O chanceler austríaco, Karl Nehammer, pretende dizer ao presidente russo Vladimir Putin “a verdade” sobre a guerra na Ucrânia durante sua reunião cara a cara em Moscou na segunda-feira (11), de acordo com um alto funcionário austríaco.
Nehammer deve ser o primeiro líder da União Europeia a se reunir com Putin desde que a invasão russa da Ucrânia começou no final de fevereiro.
Ele visitou Kiev para se encontrar com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, no sábado.
Falando antes de uma reunião da UE em Luxemburgo na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da Áustria, Alexander Schallenberg, disse a repórteres que “faz diferença estar cara a cara e dizer a ele qual é a realidade: que este presidente de fato perdeu a guerra moralmente”.
“Deve ser do seu próprio interesse que alguém lhe diga a verdade. Acho que é importante e devemos isso a nós mesmos se quisermos salvar vidas humanas.”
“A razão da reunião é que não queremos perder nenhuma oportunidade, devemos usar todas as chances para acabar com a situação humanitária infernal na Ucrânia. Todas as vozes que ajudarão Putin a ver a realidade fora do muro do Kremlin não são vozes perdidas”, acrescentou Schallenberg.
A viagem de Nehammer a Moscou é significativa devido ao status neutro de seu país, consagrado em sua constituição.
A Áustria não faz parte da Otan e não fornece armas à Ucrânia. No entanto, forneceu à Ucrânia ajuda humanitária, além de capacetes e coletes de proteção para uso civil, de acordo com um comunicado da chancelaria austríaca.
Nehammer disse no sábado que, embora seu país seja militarmente neutro, “entendemos que temos que ajudar onde ocorrem injustiças e crimes de guerra”.
Ao menos 50 pessoas, cinco delas crianças, morreram e 98 ficaram feridas por conta de um ataque com mísseis a uma estação de trem na manhã desta sexta-feira (8) em Kramatorsk, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia. O governo ucraniano acusa a Rússia de ter realizado deliberadamente o ataque, o que Moscou nega.
Segundo a companhia que administra a malha ferroviária da Ucrânia, dois mísseis atingiram a estação de Kramatorsk de manhã. De acordo com o governador da região, Pavlo Kyrylenko, 4 mil pessoas estavam na estação no momento do ataque. Elas se enfileiravam para tentar entrar em trens e deixar a região.
Policial ucraniano observa corpos cobertos após ataque russo a estação de trem em Kramatorsk, usada como rota de evacuação para civis — Foto: FADEL SENNA / AFP
Ataque a uma estação de trem deixa dezenas de mortos em Kramatorsk, no leste da Ucrânia — Foto: Pavlo Kyrylenko/Twitter
Há dois dias, a Ucrânia pede que moradores das cidades do leste da Ucrânia deixem às pressas a região, onde, segundo Kiev, Moscou prepara fortes ataques.
Ataque aconteceu em cidade no leste da Ucrânia, onde Kiev havia alertado que a Rússia preparar — Foto: Arte/ g1
Kyrylenko afirma que os ataques foram feitos por artilharia russa. O Kremlin e o Ministério da Defesa da Rússia negaram que as forças russas sejam responsáveis pelo ataque. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que as tropas não tinham missões previstas para a região nesta sexta-feira (8).
Os governos da União Europeia congelaram cerca de 30 bilhões de euros em ativos ligados a oligarcas e outras pessoas sancionadas com vínculos com o Kremlin, informou a Comissão Europeia nesta sexta-feira.
Entre os ativos estão contas bancárias, barcos, helicópteros, imóveis e obras de arte, segundo a Comissão, órgão executivo da UE.
Além disso, cerca de 196 bilhões de euros em transações foram bloqueadas, acrescentou.
No entanto, a Comissão não tinha estimativas para o valor total dos ativos dos oligarcas na União Europeia.
O volume de recursos congelados também pode representar apenas uma pequena parcela dos ativos que se acredita serem de propriedade de pessoas sancionadas pelo bloco após a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro. Só a Holanda estima que cerca de 27 bilhões de euros em ativos no país e jurisdições vinculadas a ele pertenciam a oligarcas da lista negra.
