Não é raro ouvir o uso da palavra “politicagem” pelo prefeito interino Marcus Diogo, em suas falas, ao rebater seus adversários políticos e críticas dirigidas a ele. Em um dos seus programas de rádio “Conversa com o prefeito”, para citar um exemplo, Marcus pronunciou pelo menos três vezes o termo politicagem, como estratégia de defesa e ataque.
Transcrevemos um trecho abaixo:
1. Agora, quero dizer a população de Guarabira também, transformar essa questão do coronavírus, que é uma questão de saúde, em politicagem, que é o que estão tentando fazer… querem transformar a questão da pandemia, que é sério, em politicagem. […]
2. […] além de não puder, eu ainda tenho que tá dando satisfação a meia dúzia de pessoas, que não fizeram nada, não fazem, não irão fazer, mas ficam se aproveitando de uma situação crítica, de uma situação difícil pra fazer politicagem.
Fala do prefeito interino Marcus Diogo durante o programa Conversa com o Prefeito em 30/04
Em outro momento, em entrevista, volta a citar mais de uma vez o termo politicagem, associando a “meia dúzia de pessoas”, a qual, segundo o prefeito, tem prejudicado o combate ao coronavírus.
Mas o que seria politicagem? Em linhas gerais, politicagem é uma prática em que interesses pessoais se sobressaem ao interesse social, se valendo de artifícios que beneficiem a si mesmo ou a um grupo de pessoas interligadas.
É muito comum o termo politicagem ser lembrado para rebater críticas de oposicionistas ao governo, como é o caso do prefeito interino. Não se deve confundir que, mesmo na política, debate público com politicagem. Numa democracia, o debate é imprescindível, pois possibilita o encontro de muitas vozes, com diferentes ideias.
Na conjuntura atual, muitas opiniões passam a divergir, sobretudo quando se trata de uma crítica. É verdade que muitos políticos de Guarabira utilizam o momento de enfrentamento ao coronavírus para se projetar diante da população, no entanto, em razão disso, não se pode condenar o debate público, fundamental em qualquer democracia.
É de praxe governos autoritários não ser adeptos a críticas, por isso se vale de ataques para minar o outro discurso. Um exemplo disso foi o destemperamento de Marcus Diogo com o professor da UEPB Agassiz de Almeida.
Marcus Diogo, ao entrar em atrito com os oposicionistas do governo, escorrega no próprio discurso. Ao dizer que os outros faz politicagem, ele mesmo acaba praticando politicagem, ao assumir uma postura de prefeito herói, que trabalha “diuturnamente”, como costuma dizer para enfrentar o coronavírus. Ora, os governantes em geral, de todo o Brasil, a exceção de Bolsonaro, tem se empenhado no combate ao vírus.
Mas outros exemplos saltam os olhos, quando Marcus Diogo utiliza as redes sociais da prefeitura municipal para se promover. Basta olhar as publicações em que o prefeito interino aparece entregando máscaras, recebendo cestas básicas, frequentando o comércio de Guarabira quando o mesmo se encontrava aberto, numa demonstração flagrante de publicidade extrema.
Muitas vezes é criticado aquela pessoa que, ao fazer um bem, utiliza as redes sociais para mostrar sua caridade, exibir para as pessoas suas vidas de modo as outras as vejam como carismática, interessante, com grande influência diante da sociedade. Na política, isso se chama politicagem, embora não sempre.