Cristian Mallocci, um fazendeiro da região da Sardenha, na Itália, foi surpreendido ao acompanhar o parto de sua cachorrinha de estimação. Um dos filhotes nasceu com o pelo verde.
Batizado de Pistache, o pequeno é o único diferente. Os outros quatro irmãos nasceram brancos como a mãe.
Quando se pensa no Saara, o maior deserto não polar do mundo, muitas vezes se imagina uma gigantesca planície de areia que parece se estender até o infinito.
Mas um novo estudo mostra que o Saara esconde algo inesperado: centenas de milhões de árvores.
Não agrupadas em uma floresta, mas árvores solitárias.
Um grupo internacional de pesquisadores conseguiu contar essas árvores uma a uma em uma área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados no noroeste da África.
A região, que atravessa países como Argélia, Mauritânia, Senegal e Mali, inclui partes do Saara Ocidental e também o Sahel, o cinturão de savana tropical semiárida ao sul do deserto.
O trabalho, publicado na revista “Nature”, concluiu que há “um número inesperadamente grande de árvores” nesta área.
Mais especificamente, cerca de 1,8 bilhão foram registradas, um número muito maior do que o esperado.
O principal autor do estudo, Martin Brandt, da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, disse à BBC News Mundo que embora “a maioria esteja no Sahel, existem centenas de milhões no próprio Saara”.
“Há em média uma árvore por hectare no hiperárido Saara. Não parece muito, mas acho que é mais do que se poderia imaginar”, disse ele.
Além disso, ele esclareceu que a área pesquisada representa apenas 20% do Saara e do Sahel, “então a contagem total de árvores é muito maior”.
Como foi a contagem
O grupo de cientistas, que incluiu especialistas da Nasa (agência espacial americana), do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França e do Centro de Monitoramento Ecológico de Dakar, no Senegal, entre outros, fez o trabalho acessando imagens de satélites de alta resolução normalmente reservadas para uso militar ou industrial.
Eles usaram mais de 11 mil imagens da região, registradas por quatro satélites da empresa privada Digital Globe, que pertence à Agência Nacional de Inteligência dos Estados Unidos, que faz parte do Departamento de Defesa do país.
Para encontrar as árvores, eles usaram um tipo de inteligência artificial conhecido como aprendizado profundo, no qual um computador é ensinado a fazer algo. Nesse caso, a identificar árvores.
Para não confundir uma árvore com um arbusto, os especialistas decidiram contar apenas as copas com área superior a três metros quadrados.
Brandt disse à BBC Mundo como treinou o sistema para identificar árvores com precisão.
“Eu cataloguei manualmente a área da copa de quase 90 mil árvores”, observou ele.
“Eu registrei muitas porque o nível de detalhe nas imagens é muito alto e as árvores não parecem iguais, e queríamos uma medida relativamente precisa das áreas de suas copas”, explicou.
Tortura, humilhação e confissões forçadas são práticas comuns no sistema de justiça norte-coreano, que trata seus presos “pior do que os animais”, de acordo com relatório da ONG Human Rights Watch (HRW) publicado nesta segunda-feira (19).
A organização de direitos humanos com sede nos Estados Unidos entrevistou dezenas de ex-prisioneiros, assim como autoridades da Coreia do Norte. O relatório revela as difíceis condições em centros de detenção norte-coreanos, onde castigos físicos são frequentes.
A Coreia do Norte é um país fechado e pouco se sabe sobre o funcionamento de seu sistema judiciário, sobre o qual recaem críticas de violações de direitos humanos em larga escala. Os entrevistados alegaram que a prisão preventiva é “particularmente dura” e que os detidos são maltratados, sendo muitas vezes espancados.
Tudo por uma confissão
“Os regulamentos dizem que os detidos não devem ser espancados, mas nós precisamos de uma confissão durante a investigação”, afirma um ex-policial. “Então você tem que bater neles para conseguir a confissão.”
Alguns ex-detentos disseram que foram forçados a se ajoelhar ou sentar com as pernas cruzadas, sem se mover, por até dezesseis horas seguidas, e qualquer movimento poderia terminar em punição.
Outros entrevistados dizem que foram espancados com varas, cintos de couro ou socos, e que tiveram que correr em volta do pátio da prisão mil vezes. “Lá você é tratado pior do que um animal, é isso que você acaba virando”, disse Yoon Young Cheol, um ex-presidiário.
Abusos sexuais
Mulheres entrevistadas disseram que foram abusadas sexualmente. Kim Sun Young, uma ex-comerciante de aproximadamente 50 anos e que fugiu da Coreia do Norte, em 2015, contou que foi estuprada por seu investigador em um centro de detenção. Outro policial a tocou durante o interrogatório, acrescentou ela, dizendo que não tinha forças para se opor.
