A informação não devia causar comoção, em se tratando de Tribunal de Contas do Estado. Mas, a verdade é que a Corte, de forma surpreendente, decidiu colaborar com o Ministério da Justiça, nas investigações do escândalo da Cruz Vermelha gaúcha. Como se sabe, a organização criminosa, desbaratada pela Operação Calvário, movimentou mais de R$ 1,7 bilhão, nos últimos oito anos.
Documento liberado, na semana passada, pelo TCE revela como, entre abril e maio, o ministro Sérgio Moro passou a receber relatórios, contendo o rastreamento do escândalo. Nessas informações, há detalhes da movimentação dos recursos públicos, como o pagamento de R$ 1,1 bilhão pelo governo Ricardo Coutinho para a Cruz Vermelha gaúcha, em sete anos e meio de gestão.
No organograma dos crimes consta como o dinheiro entrava nos cofres da Cruz Vermelha, onde era administrado pela organização criminosa, que contratava outras empresas com valores superfaturados, sempre de aliados da orcrim. Nas investigações, ficou comprovado, que esse dinheiro desviado virava propina que alimentava os bolsos de agentes públicos.
O ministro Moro ainda não se manifestou sobre o assunto, mas, pelos comentários de bastidores, teria enviado, há três meses, uma força tarefa integrada por agentes federais para conduzir uma parte das investigações na Paraíba. E, até onde pode apurar, o grosso das investigações já teria ocorrido.
Até onde se pode apurar, há um pânico entre alguns dos envolvidos no escândalo, diante das investigações federais, atuando em paralelo à Operação Calvário, e que pode abreviar, inclusive, a punição dos responsáveis pelo maior escândalo de corrupção na Paraíba, e um dos maiores do Brasil.