a favor, 18 contra e 7 abstenções.
A lei ainda será submetida à Câmara e depois precisa ser sancionada pelo presidente Andrés Manuel López Obrador – que defende a descriminalização como parte de sua estratégia para combater o crime organizado.
Se isso acontecer, o país pode se tornar o terceiro no mundo a liberar a substância para uso recreativo, após Uruguai e Canadá – o México, porém, seria o maior mercado mundial legalizado.
O Movimento para Regeneração Nacional (Morena), que compõe o governo, e seus aliados contam com a maioria nas duas Casas Legislativas, o que deve garantir a aprovação.
A iniciativa proposta pelo Morena inclui, entre outros pontos, a criação do Instituto Mexicano para a Regulação e Controle da Cannabis, um órgão descentralizado da Secretaria de Saúde do país.
A nova entidade poderá emitir cinco tipos de licenças para controlar algumas das atividades relacionadas com o cultivo, transformação, venda, pesquisa, exportação e importação da maconha.
De acordo com a agência Reuters, os legisladores estão correndo para garantir a aprovação antes do final da atual sessão do Congresso, em 15 de dezembro.
Azim Khamisa ficou devastado quando perdeu o filho de forma trágica, morto em uma tentativa de assalto por um jovem de apenas 14 anos, membro de uma gangue nos EUA.
Após a perda do filho, ele iniciou uma campanha educativa contra a violência armada, junto a um aliado improvável: Ples Felix, o avô do assassino.
Mais de 20 anos depois, os dois são hoje melhores amigos.
Em entrevista ao programa de rádio Outlook, do serviço mundial da BBC, Azim e Ples contam como a tragédia deu origem a essa amizade.
Aos 20 anos, Tarik Khamisa era aluno da Universidade Estadual de San Diego, na Califórnia, e trabalhava como entregador de pizza às sextas e sábados.
“Ele era uma grande alma, eu diria um espírito antigo em um corpo jovem. Abençoado com um grande senso de humor, era uma alegria estar perto dele. Ele tinha a habilidade de descontrair qualquer situação com uma piada”, recorda o pai.
Na noite de 21 de janeiro de 1995, ele saiu para entregar uma pizza em um bairro de classe média da cidade. Mas não podia imaginar que havia sido atraído para um endereço falso por uma gangue juvenil.
Tariq era estudante universitário e trabalhava como entregador de pizza — Foto: Tariq Khamisa Foundation/BBC
“Deram o endereço certo, mas o número do apartamento errado. Ele bateu em várias portas tentando descobrir quem tinha pedido a pizza, mas claro que ninguém tinha pedido”, conta Azim.
Quando voltou para o carro, Tarik foi abordado por um grupo de quatro jovens: três de 14 anos e um de 18. Era uma tentativa de assalto, mas ele se recusou a entregar as pizzas.
O mais velho, apontado como o líder da gangue, entregou então uma arma a um dos menores, no que seria parte de um ritual de iniciação, e pediu que atirasse.
“Quando meu filho estava tentando dar ré com o carro, o jovem de 14 anos puxou o gatilho. Foi uma única bala, que entrou pela janela do motorista e acertou meu filho.”
“Tariq morreu alguns minutos depois, afogado em seu próprio sangue por causa de uma mísera pizza, aos 20 anos”, diz o pai.
Infância conturbada
O menor de idade que matou Tariq foi identificado como Tony Hicks. Ele morava com o avô, Ples Felix, a quem considera até hoje como pai.
“(Tony) foi criado como filho de uma menina de 14 anos, minha filha. E sempre foi o tipo de criança que era levada de um lado para o outro, ora estava na casa da minha mãe, ora na casa da avó, e sempre tinha um monte de gente lá. Os primos da minha filha eram todos envolvidos com gangues”, conta Ples.
Quando o primo favorito de Tony foi brutalmente assassinado por uma gangue rival, a família decidiu que o menino, com sete anos na época, deveria sair de Los Angeles e ir morar com o avô em San Diego.
