Mais um episódio repugnante e intolerável aconteceu no futebol paraibano na noite da última segunda-feira, durante o Clássico Botauto, entre Botafogo-PB e Auto Esporte-PB, pelo Campeonato Paraibano Betino. Após ser expulso em um lance de confusão dentro de campo, o zagueiro Thiago Bob, do time automobilista, insinuou que sua expulsão aconteceu de forma errada e que isso se deu apenas pelo fato de a árbitra ser mulher. A situação foi relatada em súmula.
O ocorrido se deu por volta dos 25 minutos do segundo tempo, quando Willian Kaefer, do Botafogo-PB, fez falta em Léo Henrique. Na sequência, Thiago Santos, do Auto-PB, atinge Kaefer com um empurrão por trás e com isso se inicia uma confusão entre atletas dos dois times.
No meio da confusão, o zagueiro Thiago Bob, do Alvirrubro, que já havia recebido cartão amarelo por reclamação, recebeu o segundo amarelo, dessa vez por empurrar adversários em meio ao tumulto e foi expulso. Ao sair de campo o zagueiro esbravejou:
“Nisso que dá botar mulher para apitar”, disse o zagueiro.
A fala do atleta foi ouvida por várias pessoas que estavam à beira do gramado, entre eles o delegado da partida, Gerson Tomaz, que repassou a informação para a árbitra Ruthyanna Camila, que relatou tudo em súmula, reforçando que se sentiu ofendida.
“Informo que me senti ofendida em minha honra e moral”, afirmou a árbitra.
Ruthyanna Camila tem 27 anos e é árbitra do quadro da CBF desde 2015, sendo a única mulher do quadro da Federação Paraibana de Futebol (FPF-PB). Ela entrou para a história do futebol paraibano ao ser a primeira mulher a apitar o maior clássico do futebol do estado, o Clássico dos Maiorais entre Campinense e Treze, no Campeonato Paraibano de 2022.
Nesta segunda-feira ela fez história novamente ao apitar o Clássico Botauto entre Botafogo-PB e Auto Esporte-PB, um dos mais tradicionais da Paraíba, que foi onde veio a acontecer o fato intolerável.
É notório que houve avanço no respeito à mulher no universo do futebol, seja dentro de campo, comandando as partidas, dentro dos clubes, no futebol feminino e também na cobertura esportiva, mas o caminho a ser percorrido ainda é longo. Situações como as que foram vistas na noite da última segunda-feira no Estádio Almeidão, em João Pessoa, infelizmente ainda são comuns, porém inaceitáveis.
Jornal da Paraíba