A polícia espanhola prendeu nesta quinta-feira (8) um quarto suspeito nas investigações sobre o assassinato do brasileiro Samuel Luiz Muñiz, de 24 anos.
O auxiliar de enfermagem morreu no sábado (3) em La Coruña, depois de ser espancado por pelo menos sete pessoas ao sair de uma boate. O homem preso tem entre 20 e 25 anos e é amigo dos outros três detidos – dois homens e uma mulher – na segunda-feira.
Fontes policiais afirmam que o desentendimento entre os agressores e Samuel começou por causa de um telefone celular. No entanto, uma amiga do brasileiro que presenciou a cena relatou insultos homofóbicos.
O quarto detido é suspeito de assassinato. Segundo a polícia, ele é “amigo dos outros três” e, assim como os demais, “não conhecia a vítima”. Por esta circunstância, as autoridades ainda não caracterizam o crime como homofóbico, mantendo “todas as hipóteses” em aberto.
Samuel foi encontrado inconsciente perto de uma discoteca depois de ter sido ser linchado. Os socorristas tentaram reanimá-lo durante horas, mas ele não resistiu, falecendo na manhã de sábado.
Os primeiros elementos da necrópsia, de acordo com a imprensa local, indicam que o brasileiro morreu por um traumatismo cranioencefálico grave, causado por um chute na cabeça. A investigação continua e o caso é mantido em sigilo.
O pai da vítima, Maxsoud Luiz, disse ao canal espanhol Antena 3 que o filho estava com três amigas na hora do ocorrido. Samuel nasceu no Brasil e chegou à Espanha com um ano de idade.
Lina, uma amiga de Samuel que testemunhou a cena, explicou à imprensa espanhola que as agressões ativeram início do lado de fora de uma discoteca, depois que um jovem se irritou porque achou que estava sendo filmado pelo brasileiro. “Ou você para de gravar ou eu mato você, seu bicha”, teria dito o rapaz.
Depois de argumentarem que estavam fazendo uma chamada de vídeo para indicar a outra amiga onde estavam, o suspeito reagiu dando um soco em Samuel.
Um jovem que passava pelo local conseguiu empurrar o agressor e convencê-lo a desistir da briga, mas o rapaz voltou logo depois com um grupo de cerca de dez pessoas, que espancaram Samuel até a morte. Eles fugiram antes que a polícia e socorristas chegassem ao local.
Crime provoca mobilização de repúdio à homofobia
O crime gerou uma onda de indignação na Espanha e deflagrou manifestações de condenação em Madri e em La Coruña, justo no momento em que se acabava de celebrar a semana do Orgulho LGBTQIA+.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, classificou o assassinato como “um ato selvagem e sem piedade”. “Não vamos dar um passo atrás em direitos e liberdades. A Espanha não vai tolerar isso”, tuitou na noite de segunda-feira. O ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, indicou que “nenhuma hipótese está excluída, nem o crime de ódio, nem qualquer outro”.
Familiares e amigos de Samuel garantem que os agressores agiram por “pura homofobia” e o atacaram aos gritos de “bicha”.