As forças russas voltaram a bombardear as regiões de Kiev e de Chernihiv, no norte da Ucrânia. Ao mesmo tempo, estão a reforçar a mobilização de meios para o sul onde está em curso uma contra ofensiva ucraniana para reconquistar território ocupado.
As forças armadas ucranianas confirmaram na manhã desta quinta-feira que o exército atacou a região de Kiev e Chernihiv pela primeira vez em várias semanas. Este ataque, segundo as entidades ucranianas atingiu um edifício que foi destruído, e outros dois que apenas foram atingidos.
Esta quinta-feira é o dia do Estado ucraniano, e o Presidente aproveitou a data para reforçar a promessa de resistência.
“Lutaremos pelo nosso estado até ao fim, até ao último tiro, até ao último soldado – só que não o nosso, mas os inimigos”. Iremos viver para lutar e lutar para viver. Não desistiremos até expulsarmos o último ocupante da nossa casa”.
As forças ucranianas centram-se agora na região sul onde tentam recuperar algumas zonas tais como Kherson, cidade onde já atacaram uma ponte que era utilizada como via de abastecimento para o exército russo.
Segundo o Governo ucraniano as tropas russas estão também a investir mais esforços no sul da Ucrânia, em contrário à estratégia adotada no início do conflito, onde a zona leste era o principal foco do Kremlin.
O Ministério da Economia confirmou hoje (25) que o Reino Unido decidiu não mais aplicar medidas tributárias protetivas sobre a importação de chapas de aço e de produtos de aço laminados a frio.
Segundo a pasta, a decisão britânica foi anunciada na sexta-feira (23), apenas quatro dias após a Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos (ITC) decidir revogar as tarifas de defesa comercial (antidumping) que há mais de 5 anos vinham sendo cobradas dos produtos de aço laminados a frio provenientes do Brasil.
Eliminadas as salvaguardas, o aço brasileiro se torna comercialmente mais competitivo. O Reino Unido e os Estados Unidos são dois dos principais mercados para os produtos siderúrgicos brasileiros. Dos cerca de US$ 7,3 bilhões que o Brasil exportou ao mundo em 2019, mais de US$ 3,4 bilhões foram destinados ao Reino Unido e aos Estados Unidos.
De acordo com o Ministério da Economia, as autoridades britânicas foram convencidas pelo argumento de que o volume da exportação brasileira se enquadrava nos parâmetros de isenção tributária autorizada por acordos assinados no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Há cerca de um ano, toda chapa de aço e produto de aço laminados a frio que as siderúrgicas brasileiras vendiam ao Reino Unido acima do volume máximo periodicamente revisto pelas autoridades britânicas estavam sujeitos a uma sobretaxa de 25%.
Já os Estados Unidos deixarão de cobrar taxas adicionais que podiam chegar a 46% (35% de direito antidumping e 11% de medida compensatória) dos produtos de aço laminados a frio comprados do Brasil. Segundo o Ministério da Economia, a decisão norte-americana se aplica exclusivamente aos produtos brasileiros, tendo sido mantidas as medidas protetivas aplicadas a outros países.
Revisão
No mesmo dia em que revisou as condições para a importação de produtos siderúrgicos do Brasil, a Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos reavaliou as medidas protetivas aplicadas aos produtos da China, Índia, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido.
Em nota, a comissão norte-americana explicou que a ação se enquadra no processo de revisão que normas de comércio internacional estabelecem que deve ocorrer a cada 5 anos. Por essas normas, nesse prazo, os Estados Unidos devem revogar eventuais medidas de proteção ou compensatórias caso não consiga determinar que fazê-lo provavelmente levará à continuação ou reincidência das condições que os motivaram as mesmas medidas.
Edição: Fernando Fraga
Francis Fukuyama foi alçado à fama em 1989 ao publicar o artigo “O fim da história?”, em que argumentava que a democracia liberal e o capitalismo de livre mercado são o ponto final da evolução sociocultural da sociedade. Três anos depois, o cientista político, filósofo e economista nipo-americano publicaria “O fim da história e o último homem”, expandindo essas ideias.
No fim de junho, autoridades da Rússia proibiram Fukuyama de entrar no país. A DW conversou com ele poucos dias depois de seu ingresso no conselho consultivo da organização Anti-Corruption Foundation International, criada pelo dissidente russo Alexei Navalny, que está preso.
