Com a saída definitiva de Jair Bolsonaro do PSL, deputados que enfrentaram o presidente na disputa interna da sigla pretendem assumir uma postura mais independente no Congresso. O movimento pode afetar a fidelidade da legenda ao governo.
Políticos que decidiram permanecer no PSL em vez de seguir o presidente na fundação de um novo partido continuam alinhados a uma pauta liberal na economia e conservadora nos costumes. Eles se dizem, porém, menos dispostos a encarar situações de desgaste para defender o governo.
Na prática, ainda devem votar a favor de propostas encampadas pelo Palácio do Planalto —em especial pontos das agendas dos ministros Paulo Guedes (Economia) e Sergio Moro (Justiça), informa reportagem da Folha.
O que tende a mudar é a adesão dessa ala à votação de tópicos considerados impopulares, além do entusiasmo em assumir a dianteira na defesa do presidente e de ministros.
Na avaliação de alguns dos principais deputados desse campo, o apoio às pautas do governo no Congresso será definido caso a caso.
Hoje, o PSL está rachado ao meio. Dos 53 deputados da bancada na Câmara, cerca de 25 indicam estar dispostos a migrar para a Aliança pelo Brasil, legenda que Bolsonaro pretende tirar do papel.
A ala que ficará no PSL diz que, com atuação mais livre, não se sentirá obrigada a atuar como tropa de choque. Esse nome é dado ao grupo fiel (geralmente liderado pelo partido do presidente) que assume a linha de frente na defesa de itens espinhosos.
Julian Lemos (PB), que era um dos principais aliados de Bolsonaro no Nordeste, diz que questões regionais terão mais peso que orientações do governo.
Ele diz acreditar que alguns parlamentares podem votar contra a proposta de extinção de municípios incluída pelo Ministério da Economia no pacote de reforma do Estado. “O deputado terá essa sensibilidade, porque ele é votado em todo o estado”, afirma.