“Ele era um garoto traumatizado, precisando de toda ajuda e apoio que nunca havia tido. E eu realmente não estava em condições de dar toda a ajuda que ele precisava, mas com certeza eu tentei”, diz.
Más companhias
Apesar da dificuldade de se adaptar a San Diego, Tony se esforçava para ser um bom aluno na escola e corresponder às expectativas do avô. Mas, à medida que foi crescendo, as amizades começaram a ter uma influência cada vez mais forte sobre ele.
Até que, no dia do crime, Tony fugiu de casa.
“Tony era um caso clássico de juventude transviada por andar com pessoas que ele pensava que eram seus amigos.”
“(Os colegas) o levaram até um rapaz de 18 anos que ofereceu álcool e drogas a eles. E depois de consumirem álcool e drogas, esse rapaz convidou Tony e outros dois meninos de 14 anos para participarem de um assalto a um entregador de pizza”, revela.
Ples estava assistindo ao telejornal quando viu a notícia do assassinato.
“Um sentimento muito ruim tomou conta de mim naquele momento, porque era a primeira vez que Tony não estava na cama àquela hora da noite. E eu sabia que ele estava pelas ruas em algum lugar.”
Até então, Ples não tinha feito nenhuma conexão entre Tony e a morte de Tariq. Só ficou sabendo do envolvimento do neto quando recebeu um telefonema da polícia avisando que ele tinha sido preso como principal suspeito do crime.
Azim Khamisa também recebeu a notícia da morte do filho pelo telefone.
“Perdi a força em ambas as pernas, desabei no chão, todo encolhido, bati a cabeça na geladeira. Não tenho palavras para descrever o quão insuportavelmente dolorosa essa experiência foi para mim.”
“Foi literalmente como uma bomba nuclear que detonou dentro do meu coração”, descreve Azim.
De quem é a culpa?
Em um discurso emocionado, Tony confessou no tribunal ter matado Tariq. E pediu perdão à família Khamisa. Após se declarar culpado, foi condenado a 25 anos de prisão.
“Essa audiência aconteceu dois anos e meio depois (do crime). Obviamente é fácil ver que meu filho foi vítima de um jovem de 14 anos. Mas eu também vi que o jovem de 14 anos foi vítima da sociedade”, afirma Azim.
“Quer dizer, quem é o inimigo aqui? É o jovem 14 anos ou é a sociedade que força muitos jovens, especialmente jovens com um histórico como o de Tony, que foram negligenciados, a escolher uma vida de gangues, drogas, álcool e armas?”
Com isso em mente, nove meses após a morte do filho, Azim fundou a Tariq Khamisa Foundation, uma organização educacional com a missão de “impedir que crianças matem crianças, quebrando o ciclo da violência juvenil”.
“Decidi honrar a memória do meu filho. Minha família e eu lidamos com essa tragédia muito negativa em nossas vidas de uma forma positiva”, diz ele.
“A Tariq Khamisa Foundation ensina essencialmente os princípios da não violência, responsabilidade, empatia, compaixão e perdão. E o mais importante, a construção da paz”, explica Azim.
O início da amizade
Mas como nasceu a amizade entre Ples e Azim?
“Meu foco na meditação e oração sempre foi conseguir uma chance de me encontrar com a família de Tariq. E soube pelo advogado de Tony que Azim gostaria de se encontrar comigo”, relembra Ples.
“Eu queria manifestar meu apoio, expressar minhas condolências, e foi realmente algo especial.”
Durante o encontro, Azim contou sobre a fundação que tinha criado. E convidou Ples para participar de uma reunião em sua casa, junto com sua família, para discutir a iniciativa.
A recepção foi mais calorosa do que ele podia imaginar dadas as circunstâncias. E foi só o começo.
Ples se tornou membro do conselho da Tariq Khamisa Foundation. E hoje os dois dão palestras para jovens sobre formas de acabar com a violência armada.
“Quando vamos às escolas, somos apresentados como ‘o neto deste homem matou o filho deste homem, e eles estão aqui no espírito de compaixão, perdão e fraternidade’. E isso é algo que as crianças normalmente não vivenciam, porque o que elas basicamente veem em nossa cultura é que a violência gera mais violência”, diz Azim.