O Pentágono diz que a Ucrânia pode ganhar a guerra contra a Rússia, apesar do ceticismo de alguns altos funcionários norte-americanos que falam do risco de um conflito prolongado. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou, nesta quinta-feira (7), que vai pedir o envio de mais armamento à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
“Claro que podem ganhar. A prova está literalmente nos resultados que estão obtendo todos os dias. Eles podem ganhar”, disse o porta-voz do Pentágono, John Kirby no Twitter.
Ele lembrou o que as forças ucranianas conseguiram até agora: “Putin não alcançou nenhum dos seus objetivos estratégicos na Ucrânia. Não conquistou Kiev e não derrubou o governo. Só tomou o controle de pequeno número de centros populacionais”.
“E não foram os que procurava. Por isso, Mariupol ainda não foi tomada. Tirou as forças de Kiev de Cherniniv. Não conquistou Kharkiv nem Mykolayiv, no Sul da Ucrânia”.
Segundo John Kirby “os ucranianos lutam corajosamente pelo seu pas. E negaram a Putin os seus objetivos estratégicos. Eles podem vencer”.
Apelo
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que vai pedir o envio de mais armamento, nas reuniões marcadas para hoje com aliados da Otan, em Bruxelas.
Drones
Cem drones de combate, que o presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, anunciou há duas semanas que seriam enviados à Ucrânia já chegaram ao país, informou o Departamento de Defesa.
O porta-voz do Pentágono disse que os drones, com ogivas antiblindados, chegaram à Ucrânia no início da semana.
Agora “estamos conversando com os ucranianos sobre o uso dos drones, acrescentou.
John Kirby lembrou que os ucranianos não estão familiarizados com o uso desse tipo de dispositivo e que precisam de formação militar.
Um pequeno grupo de militares ucranianos, que se encontrava nos EUA antes do início da invasão russa, está recebendo formação sobre o uso dos drones de combate.
O porta-voz disse que esses militares poderão agora dar formação a outros soldados quando regressarem à Ucrânia.
Segundo Kirby, essa tecnologia não é muito complicada de usar, e um militar pode ser “treinado adequadamente em alguns dias”.
A Casa Branca anunciou ontem que vai fornecer mais US$ 100 milhões em ajuda militar à Ucrânia, aumentando o apoio dos norte-americanos para US$ 1,7 milhão desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
John Kirby afirmou, em comunicado, que o apoio continuará a ser dado em sistemas antiblindados, incluindo mísseis Javelin, que os EUA têm fornecido à Ucrânia.
Agenciabrasil
A Ucrânia encontrou 410 corpos em cidades perto de Kiev, como parte de investigação sobre possíveis crimes de guerra cometidos pela Rússia. Algumas testemunhas estão traumatizadas com a situação e não conseguem falar, disse o principal promotor do país nesse domingo (3).
Depois que a Rússia se retirou de algumas áreas ao redor de Kiev, o prefeito de Bucha, 37 quilômetros a noroeste da capital, contou que 300 moradores foram mortos pelas forças russas enquanto combatentes chechenos controlavam a área.
A Rússia negou as alegações de que suas tropas mataram civis em Bucha. Moscou disse que nenhum morador sofreu violência das forças russas e acusou Kiev de encenar o que apresentou como provocação confeccionada para a mídia ocidental.
Os promotores ucranianos só conseguiram entrar nas cidades de Bucha, Irpin e Hostomel pela primeira vez no domingo e precisam de mais tempo para descobrir a extensão dos crimes, afirmou a procuradora-geral Iryna Venedyktova.
“Precisamos trabalhar com testemunhas. As pessoas hoje estão tão estressadas que são fisicamente incapazes de falar”, acrescentou.
Ela disse que 140 dos corpos foram examinados até agora e que pedirá ao Ministério da Saúde que forneça o maior número possível de especialistas forenses a um hospital de campanha, na região de Kiev.
O ministro do Interior, Denys Monastyrskiy, afirmou que está claro que centenas de civis foram mortos, mas não quis dizer exatamente quantos, já que os esforços ainda estão em andamento para limpar as minas na área.
