A Operação Penalidade Máxima II foi deflagrada na última terça-feira pelo Ministério Público de Goías com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).
Em formato de FAQs (acrônimo da expressão inglesa “Frequently Asked Questions”, que em tradução livre pode significar “Respostas para Perguntas Frequentes”), o ge responde algumas questões sobre a investigação.
O que é a operação Penalidade Máxima?
A operação está em sua segunda fase. A primeira teve início no ano passado e tem como foco investigar possíveis suspeitas de manipulação de resultados em jogos do futebol brasileiro.
Por que a operação está concentrada em Goiás?
A operação Penalidade Máxima teve início ainda em 2022, depois que o volante Romário, do Vila Nova-GO, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, em partida válida pela Série B do Campeonato Brasileiro. Ele recebeu um sinal de R$ 10 mil, e só teria os demais R$ 140 mil após a partida. Como não foi relacionado, tentou cooptar colegas de time – sem sucesso.
Martin Fernandez detalha operação “Penalidade Máxima”, que investiga manipulação de resultados na Série A
A partir disso, outros jogos acabaram entrando na investigação como possíveis alvos de manipulação de resultados.
Quais jogos estão sendo investigados?
Neste momento, segundo o Ministério Público de Goiás, são 11 partidas investigadas por suspeita de algum tipo de manipulação. São seis jogos da Série A do Brasileirão de 2022, além de outros válidos por estaduais espalhados pelo Brasil nesta temporada.
- Santos x Avaí (um atletas do Santos foi assediado para tomar um cartão amarelo);]
- Bragantino x América-MG (um atleta do Bragantino foi assediado para tomar um cartão amarelo);
- Goias x Juventude (dois atletas do Juventude foram assediados para tomar cartões amarelos);
- Cuiabá x Palmeiras (um jogador do Cuiabá foi assediado para tomar cartão amarelo);
- Santos x Botafogo (um jogador do Santos foi assediado para tomar cartão vermelho);
- Palmeiras x Juventude (um jogador do Juventude foi assediado para tomar cartão amarelo).
- Goiás x Goiânia (derrota do Goiânia no primeiro tempo);
- Caxias x São Luiz-RS (jogador do São Luiz cometer pênalti);
- Esportivo-RS x Novo Hamburgo (para o jogador receber cartão amarelo);
- Luverdense x Operário (manipulação no número de escanteios);
- Guarani x Portuguesa (atleta receber cartão amarelo).
Quem são os envolvidos?
Nove jogadores estão sendo investigados. Quatro deles foram identificados pela reportagem do GE. São eles:
- Victor Ramos, zagueiro da Chapecoense;
- Igor Cariús, lateral do Sport;
- Gabriel Tota, meia do Ypiranga-RS;
- Kevin Lomónaco, zagueiro do Bragantino;
- Moraes, lateral do Atlético-GO.
Ao todo, foram 20 mandados de busca e apreensão, além de outras três prisões. A primeira fase da operação denunciou 14 pessoas, com o número podendo aumentar com o desenrolar da fase atual de investigações.
Como funcionava o esquema?
Aliciadores entravam em contato com os jogadores oferecendo dinheiro para que eles fizessem determinadas ações nas partidas. Isso envolve cartões amarelos e vermelhos, escanteios e até mesmo o placar parcial.
Quem foi preso?
Três suspeitos foram presos em São Paulo. Um deles é Bruno Lopes de Moura, apostador que havia sido detido na primeira fase da operação.
Foram apreendidos com eles armas de fogo, munições e até granadas de uso exclusivo das Forças Armadas.
Algum jogador foi preso?
Não. Segundo o Mistério Público de Goiás, entre as três prisões efetuadas em São Paulo, nenhuma envolve jogador de futebol.
Qual o papel de árbitros, clubes e dirigentes no esquema?
Segundo os promotores do MP de Goiás, nenhum. O esquema envolveria apenas aliciadores, apostadores e atletas. Árbitros, clubes e dirigentes em nenhum momento foram citados como participantes do esquema. Ao contrário, um dirigente (presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo) ajudou a investigar o caso.
Outros jogos podem ter sido manipulados?
Sim, segundo o Ministério Público de Goiás. A investigação continua.
Qual valor estava em jogo?
Segundo o Ministério Público de Goiás, os ganhos dos apostadores giravam entre R$ 70 mil e R$ 100 mil, variando de acordo com o tipo de aposta e também com os gastos com o aliciamento de jogadores.
No jogo entre Goiás e Goiânia, válido pelo Goianão deste ano, por exemplo, uma casa de apostas identificou e bloqueou apostadores que investiram R$ 500 vislumbrando retorno de R$ 46 mil.
Onde estão os suspeitos?
A operação concentrou mandados de busca e apreensão em 16 cidades de seis estados, com três prisões e oito jogadores de futebol sendo alvos das investigações.
- Goiás: um atleta investigado;
- Rio Grande do Sul: três investigados (dois atletas);
- Santa Catarina: dois atletas investigados;
- Rio de Janeiro: um investigado (não atleta);
- Pernambuco: dois atletas investigados;
- São Paulo: dez mandados de busca (dois para atletas) e três prisões.
Por quais crimes os envolvidos podem responder?
Associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção em âmbito esportivo.
Os clubes podem ser penalizados?
Não. O Ministério Público isentou os clubes de qualquer participação no esquema.
As casas de apostas possuem envolvimento?
Não. Segundo o Ministério Público, as próprias empresas possuem mecanismos de segurança para identificar possíveis fraudadores e apostas suspeitas.
Qual será o impacto do caso no mercado de apostas esportivas?
Segundo o ge apurou, o Governo Federal considera que o caso é uma prova definitiva que este mercado precisa de regulamentação. As apostas esportivas são legais no Brasil desde 2018, mas não estão regulamentadas – por isso as empresas operam fora do país, não recolhem imposto e não se sujeitam à legislação brasileira. O governo quer que elas paguem uma licença de R$ 30 milhões para operar, além de 15% do lucro em impostos e cumpram outras obrigações, como por exemplo informar as autoridades em caso de apostas suspeitas em jogos específicos.O que
acontece agora?
Segundo o promotor Fernando Cesconetto, o foco do Ministério Público agora está na reunião e análise do material apreendido e no interrogatório dos suspeitos. Não há prazo determinado para a conclusão das investigações.
Com GE