Gabriel Martinez Souza, o Fant (foto em destaque), de 38 anos, era o responsável por coordenar uma equipe de mergulhadores especializados em retirar cargas milionárias de cocaína em navios que atracavam na Europa. A droga era acondicionada clandestinamente nos cascos e caixas de leme das embarcações, antes de deixarem do Porto de Santos, no litoral de São Paulo.
Fant foi preso em Montijo, região metropolitana de Lisboa, a capital portuguesa, pela Polícia Judiciária do país europeu, que atuou de forma coordenada com a Polícia Federal (PF) brasileira, nessa terça-feira (11/3), no âmbito da Operação Emergentes. O alvo da ação foi uma célula do Primeiro Comando da Capital (PCC), responsável pela coordenação do envio e da distribuição de drogas na Europa.
Ainda no litoral de São Paulo, na cidade de Guarujá, outros quatro homens e duas mulheres foram presos na mesma operação policial, apontados como integrantes do bando envolvido no esquema de tráfico internacional de drogas.
Todos estão ligados a Paulo Afonso Pereira Alves, o BH, que, como revelado pelo Metrópoles, era o principal líder da Sintonia Geral da Rua na Espanha. Ele está preso desde dezembro de 2021.
Motos subaquáticas
Na casa de Fant, a Polícia Judiciária portuguesa encontrou e apreendeu um fuzil Ar15, duas pistolas, equipamentos de mergulho, 30 mil euros (quase R$ 190 mil), além de barcos e motos subaquáticas.
Submersos, os mergulhadores usavam as motos aquáticas para agir com rapidez e discrição, não chamando a atenção das autoridades portuárias europeias. A Polícia Judiciária acrescentou que Fant reside legalmente em Portugal.
Em cada navio atracado, os mergulhadores retiravam, em média, 100 quilos de cocaína, quantidade que, em solo europeu, poderia render ao menos R$ 10 milhões. Como revelado pelo Metrópoles, o tráfico de cocaína para a Europa rende ao PCC R$ 10 bilhões por ano, somente com as cargas enviadas pelo Porto de Santos.
Neste ano, até o momento, a PF apreendeu 1,5 tonelada de cocaína que seria encaminhada para o outro lado do Atlântico. No ano passado, foram seis toneladas.
Postos preenchidos
Os sete presos na operação dessa terça-feira ocuparam os lugares, nas ruas, do núcleo do PCC anteriormente chefiado por Paulo Afonso Pereira Alves, o BH.
O criminoso foi preso em 7 de dezembro de 2021, no âmbito da Operação Solis, do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP). A operação foi deflagrada para aprofundar investigações sobre tráfico de drogas e lavagem de dinheiro do PCC.
BH e quatro parceiros de facção foram presos em Vila Velha, no Espírito Santo, e conduzidos para o sistema penitenciário de São Paulo. Com a quebra do sigilo telemático dos celulares apreendidos com o grupo, foi possível constatar como a maior facção criminosa do Brasil se organiza em outros países.
Na ocasião de suas prisões, foi apreendida uma quantidade significativa de pasta-base de cocaína, que seria destinada à Europa. A droga estava avaliada, de forma conservadora, em quase R$ 9 milhões, o que poderia render 10 vezes mais caso chegasse ao seu destino.
Denúncia do Gaeco, obtida pela reportagem, aponta que BH, em decorrência “dos bons préstimos” ao PCC — como consolidar e ampliar a criminalidade organizada e seguir “fielmente” o “estatuto do crime” — teve sua dedicação reconhecida: ele foi nomeado para a “proeminente função” de Sintonia Geral da Rua na Espanha.