Em seu relatório, a HRW apela a Pyongyang para acabar com a “endêmica e cruel tortura, bem como com o tratamento degradante e desumano em seus centros de detenção.”
A ONG ainda pede à Coreia do Sul, aos Estados Unidos e a outros países membros da ONU que “pressionem o governo norte-coreano”.
Em situações semelhantes, a Coreia do Norte tem afirmado respeitar os direitos humanos. O país se defende dizendo que as críticas da comunidade internacional representam uma campanha de difamação com o objetivo de “minar o sistema socialista sagrado”.
Um relatório global sobre tuberculose divulgado nesta quarta-feira (14) pela Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que o Brasil não deve alcançar as metas globais de redução de casos e mortes pela doença. O país está entre os 30 com os mais altos “fardos” pela doença no mundo (veja detalhes mais abaixo nesta reportagem).
A estratégia de redução, estabelecida em 2014 pela maioria dos países do mundo em conjunto com a OMS, incluía uma diminuição de 20% na incidência da doença (casos por 100 mil habitantes), além de uma queda de 35% nas mortes pela tuberculose entre 2015 e 2020.
Tuberculose: tratamento dura, no mínimo, seis meses
“Infelizmente, precisamos dizer que o Brasil ainda não está no caminho [de cumprir], e, muito provavelmente, não alcançará as metas de 2020. Isso é uma realidade”, declarou Tereza Kasaeva, diretora do programa global de tuberculose da OMS, ao ser questionada sobre a situação do país pelo G1.
A OMS não divulgou dados específicos sobre a variação percentual no Brasil, mas apontou que, no ano passado, houve 96 mil casos e 6,7 mil mortes causadas por tuberculose no país. Em 2018, foram 95 mil casos e 4,8 mil mortes.
“Surpreendemente, podemos ver, nos últimos dois anos, aumento na incidência de tuberculose no Brasil. É muito preocupante”, afirmou Kasaeva.
Os dados divulgados pela entidade nesta quarta são referentes ao ano passado. Segundo o documento, entre 2015 e 2019, a redução global foi de 9% nos casos e 14% nas mortes.
No mundo, a estimativa é de que 10 milhões de pessoas contraíram tuberculose em 2019 – um número que vem caindo muito lentamente nos últimos anos, diz a OMS. A entidade estima que 1,4 milhão de pessoas morreram da doença no ano passado, sendo 1,2 milhão que não tinham o HIV e outras 208 mil entre as que tinham o vírus. (Ter o vírus é considerado fator de risco para desenvolver a doença).
A maior parte dos casos está concentrada no Sudeste Asiático (44%), na África (25%) e no Pacífico Ocidental (18%), com percentagens menores no Leste do Mediterrâneo (8,2%), nas Américas (2,9%) e na Europa (2,5%).
Impacto da pandemia
A pandemia da Covid-19 ameaça os avanços dos últimos anos no combate à doença, alertou a OMS, que estima que a doença pode matar, em 2020, de 200 a 400 mil pessoas a mais que as 1,4 milhão de vítimas fatais em 2019.
Um aumento de 200 mil mortes levaria o mundo de volta a números de 2015; um aumento de 400 mil, a 2012. O progresso feito no combate à doença já era considerado lento demais mesmo antes da pandemia.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva em fevereiro — Foto: Fabrice Coffrini / AFP
“A pandemia de Covid-19 ameaça enfraquecer o progresso feito nos últimos anos. O impacto da pandemia nos serviços de luta contra a tuberculose tem sido severo”, resumiu o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no relatório.
Redução
A OMS lista 30 países com os mais altos “fardos” pela tuberculose no mundo: desses, 20 têm os números mais altos de casos absolutos (entre eles, o Brasil) e os outros 10 têm as incidências mais altas (número de casos a cada 100 mil habitantes).
Entre os 30, apenas 7 (Camboja, Etiópia, Quênia, Namíbia, Rússia, África do Sul e Tanzânia) já alcançaram a meta de redução na incidência dos casos. Outros 3 estão no caminho para atingir a meta (Lesoto, Mianmar e Zimbábue).
Sete países com “alto fardo” pela doença já alcançaram a meta de reduzir as mortes: Bangladesh, Quênia, Moçambique, Mianmar, Rússia, Serra Leoa e Tanzânia; o Vietnã já está a caminho de atingir o objetivo.
