Os EUA estão prontos a usar todos os meios para remover os governos socialistas indesejados da Venezuela, Nicarágua e Cuba do poder, a fim de alcançar o controle total sobre a América Latina, alertou o chefe russo do Departamento Central de Inteligência (GRU), Igor Kostyukov.
A política externa de Washington será a principal ameaça de segurança para a América Latina nos próximos anos, disse Igor Kostyukov na Conferência Anual de Moscou sobre Segurança Internacional.
Washington atua “em desrespeito ao direito internacional” e sem considerar as possíveis consequências para seus aliados “a fim de alcançar o controle total sobre a região”, declarou.
O Departamento de Estado dos EUA gasta oficialmente pelo menos US$ 1,5 bilhão a cada ano para aumentar sua influência na América Latina, revelou Kostyukov. Levar em conta “programas especiais e não orçamentários” tornaria a quantia muito maior, acrescentou.
“As tecnologias da ‘revolução colorida’ que estão sendo desenvolvidas na Venezuela, poderão ser implementadas em breve na Nicarágua e em Cuba”, avaliou.
Na Nicarágua, a “oposição patrocinada pelos EUA está interrompendo o diálogo nacional ao apresentar termos que são obviamente inaceitáveis para as autoridades”, disse Kostyukov.
O país continua em um impasse quando os protestos contra a Reforma da Previdência, um ano atrás, se tornaram violentos e levaram a centenas de mortos. As conversações entre o governo de Daniel Ortega e a oposição só foram retomadas em fevereiro, depois que as autoridades libertaram muitos dos detidos durante os distúrbios.
Quanto a Cuba, o governo Trump tentará contar com medidas econômicas para atingir seus objetivos, afirmou o chefe do GRU.
“Em março, a Lei Helms-Burton foi reintroduzida pelos EUA. Ela permite que os americanos peçam indenização por bens perdidos na república [cubana], o que poderia afetar cerca de 200 empresas cubanas. Uma redução significativa na oferta de petróleo venezuelano como resultado das sanções dos EUA foi também um golpe para Cuba”, destacou.
Apesar de todas as ambições de Washington, a “blitzkrieg” (guerra relâmpago) na Venezuela falhou, disse Kostyukov.
“Os EUA calcularam mal o nível de robustez do governo democraticamente eleito, seu apoio pela população e a disposição das agências de segurança venezuelanas para defender a ordem constitucional. Esperanças de confrontos sangrentos entre o povo e o exército não renderam tampouco”, completou.
Washington apoiou totalmente o líder da oposição Juan Guaidó, que se declarou presidente interino da Venezuela em janeiro, e colocou o país sob duras sanções econômicas. Os movimentos, porém, não têm sido suficientes derrubar Nicolás Maduro como chefe do estado venezuelano.