Sem Neymar, cortado por lesão antes do início da competição, a seleção brasileira voltou a conquistar uma Copa América após 12 anos, ao bater o Peru por 3 a 1 no Maracanã. Na ausência de seu principal jogador, que costuma atrair para si os holofotes dentro e fora de campo, os comandados de Tite encontraram novos protagonistas e narrativas para voltar a vencer dentro de casa. O Brasil não vencia uma Copa América desde 2007, e um título com a equipe principal desde a Copa das Confederações de 2013.
O ambiente brasileiro sem o atacante do PSG foi bem diferente do da Copa do Mundo de 2018, quando Neymar foi centro das atenções durante boa parte da competição. Mesmo nos primeiros dias da preparação para a Copa América, até o corte na madrugada do dia 6 de junho, o jogador esteve em evidência, enfrentando uma acusação de estupro, perdendo alguns treinamentos com dores no joelho e transitando de helicóptero com companheiros durante as folgas na Granja Comary.
Com o corte após o amistoso diante do Qatar, as coisas mudaram. Em um Brasil que teve Everton como artilheiro com três gols, foram vários protagonistas. A defesa sólida, ancorada por Alisson, Thiago Silva e Marquinhos; a atuação de marcar a carreira de Dani Alves; a ascensão de Everton Cebolinha e Gabriel Jesus no decorrer da competição, este último formando uma parceria ofensiva com Roberto Firmino considerada improvável até o início da competição.
Consolidado como um dos principais goleiros do mundo, Alisson não foi muito exigido durante a Copa América. Quando foi, reagiu sempre com segurança, com defesas importantes, principalmente diante da Argentina. Atuações seguras de Thiago Silva e Marquinhos, este último um dos destaques da competição, com papel importante na saída de bola. Com ajuda dos laterais Dani Alves, na direita, ora Filipe Luís, ora Alex Sandro na esquerda, e do volante Casemiro, a defesa do Brasil passou pela competição sendo vazada apenas uma vez.
No caso de Dani Alves, a atuação defensiva vem acompanhada de uma demonstração de que o lateral de 36 anos ainda tem muito a contribuir com a seleção. Dani teve diante da Argentina, na semifinal, uma das maiores atuações da carreira. Firme e impecável na defesa, fundamental no ataque, descendo para o meio, construindo jogadas e desmontando a defesa rival no lance do primeiro gol. Na final, novamente em alto nível contra os peruanos, acabou consagrado com o prêmio de melhor do torneio. O bom desempenho não vem sem problemas para Tite, que agora terá que planejar o futuro da seleção. Peças importantes como Thiago, Filipe e Dani tem mais de 33 anos – não substitutos claros, e o processo de renovação visando o Qatar em 2022 é desafiador.