Considerado o alimento mais popular e dos mais consumidos do mundo, o pão é responsável por manter um consolidado projeto de ressocialização de apenados na Capital do Estado, há mais de 10 anos. A padaria da Penitenciária de Segurança Média Hitler Cantalice é mais uma iniciativa de inserção de reeducandos no mercado de trabalho e tem o Tribunal de Justiça da Paraíba, por meio da Vara de Execução Penal (VEP), como um dos parceiros. O estabelecimento é um dos maiores do setor de panificação na Paraíba, com uma produção diária superior a 12 mil pães, voltada a dez unidades penitenciárias da Região Metropolitana de João Pessoa.
Também são parceiros do projeto de ressocialização o 1º Juizado Especial de Mangabeira, Associação das Esposas dos Magistrados e Magistradas da Paraíba (Aemp-PB), Secretaria de Administração Penitenciária, Moinho Dias Branco e a Fundação Cidade Viva. Os dez reeducandos que trabalham na panificadora passaram por um curso de capacitação, que viabilizou a melhoria na qualidade do pão servido para 5.218 apenados das unidades prisionais das comarcas de João Pessoa, Bayeux e Santa Rita.
A juíza auxiliar da VEP, Andréa Arcoverde Cavalcanti Vaz, falou sobre o projeto. “Essa parceria é muito importante para o Sistema Penitenciário, pois beneficia diretamente mais de cinco mil pessoas privadas de liberdade com a melhoria da qualidade do pão servido no café da manhã”, declarou.
Segundo o diretor da Penitenciária Hitler Cantalice, José de Arimateia Figueiredo, os funcionários que trabalham na padaria estão cumprindo suas penas nos regimes aberto, semiaberto e no livramento condicional. “A padaria funciona há mais de dez anos. Na minha administração, são quatro anos de produção diária, com grande contribuição na ressocialização dos presos. A cada três dias de trabalho, eles têm um dia de pena remido. Além disso, receberem uma remuneração por parte do Estado que corresponde a um salário mínimo, com direito a vale-transporte”, explicou.
O reeducando George Felizardo Brito trabalha na padaria há um ano e seis meses, mas já tinha experiência no ramo de panificação. “Quando você é preso, as portas se fecham. Aqui, tive a oportunidade de trabalhar. Devido ao meu conhecimento na área, ensino aos meus colegas, dando as dicas”, comentou. George está em livramento condicional e já abriu seu próprio negócio. “Fiz o curso do Senai (Serviço Nacional de Aprendizado Industrial) oferecido pela Penitenciária Média e aprendi a fazer bolo, bolacha, pão, salgados e está dando certo”, comemorou.
Outro apenado que trabalha na padaria é Francisco de Assis Albuquerque Bastos. Ele está no regime semiaberto e exerce a função de padeiro há mais de sete meses. “Tenho família e sempre trabalhei. Desde que entrei aqui, pedia ao diretor para me colocar na padaria. Graças a Deus, consegui e estou muito feliz com minha atividade. É muito interessante o trabalho e importante para os que querem, realmente, se ressocializar”, avaliou.
Atualmente, cerca de 500 pessoas cumprem pena na Penitenciária, sendo 18 na condição de regime fechado provisoriamente e mais três homens presos por questão de pensão alimentícia.
Por Fernando Patriota/Gecom-TJPB