Cara a cara com o assassino do filho
Já o encontro de Azim com Tony só viria a acontecer alguns anos depois.
“Eu só conheci o Tony cinco anos depois da morte de Tarik, pois não sabia como reagiria. Mas sabia que, para completar minha jornada de perdão, em algum momento teria que ficar cara a cara com ele”, conta Azim.
Os dois conversaram por uma hora e meia.
“Olhei nos olhos dele tentando encontrar um assassino, mas não consegui (encontrar). Não esperava isso.”
A Justiça americana concedeu liberdade condicional a Tony em novembro de 2018, quase 24 anos após o crime. Ele foi solto em abril de 2019.
Parceria além do trabalho
O fato é que a amizade de Azim e Ples vai muito além do trabalho.
“Ples e eu somos solteiros e saímos para jantar com frequência, ambos gostamos de comida apimentada. Por isso, sempre pedimos tabasco para acompanhar nossos pratos”, diz Azim.
Ples complementa: “Azim me ajudou a perceber o equilíbrio dos sabores, o valor de um vinho para complementar uma refeição. Agora tenho um apreço notável por vinho.”
Segundo Azim, a cumplicidade entre os dois é evidente. “Quando estamos juntos numa palestra, em que somos apresentados como ‘o neto deste homem matou o filho deste aqui’, mesmo se não dissermos uma palavra, é possível sentir o amor, o respeito e a confiança que temos um no outro.”
Uma pesquisa publicada na quinta-feira (11) na revista científica “Nature”, uma das mais importantes do mundo, aponta que os furacões do Atlântico Norte estão levando mais tempo para perder força com o aquecimento global – ou seja, eles estão durando mais tempo.
O estudo também aponta que, à medida que o planeta esquenta, a destruição trazida pelos furacões deve avançar, de forma progressiva, para o interior do continente.
As conclusões são de dois cientistas da Universidade de Pós-Graduação do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, no Japão.
Veja os principais pontos do estudo:
- Os cientistas analisaram a intensidade de furacões no Atlântico Norte que tocaram o solo no período de 1967 a 2018. Eles descobriram que, enquanto nos anos 60 um furacão típico perdia cerca de 75% da sua intensidade um dia após tocar o solo, hoje essa perda é de apenas 50%.
- Isso está ocorrendo porque os furacões são alimentados pela umidade marinha. Usando simulações de computador, os pesquisadores mostraram que, com o aumento da temperatura dos oceanos, aumenta a umidade que o furacão carrega ao tocar o solo.
- Os achados apontam que, à medida que o planeta for aquecendo, o poder destrutivo dos furacões vai se estender, de forma progressiva, mais para dentro do continente.
“Pontuamos que nossas descobertas têm implicações diretas para os danos infligidos por furacões em um mundo em aquecimento”, dizem os pesquisadores no estudo.
Prejuízo econômico
Homem carrega televisão enquanto atravessa rua inundada, nesta quinta-feira (12), depois que o Tufão Vamco atingiu a cidade de Marikina City, nas Filipinas. — Foto: Ted Aljibe/AFP
Os cientistas lembram que, mesmo que a intensidade do furacão ao tocar o solo permaneça a mesma, a perda mais lenta de intensidade significa que regiões mais para o interior do continente enfrentam ventos cada vez mais intensos, acompanhados por fortes chuvas. Consequentemente, dizem, o custo econômico incorrido continua crescendo.
Eles também pontuam que, por mais de um século, a frequência e a intensidade dos furacões ficaram praticamente inalteradas, mas as perdas econômicas causadas por eles vêm aumentando de forma contínua.
Donald Trump permanecerá no cargo até 20 de janeiro de 2021, quando deverá passar a Presidência para seu sucessor, Joe Biden, e entra para o exclusivo clube de ex-presidentes americanos. O que acontecerá dali em diante com o político e megaempresário?
