Por Percinaldo Toscano
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Foi num domingo de sol quente e céu azul, de poucas nuvens, que se realizava na cidade de Alagoinha PB, próxima a Guarabira, a partida final do campeonato de futebol local, que dois jovens estudantes e amigos guarabirenses partiram para realizar nobre exercício desportivo, ou seja, apitar uma partida decisiva entre duas equipes rivais daquele município: Alagoinha E.C. e Palmeiras de Seu Tota, sendo a primeira a preferida pelo olhar da força política local.
Com o Campo da Fazenda (EMEPA – Alagoinha) repleto de torcedores e curiosos, charangas e foguetões, onde tudo parecia bem, surge o primeiro problema: antes mesmo do apito inicial da partida, quando o arbitro central, Abraão Neri da Silva (in-memórian), recebe a informação que faltara um dos bandeirinhas e que sem bandeirinhas o jogo não poderia iniciar. Sem pestanejar e sem comprometer o cachê antecipadamente recebido, demasiadamente confiante chama o amigo Homero Beserra para assumir o posto de bandeirinha. O olhar de HB não poderia ser outro, se não, de espantado.
– Vai lá, HB! Segura a bandeira e fica atento. É só levantar quando a bola sair de campo. O resto deixa comigo.
Mal a bola rolou no gramado esburacado e seco, HB tomado pelo censo de justiça que lhe é peculiar, começou a levantar a bandeira por tudo: fosse lateral, tiro de meta, escanteio, falta e o escambau. Cada passo dos jogadores era seguido de um levantar da bandeirinha, se sentindo o maioral das quatro linhas.
Por sua vez, a torcida já estava cabreira com HB diante de tantas bandeiradas. Entre gritos e insultos, alguém com timbre vocal muito forte, brada:
– Esse bandeirinha não sabe de nada, está roubando nosso time.
Foi o suficiente para acender o estopim, Bastou HB anular um gol de forma esquisita que – em uma só voz – o público decreta: pega o bandeirinha que ele está roubando nosso time, insistiu.
Homero não pensou duas vezes depois de decretada a sentença, jogou a bandeira para o alto, nem se despediu do amigo árbitro e parte em velocidade, pula a cerca do campo, mergulha mato adentro rumo à estrada Alagoinha/Guarabira. As pernas batiam nas nádegas.
Passado alguns anos – em Alagoinha – dizem que até hoje, quando algum bandeirinha comete erro grosseiro contra o time local, a torcida logo se manifesta: tá igual a Homero Beserra, vai já correr estrada afora.
Guarabira, 08 de setembro de 2025.