Ao todo, 78 países estão no caminho para alcançar a redução na incidência de casos e 46 estão no caminho para reduzir as mortes pela doença, segundo a OMS.
Segundo o relatório, a região europeia é a mais próxima de atingir as metas, com redução na incidência e mortes de 19% e 31%, respectivamente, nos últimos cinco anos. A região africana também obteve ganhos importantes: 16% e 19%, no mesmo período.
Tuberculose
A tuberculose é uma das 10 principais causas de morte no mundo, segundo a OMS, e a primeira causa de morte por um único agente infeccioso (acima do vírus HIV/Aids).
A doença é infecciosa, altamente contagiosa e afeta principalmente os pulmões. O bacilo que causa a doença, o bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis), é transmitido por aerossol: ambientes fechados, úmidos e a proximidade com pessoas infectadas facilitam o contágio.
O sintoma mais importante para o diagnóstico da doença é a tosse com catarro. Se a pessoa estiver com uma tosse que já dura três semanas ou mais, é preciso investigar. Outros sintomas são: febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento, cansaço e fadiga.
A principal maneira de prevenir a tuberculose em crianças é com a vacina BCG. Ela deve ser dada ao nascer ou, no máximo, até 4 anos, 11 meses e 29 dias.
O tratamento da tuberculose dura no mínimo seis meses. Por ser longo, muitas vezes as pessoas acabam interrompendo o tratamento, o que não é recomendado, já que isso faz com que a bactéria desenvolva outras resistências. A OMS estima que o diagnóstico e o tratamento salvaram 60 milhões de pessoas de 2000 a 2019.
Os eleitores norte-americanos já depositaram mais de 10 milhões de votos para a eleição presidencial de 3 de novembro, superando consideravelmente a votação antecipada de 2016 e levando a crer em uma grande participação, de acordo com dados compilados pelo Projeto Eleições dos EUA.
O aumento da votação antecipada ocorre em meio à pandemia do novo coronavírus que motivou uma disparada de votos antecipados presenciais e pelo correio, particularmente entre democratas.
O presidente republicano Donald Trump tem procurado plantar desconfiança a respeito da votação pelo correio, fazendo alegações infundadas recorrentes sobre uma fraude generalizada antes de sua disputa com o candidato democrata Joe Biden (veja o vídeo abaixo).
Até a noite de quinta-feira, quase 10,4 milhões de norte-americanos haviam votado em estados que relatam dados da votação antecipada, de acordo com a plataforma de informações eleitorais da Universidade da Flórida.
Para comparar, até 16 de outubro de 2016 cerca de 1,4 milhão de norte-americanos havia votado antecipadamente. O número deste ano é cerca de sete vezes maior que o registrado nas últimas eleições que deram a vitória a Trump.
O número de votos depositados em cinco estados –Minnesota, Dakota, do Sul, Vermont, Virgínia e Wisconsin– já superou em 20% o comparecimento total de 2016, disse o Projeto Eleições.
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (9) uma operação contra uma organização suspeita de contrabando de ouro da Venezuela para o Brasil, lavagem e envio de dinheiro para outro país sem declarar à Receita Federal.
São cumpridos 18 mandados, sendo quatro de prisão preventiva, 11 busca e apreensão e três de sequestro de bens em Boa Vista. A operação conta com 60 policiais.
Um libanês é apontado pela PF como o responsável pelo esquema. Dois irmãos dele, que vivem na Venezuela, ajudam a coordenar o grupo. Outros integrantes são responsáveis pelo transporte de ouro e pelas movimentações financeiras.
Uma imobiliária no Centro de Boa Vista e uma casa, localizada no Bairro dos Estados, zona Norte, foram alvos da operação. Na residência, houve uma prisão e foi encontrado R$ 320 mil em espécie. As investigações seguem em andamento.
Ainda de acordo com a PF, um dos suspeitos movimentou R$ 67 milhões no primeiro semestre de 2020. Empresas de fachada e laranjas são usados nas movimentações bancárias, além de saques de dinheiro em espécie.
Entre março e fevereiro, foi enviado a Venezuela mais de R$ 10 milhões, entre dólares e reais. No mesmo período, o grupo recebeu mais de 50 kg de ouro, conforme o inquérito da investigação.
Segundo a PF, o grupo usa compartimentos ocultos de veículos para receber o mineral da Venezuela. Os envolvidos no esquema também são suspeitos de comprar ouro ilegal da Guiana.
A fundição do metal seria realizada pelo próprio grupo em Santa Elena de Uairén, município venezuelano que faz fronteira com Pacaraima, município ao Norte de Roraima.
