O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) revelou nesta quinta-feira (10) que o maior sino suspenso do mundo, previsto para ser instalado na nova Basílica de Trindade, custou R$ 17 milhões. O montante é quase o triplo do valor revelado pela Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) – R$ 6 milhões – à época da aquisição, em 2014. Uma operação apura desvios de doações de fiéis na entidade, criada pelo padre Robson, também alvo das investigações.
Ao portal de notícias G1, do Grupo Globo, a assessoria da Afipe informou, às 19h22, que o valor da compra procede, mas que é referente à compra de 73 sinos ao todo.
“O Ministério Público está correto nas informações prestadas. A Afipe, já na tarde hoje comprovou que a compra dos sinos aconteceu e o valor é de R$ 17 milhões. Foi apurado também que o valor é referente a compra de 73 sinos, sendo um conjunto de 68 em carrilhão, um conjunto de 4 sinos tipo badalos em quarteto ideal e um sino de badalo vox dei. A nova diretoria que tomou posse na ultima quinta-feira, continua trabalhando na apuração de todos os fatos”.
A descoberta do valor real do sino foi feita pelos promotores de Justiça durante análise de parte do material apreendido pela Operação Vendilhões, deflagrada no último dia 21 de agosto.
De acordo com o promotor Sandro Haldfeld, o contrato de compra do sino consta nos documentos em poder do MP, usados como evidências. Dispositivos eletrônicos e com função de armazenamento, como pen drives e HDs, ainda estão sob a tutela da Polícia Técnico-Científica para verificação.
“Já foi pago tudo [o valor do sino], os R$ 17 milhões. Foram 4 milhões de dólares na cotação de agosto de 2014 e R$ 7 milhões. Apreendemos o contrato de aquisição, R$ 6 milhões era só uma parcela”, disse Haldfeld.
Vindo da Europa e com 55 toneladas
Importado da Cracóvia, na Polônia, o sino tem 4 metros de altura, 4,5 metros de diâmetro e 55 toneladas. Ele começou a ser produzido há dois anos.
Chamado de Vox Patris, em homenagem ao Divino Pai Eterno, o sino é composto 78% por cobre e 22% por estanho e conta com imagens em fundição, na parte externa, que narram a história da Santíssima Trindade desde 1840 até a construção do santuário em Trindade.
A previsão é que o sino seja instalado na nova Basílica de Trindade, que está sendo construída na cidade com doações dos fiéis e também é alvo da operação.
O sino foi alvo de críticas durante o sermão de dom Sílvio Dutra, bispo da Diocese de Vacaria (RS). Ao citar o objeto, ele disse que “Jesus não precisa de mega templos”.
Inicialmente, a obra estava orçada em R$ 100 milhões e com previsão de entrega para 2022, dez anos após o início da construção. Mas, em entrevista ao Fantástico, o padre Robson disse que o valor pode ser 13 vezes maior.
“Ele [projeto] não é barato não. Nós temos um orçamento prévio dele que, por uma engenheira que estava conosco, ele poderia chegar a até R$ 1,4 bilhão”, afirmou”, afirmou na ocasião.
Além disso, a previsão de entrega também foi estendida para 2026.