Há sempre o lucrativo circuito de palestras, a chance de escrever um livro de memórias ou de planejar uma biblioteca presidencial.
Trump não reconhece derrota e gera mal-estar no partido republicano
Jimmy Carter se envolveu em causas humanitárias; George W. Bush passou a pintar. Mas Trump nunca foi um político tradicional.
“Donald Trump quebrou diversas normas como presidente”, afirma Tim Calkins, professor de marketing da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos.
Donald Trump mantém decisão de contestar resultado na Justiça
“Não há razão para pensar que Donald Trump agirá como qualquer outro ex-presidente que tenhamos visto.”
Eis aqui algumas possibilidades.
Ele pode concorrer de novo
A derrota para Biden em 2020 pode não ser o fim da linha para as ambições políticas de Trump — ele pode dar uma de Groover Cleveland e concorrer a um segundo mandato presidencial.
Cleveland é o único presidente a deixar a Casa Branca e retornar quatro anos depois; ele assumiu o cargo em 1885 e novamente em 1893.
A Constituição americana diz que “nenhuma pessoa será eleita para o cargo de presidente mais de duas vezes”, mas não há nada sobre os mandatos precisarem ser consecutivos.
Veja vídeos das eleições nos EUA
Ex-assessores indicam que Trump pode tentar fazer exatamente isso.
“Eu certamente o colocaria na lista de candidatos que provavelmente concorrerão em 2024”, disse recentemente o ex-chefe de gabinete, Mick Mulvaney.
Trump adora comícios de campanha e recebeu 71,5 milhões de votos na eleição, um montante recorde para um candidato derrotado que demonstra claramente que ele tem uma base significativa de apoio na sociedade americana.
“Ele deixará a Presidência com uma marca, em alguns aspectos, tão poderosa quanto era quando assumiu a Presidência”, diz Calkins.
Há também especulações de que o filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr., está interessado em concorrer ao cargo de presidente, e o pai não fez nenhum movimento para conter as conjecturas. O mesmo se fala sobre a filha Ivanka.
Resgatar seu império empresarial
Antes de ser político, Trump era um magnata do mercado imobiliário, um astro de reality shows e embaixador de sua própria marca, usando seu nome para lucrativos contratos de licenciamento.
Ele pode estar ansioso para retomar no ponto em que parou há quatro anos e voltar ao mundo dos negócios.
Em reportagem, o jornal americano “The New York Times” afirmou que Trump tem mais de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões) em empréstimos com vencimento nos próximos anos — embora ele tenha dito que isso representa “uma pequena parcela” de seu patrimônio líquido.
A Organização Trump possui vários hotéis e campos de golfe.
Há propriedades da marca Trump em Mumbai, Istambul e nas Filipinas — e, claro, Washington, DC — e campos de golfe nos EUA, no Reino Unido, em Dubai e na Indonésia.
Mas se esse for o caminho que o presidente escolher em janeiro, ele terá muito trabalho pela frente.
Muitos de seus empreendimentos estão na indústria de viagens e lazer, que foi gravemente afetada pela pandemia do coronavírus.
Segundo a revista americana Forbes, sua fortuna pode ter sofrido um abalo de até US$ 1 bilhão devido às restrições com a covid-19.
Com base em duas décadas de declarações fiscais, o “New York Times” também relatou “perdas crônicas e anos de evasão fiscal”, dizendo que não ele pagou imposto de renda algum em 10 dos últimos 15 anos, “principalmente porque relatou ter perdido muito mais dinheiro do que ganhou”.
Tanto a Organização Trump quanto o presidente classificaram a reportagem como imprecisa.
Para Calkins, da Universidade Northwestern, o presidente provou repetidamente que tem uma capacidade incrível de manter sua marca “em voga” e ela permanece forte — mas não inalterada — pela Presidência.
“Ele se tornou muito mais polarizador e bastante diferente do que era, o que de certa forma torna menos atraente como marca comercial”, diz Calkins.
“Agora, se você vai se casar em um hotel Trump, isso é realmente uma declaração (política), e não era o caso antes da Presidência.”