A operação é chamada de Dhahab, em referência a “ouro” em árabe. Conforme a PF, o termo também era usado pelos investigados.
O julgamento de uma anestesista, acusada de causar a morte de uma mulher durante uma cesariana por estar sob efeito de álcool, começou nesta quinta-feira (8) na França.
Helga Wauters, de 51 anos e nacionalidade belga, é acusada de homicídio involuntário pela morte de Xynthia Hawke, uma britânica de 28 anos, durante uma cesariana realizada em 2014.
“Agora reconheço que meu vício era incompatível com meu trabalho”, disse Wauters no tribunal de Pau, sudoeste da França. “Lamentarei esta morte por toda a minha vida”, acrescentou.
Wauters havia realizado uma epidural em Hawke, mas surgiram complicações durante o parto que exigiram uma cesariana de emergência.
O companheiro de Xynthia Hawke, Yannick Balthazar, a irmã Iris, a mãe Clare e o pai Fraser sentam-se no tribunal em Pau, na França, nesta quinta (8) para o julgamento da anestesista belga Helga Wauters, acusada trabalhar sob efeito de álcool durante cesariana que deixou a jovem mãe britânica morta em Maternidade Orthez em 2014 — Foto: Gaizka Iroz/AFP
Ao entrar na sala de operações, Wauters cheirava a álcool, segundo várias testemunhas.
De acordo com os investigadores, a médica intubou o esôfago em vez da tráquea. Hawke morreu quatro dias depois de uma parada cardíaca, mas seu bebê sobreviveu.
A anestesista admitiu durante a investigação que bebeu vodka com água no início daquele dia, “como todos os dias” por 10 anos, e que havia tomado uma “taça de vinho” com amigos antes que a chamassem de novo para a operação.
No entanto, afirmou que possuía “70% de seus faculdades” e que “não estava bêbada”, disseram os investigadores.
Após ser detida, foi descoberto que a quantidade de álcool em seu sangue era de 2,38 gramas por litro, o que equivale a cerca de 10 taças de vinho.
Iris Hawke (à direita), irmã de Xynthia Hawke, chega no tribunal de Pau, na França, acompanhada da mãe Clare e do pai Fraser para o julgamento nesta quinta-feira (8) — Foto: Gaizka Iroz/AFP
Os pais de Hawke e sua irmã viajaram do Reino Unido para assistir o julgamento. Seu companheiro e uma dúzia de amigos também estiveram presentes.
“Será difícil para eles”, disse o advogado da família, Philippe Courtois. “Vão ouvir coisas que não sabiam, ou que preferiam não saber, sobre o que surgiu durante a investigação”, disse.
O tribunal anunciará seu veredicto na sexta-feira. Wauters enfrenta três anos de prisão.
Dois membros de uma célula do Estado Islâmico conhecida como “Beatles” serão extraditados para os Estados Unidos nesta quarta-feira (7) – o grupo tem 4 integrantes. Eles serão acusados de tomada de reféns e de assassinato, apontam documentos judiciais.
Alexanda Kotey e El Shafee el-Sheikh faziam parte de uma célula terrorista que sequestrou, torturou e decapitou vários estrangeiros, incluindo os jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff; e o trabalhador humanitário Peter Kassig, entre 2014 e 2015.
Ambos também são suspeitos de terem matado os britânicos Alan Henning e David Haines. Os familiares das supostas vítimas dos “Beatles” celebraram a extradição como “um primeiro passo na busca por justiça”.
Alexanda Kotey e El Shafee el-Sheikh, que tem idades em torno dos 30 anos e que perderam a nacionalidade britânica, faziam parte de um quarteto apelidado de “Beatles” por seus reféns, devido ao sotaque inglês. Eles estão sob custódia dos EUA desde outubro de 2019 no Iraque.
“Eram os líderes de um grupo brutal responsável pelo sequestro de cidadãos europeus e americanos, entre outros, de 2012 a 2015”, diz trecho do documento do tribunal.
Livres da pena de morte
Em 2015, os EUA apresentaram um pedido de assistência jurídica mútua às autoridades britânicas para obter provas contra os dois “jihadistas”. O Reino Unido colocou essa cooperação em “pausa” em 2018.
O governo do Reino Unido foi criticado por não ter pedido aos EUA para que os dois não fossem condenados com pena de morte.
Após dois anos de impasse, o caso dos membros dos “Beatles” deu uma guinada recentemente: o procurador-geral americano, Bill Barr, afirmou que ambos se livrariam da pena de morte se fossem julgados nos EUA. Isso permitiu que, no mês passado, o Reino Unido enviasse provas contra os dois.