Na entrevista, Fukuyama disse ser uma honra estar na lista de críticos de Moscou, um regime que, segundo ele, hoje mais se parece com a Alemanha nazista.
“Sua única ideologia é uma espécie de nacionalismo extremo, mas ainda menos desenvolvido que o dos nazistas. É também um regime muito mal institucionalizado. Realmente gira em torno de um homem, Vladimir Putin, que controla de fato todas as grandes alavancas do poder.”
O cientista político de 69 anos também elaborou sobre um eventual retorno de Donald Trump à Presidência americana em 2024, que “resolveria todos os problemas da Rússia“.
“Ele aparentemente está comprometido em retirar os Estados Unidos da Otan. A Rússia terá alcançado seus principais objetivos simplesmente por essa mudança na política americana”, alerta.
DW: Como o senhor se sente por estar na lista de proibidos de entrar na Rússia?
Francis Fukuyama: Considero uma honra estar na lista. Todos os críticos estrangeiros importantes da Rússia e da invasão russa da Ucrânia foram incluídos nessa lista, e na verdade eu estava me perguntando por que eles demoraram tanto para chegar até mim.
Por que se juntou ao conselho da Anti-Corruption Foundation?
Sou um grande admirador de Alexei Navalny, conheci-o em Varsóvia em 2019. Corrupção é um problema muito grande na Rússia e em todo o mundo, e estou muito feliz em apoiar a fundação dele de todas as maneiras possíveis.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse recentemente: “Nós apenas começamos”, referindo-se à guerra na Ucrânia. Ele está blefando?
Acho que ele está mentindo, assim como sobre muitas coisas. Analistas militares do Ocidente que têm observado o dispositivo de forças russo notaram que, no momento, a Rússia está passando por uma escassez de contingente muito grave.
Eles perderam talvez um terço de todas as forças originalmente reunidas para derrotar a Ucrânia. As estimativas de baixas russas são incertas, mas foram possivelmente 20 mil mortos e talvez 60 mil feridos, além dos prisioneiros. E para um país do tamanho da Rússia, isso é realmente um desastre militar.
Então acho que, levando em conta que os russos tiveram ganhos muito marginais nos dois meses desde que começaram a se concentrar no Donbass, não acho que eles tenham muito de reserva, e Putin está blefando quando diz que estão apenas começando.
Qual poderia ser uma estratégia bem-sucedida para a Ucrânia?
A estratégia mais realista neste momento é focar no sul, para reabrir o acesso da Ucrânia ao Mar Negro, retomando Kherson e outros portos no Mar de Azov. Isso é mais importante do que o Donbass [região do sul da Ucrânia em parte no poder de separatistas pró-russos]. Acredito que retomar o Donbass será bastante difícil nos próximos meses.
Mas até o final do verão [junho a setembro na Europa], seria possível ver algum progresso real no sul. É muito, muito importante para a Ucrânia recuperar esse acesso, para que possa retomar as exportações de todos os seu produtos agrícolas a partir de seus portos do Mar Negro e quebrar o bloqueio russo de Odessa.
Como a situação poderia mudar se Donald Trump fosse reeleito presidente dos Estados Unidos?
Se Donald Trump voltar em 2024, isso resolve todos os problemas da Rússia, porque ele aparentemente está comprometido em retirar os EUA da Otan. A Rússia terá alcançado seus principais objetivos simplesmente por essa mudança na política americana.
E é por isso que acho muito importante a Ucrânia fazer algum progresso e recuperar o impulso militar durante o verão, porque a unidade no Ocidente realmente depende de se acreditar que há uma solução militar para o problema no curto prazo.
Caso se sinta que estamos simplesmente enfrentando um impasse prolongado que vai durar para sempre, então acho que a unidade começará a se romper, e haverá mais pedidos de que a Ucrânia ceda território para acabar com a guerra.
O presidente de Itália, Sergio Mattarella, disse nesta quinta-feira (21) que dissolveu o Parlamento depois que a coalizão do primeiro-ministro Mario Draghi desmoronou.
Mattarella disse que decidiu sobre eleições antecipadas porque a falta de apoio a Draghi também indicou que não havia “nenhuma possibilidade” de formar outro governo que pudesse levar a maioria dos legisladores.