“Muitos moradores locais são considerados desaparecidos. Não podemos dar um número exato, mas há muita gente”.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta quinta-feira (31) um decreto que regulamenta o comércio de gás natural com países considerados “hostis”, como os Estados Unidos e todos os membros da União Europeia.
Segundo o governo russo, o texto entra em vigor a partir desta sexta-feira (1º) e determina que empresas ocidentais abram contas correntes em rublos, em bancos russos, para comprar o gás do país.
“Se tais pagamentos não forem feitos, vamos considerar inadimplência por parte dos compradores, com todas as consequências decorrentes”, afirmou Putin.
“Ninguém nos vende nada de graça, e nós tampouco faremos obras de caridade. Isso significa que os contratos existentes, no caso de falta de pagamento em rublos, serão interrompidos”, afirmou Putin.
O papa Francisco denunciou neste domingo (27), em termos especialmente duros, “o martírio” da Ucrânia e “a agressão” ao país por parte da Rússia. “Diante do perigo da autodestruição, a humanidade deve compreender que chegou a hora de abolir a guerra, de cancelá-la da história do homem antes que ela apague o homem da história”, disse ele a milhares de pessoas após a tradicional oração do Ângelus na praça São Pedro do Vaticano.
“Mais de um mês se passou desde a invasão da Ucrânia, desde o início desta guerra cruel e sem sentido, que, como toda guerra, é uma derrota para todos nós”, disse o Papa. “Devemos repudiar a guerra, um lugar de morte onde pais e mães enterram seus filhos, onde homens matam seus irmãos sem sequer vê-los, onde os poderosos decidem e os pobres morrem”.
“Essa é a bestialidade da guerra, algo que é bárbaro e sacrílego”, afirmou o Papa, exortando seus ouvintes a não considerarem o confronto como inevitável ou algo com que se acostumar.
“Peço a todos os políticos envolvidos que reflitam sobre isso, se comprometam e, olhando para a Ucrânia martirizada, entendam que cada dia de guerra piora a situação para todos”, disse.
Desde a invasão, que a Rússia chama de “operação militar especial”, o papa tem criticado implicitamente Moscou, condenando fortemente o que chamou de “agressão injustificada” e denunciando “atrocidades”.
O presidente norte-americano Joe Biden disse hoje (24), em Bruxelas, durante um encontro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que a Rússia deveria sair do G20, grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia.
“Acho que a Rússia tem que sair do G20, mas isso depende do G20. Apesar de a Indonésia e outros países não concordarem, acho que deveríamos, no meu ponto de vista, permitir que a Ucrânia participe desses encontros do G20”, disse Biden.
Além da Indonésia, a China também defende a permanência da Rússia no G20. “A Rússia é um país membro importante [do G20] e nenhum membro tem o direito de expulsar outro país”, disse o porta-voz das relações exteriores da China, Wang Wenbin.
O presidente americano falou também que, na reunião da Otan, defendeu que as sanções contra a Rússia devem ser duradouras. “Sanções não têm a ver com dissuasão. O sentido das sanções é aumentar a dor. Por isso convoquei esse encontro da Otan, para garantir que a gente vai manter o que está fazendo agora, não apenas no mês que vem, mas durante todo o ano. Precisamos demonstrar nossa união e o mundo seguir focado em quão brutal esse homem [Putin, presidente russo] é e em quantas vidas inocentes estão sendo perdidas”, afirmou.
A jornalistas, Biden disse ainda que a Otan e a União Europeia deveriam criar um sistema que possa monitorar os países que violam sanções. Além disso, comentou sobre uma possível carência de alimentos e reconheceu que as sanções afetam o mundo todo.
“O preço das sanções não pesa apenas sobre a Rússia, mas sim sobre muitos outros países, incluindo países europeus e o nosso país também. E como a Rússia e a Ucrânia têm sido grandes produtores de trigo para a Europa, tivemos um grande debate no G7. Os Estados Unidos são o terceiro maior produtor de trigo do mundo e conversamos com o Canadá, que é um produtor muito importante, para ver como nós podemos aumentar e distribuir mais rapidamente essa produção de alimentos para evitar carência”.