Uma sobrinha do pediatra de 80 anos, suspeito de abusar sexualmente de crianças relatou com exclusividade, à TV Correio, que sofreu abuso do tio há mais de 30 anos.
Ela contou, em detalhes, que o caso aconteceu quando eles estavam na casa de praia do tio, no ano de 1991.
“A gente passava veraneio lá, porque a gente morava em Natal, e em um desses dias, ele me acordou – eu dormia no quarto da filha dele. Ele ficou brincando comigo, dizendo que eu tinha acordado de madrugada, com saudade dos meus pais, que eu tinha ido no quarto dele e da minha tia, e eu fiquei sem entender porque eu não sou de acordar de madrugada, não me lembrava de ter acordado de madrugada. Quando foi mais tarde, ele me chamou no quarto dele, foi quando ele pediu para eu abaixar a calça, colocar as mãos nos órgãos dele, e ficar fazendo movimentos, e depois ele pediu para eu abaixar a minha calça e ele colocou as mãos nos meus órgãos e pediu segredo”, disse Gabriela Vilar.
Gabriela só revelou o caso à família dois anos depois, em 1993. Na ocasião, ela e a mãe foram surpreendidas com uma revelação da irmã, Carla, que disse também ter sido vítima de abuso do médico.
“Eu contei pros meus pais dois anos depois, e contei porque eu estava com a minha prima (filha do médico), com outro primo meu, e uma amiga, vizinha, e eu não lembro o motivo (da conversa), mas se tocou nesse assunto de abuso sexual de criança. Essa amiga, que era mais velha, falou ‘Gabi, ou você vai na sua mãe agora e conta (o que aconteceu) ou quem vai contar sou eu’. Aí eu fui (contar a mãe) e ela me perguntou ‘você tem certeza do que está falando? Por que você sabe que vai ter um rompimento na família’ e nessa hora, minha irmã, Carla, estava escutando atrás da porta e a abriu pra entrar. Minha mãe pediu para ela sair porque disse que estava tendo uma conversa séria comigo. Mas Carla disse ‘não, mainha, eu sei do que se trata, porque também aconteceu comigo”, relatou.
Gabriela comentou o sentimento de trazer o caso à tona, três décadas depois:
Me sinto muito culpada por não ter feito a denúncia antes. Eu não podia fazer em 1993 porque eu era uma criança, teriam que fazer por mim. Mas me tornei uma adulta. E, sem saber, essa denúncia tem um tempo para ser feita, e eu poderia a partir dos meus 18 anos, ter feito essa denúncia até meus 38 anos. E quando eu fui denunciar, eu já tinha 41.
Correio