Não foi marcada oficialmente uma data para uma nova eleição, mas, segundo o canal italiano RAI, ela será no dia 25 de setembro. O presidente italiano disse que ela deve ser realizada dentro de 70 dias segundo a Constituição da Itália, sendo que essa data seria quando esse prazo expira.
Draghi apresentou renúncia ao cargo de primeiro-ministro nesta quinta-feira, depois que seu governo de coalizão de unidade nacional entrou em colapso. É a segunda vez que Draghi apresentou renúncia ao cargo.
Draghi “reiterou sua renúncia e a do Executivo que chefia”, disse a presidência em um breve comunicado, especificando que “foi informada” da decisão e que ele permanecerá no cargo por enquanto para “dirigir os assuntos atuais”.
Muito aplaudido na Câmara dos Deputados, Draghi solicitou de imediato a suspensão da sessão para se deslocar ao palácio presidencial do Quirinal, onde chegou pouco depois das 09h15 locais (04h15 em Brasília) para comunicar a sua “decisão” ao presidente Sergio Mattarella.
Uma conclusão esperada depois que o Forza Italia, o partido de direita de Silvio Berlusconi, a Liga, o partido de extrema-direita de Matteo Salvini e o partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5E) se recusaram a participar de um voto de confiança solicitado na quarta-feira (20) pelo primeiro-ministro no Senado.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse, nesta segunda-feira (18), que entregou uma carta a Joe Biden na qual defende o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que deve ser extraditado do Reino Unido aos Estados Unidos, onde ele deve ser processado por espionagem.
“Deixei uma carta ao presidente Biden sobre Assange lhe explicando que Assange não cometeu nenhum crime grave. Ele não causou a morte de ninguém, não violou nenhum direito humano e exerceu sua liberdade”, disse López Obrador.
O presidente mexicano visitou os EUA na semana passada. No documento, ele afirma que deter Assange “representaria uma afronta permanente à liberdade de expressão e à liberdade”. Ele também disse que pode oferecer “proteção e asilo” a Assange.
López Obrador afirmou que Biden ainda não respondeu à carta. “Tenho que ser respeitoso, tenho que esperar que ele analise [a carta] e se dê o devido tempo”, disse.
Processo contra Assange
Assange pode ser condenado nos EUA a 175 anos de prisão por ter divulgado, em 2010, mais de 700 mil documentos confidenciais sobre as atividades militares americanas, especialmente no Iraque e no Afeganistão. Os arquivos foram publicados na plataforma WikiLeaks.
A Justiça dos EUA o denunciou por espionagem em maio de 2019, em virtude de uma lei aprovada em 1917 para impedir a divulgação de informações confidenciais em tempos de guerra.
Assange foi detido pela polícia britânica em 2019 após refugiar-se durante sete anos na embaixada do Equador em Londres e, desde então, permanece detido na prisão de alta segurança de Belmarsh, perto da capital britânica.
Em 17 de junho, o governo britânico anunciou que firmou o decreto para sua extradição aos Estados Unidos, uma decisão da qual Assange recorreu em 1º de julho.
O funeral do ex-primeiro-ministro Abe Shinzo foi realizado hoje (12), em Tóquio, quatro dias após ele ter recebido tiros e morrido durante um pronunciamento.
O sepultamento foi no templo Zojoji. Houve uma vigília no local, o que atraiu mais de duas mil pessoas, incluindo aliados e adversários políticos de Abe, dignitários estrangeiros e líderes empresariais.
Um carro fúnebre transportou o corpo de Abe Shinzo até o escritório do primeiro-ministro e outros locais em Nagatacho, um distrito fundamental para a política japonesa. O premiê Kishida Fumio se despediu de Abe na entrada do escritório.
Enquanto pessoas prestavam homenagens, investigadores continuavam trabalhando para descobrir o máximo possível sobre o único suspeito do crime.
A polícia prendeu Yamagami Tetsuya em flagrante. Fontes ligadas à investigação disseram que, aparentemente, o suspeito havia decidido matar o ex-primeiro-ministro um ano atrás.
Pessoas em todo o país continuam organizando vigílias para o premiê que mais tempo permaneceu à frente do cargo no Japão. Mais cerimônias de despedida serão realizadas em Tóquio e na província de Yamaguchi, que era representada por Abe Shinzo no Parlamento.
Agenciabrasil
A polícia da África do Sul está à procura de 5 pessoas suspeitas de serem os atiradores que invadiram um bar em Soweto, na África do Sul, e mataram 15 clientes após dispararem uma série de tiros de, pelo menos, 137 balas.
Nove outras pessoas ficaram feridas no ataque nas primeiras horas da manhã de domingo, que se seguiu de perto a outros dois tiroteios em uma onda de violência que chocou um país com uma das maiores taxas de homicídio do mundo.
“Foi uma brutalidade”, disse o ministro da polícia Bheki Cele a uma multidão reunida no local no bairro de Orlando East, em Soweto. “Essas pessoas realmente vieram para matar e destruir. Não sabemos o motivo, mas garanto que vamos encontrá-los.”
O alto número de munição no local, 137 balas de AK-47, significava que os assassinos teriam que recarregar no meio do abate, disse Cele.
Polícia da África do Sul diante de campo de futebol na região de Soweto, África do Sul — Foto: Siphiwe Sibeko/REUTERS
Cele prometeu enviar policiais a Orlando East para fazer buscas de porta em porta e enviar mais veículos da polícia – cuja escassez ele reconheceu que às vezes impedia a polícia de responder rapidamente.
“Vamos ver por suas ações, porque não acreditamos mais no que eles dizem”, disse Andiswa Mnyembane, 37, morador de Orlando East, em resposta às promessas.
“Eles (os criminosos) disparam como se fossem fogos de artifício. A polícia demora para chegar aqui… Há áreas onde a polícia nem vai”, acrescentou.
Mulher chora em cena de crime em Soweto, na África do Sul, em 10 de julho de 2022 — Foto: Shiraaz Mohamed/AP
Cerca de 20.000 pessoas são assassinadas na África do Sul todos os anos de uma população de cerca de 60 milhões.
Existem cerca de 3 milhões de armas registradas no país, de acordo com o grupo de campanha Gun Free South Africa, embora muitos mais estejam circulando no mercado negro.
Municípios como Soweto foram criações do governo da minoria branca, que terminou em 1994, mas deixou um legado de pobreza generalizada, desemprego juvenil e frustração.
G1
O Ministério Público peruano abriu uma investigação nesta quinta-feira (7) após a denúncia de que uma equipe de repórteres de televisão foi detida e ameaçada por camponeses enquanto investigava a família do presidente Pedro Castillo.
Os fatos ocorreram no distrito de Chandín em Cajamarca. Possíveis “crimes contra a liberdade (sequestro) e contra a propriedade (furto), em detrimento de dois jornalistas” são investigados, informou a entidade no Twitter.
Dois repórteres do programa Cuarto Poder, do Canal América Televisión, disseram que foram detidos e ameaçados na quarta-feira enquanto faziam uma reportagem na área onde mora a família do presidente. Esse programa havia divulgado no domingo um suposto caso de tráfico de influência por Yenifer Paredes, cunhada de Castillo.
Patrulheiros
O repórter Eduardo Quispe relatou que entre 30 e 50 patrulheiros com chicotes na mão os detiveram por mais de uma hora sob ameaças e os obrigaram a entregar suas câmeras e celulares.
Antes de libertá-los, os jornalistas foram obrigados a ler uma nota afirmando que era falso o que constava na reportagem da emissora América Televisión em que Paredes foi mencionada. Se eles não concordassem em ler o texto, “foram avisados que suas vidas estavam em risco”, disse o canal em comunicado.
Castillo pediu uma investigação “sobre o que aconteceu com os jornalistas” em Cajamarca, 800 quilômetros ao norte de Lima. Por sua vez, a organização nacional de “Rondas Campesinas” rejeitou a acusação de sequestro e negou que estivesse “protegendo o governo”.
Castillo, professor rural de Cajamarca, era membro das Rondas Campesinas, criadas na década de 1970 para combater o roubo de gado e que depois resistiram às incursões dos guerrilheiros maoístas do Sendero Luminoso (1980-2000).
O MP investiga a cunhada de Castillo e um empresário da construção, três dias depois do programa Cuarto Poder afirmar que ambos ofereciam obras de saneamento em uma cidade de Cajamarca.
Devido à denúncia do programa de televisão, o MP convocou Lilia Paredes, mulher de Castillo, para depor nesta sexta-feira.