Com base no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do autor Aldo Moura Neves de Mello apresentado à Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), tendo como título “COSTA BEIRIZ E A CATEDRAL DE NOSSA SENHORA DA LUZ: Histórias e Mudanças”, o português Antônio Rodrigues Gonçalves da Costa cumpriu uma promessa em deixar Lisboa por sobreviver a um terremoto no pequeno povoado chamado Beiriz, vejamos que o português ficou popularmente conhecido por Costa Beiriz por ocasião do referido povoado, hoje uma das principais ruas do centro de Guarabira é em homenagem a ele.
Nesta rua, encontram-se diversos comércios atacadista e varejista de vários segmentos diferentes. Costa Beiriz não teve nenhum impedimento em deixar Lisboa, instalou-se dentro do Brasil, na Paraíba, na cidade de Guarabira, trazendo consigo sua família, quatro filhos, um sobrinho, mas, no entanto, não existe documento sobre sua esposa, se ela teria vindo em sua companhia ou ficado em Lisboa.
Trouxe também a imagem de Nossa Senhora da Luz que substituiu a anterior Capela de Nossa Senhora da Conceição construída pelo Padre João Milanez em 15 de maio de 1730. A Capela passou por um processo de evolução e se transformou em Igreja, consequentemente chegou à condição de Catedral, processo este presenciado no Livro de Tombo da própria Igreja.
Nunes (2005) ressalta que, quando Costa Beiriz aqui se instalou com sua família, não existia praticamente nenhuma residência onde agora é a área urbana da cidade, a não ser a citada capela construída pelo Padre João Milanez que se encontrava em estado de abandono. Costa Beiriz construiu um engenho, com eixo de ferro, uma casa rudimentar, uma capela tosca de palha na qual de forma improvisado colocasse a imagem de Nossa Senhora da Luz no altar, que, posteriormente seria a padroeira de Guarabira.
A construção da Paróquia de Nossa Senhora da Luz é datada do dia 27 de abril de 1837, pelo decreto nº 17, tendo como primeiro pároco, o Padre José Pereira de Araújo, no qual o mesmo comandou até 1841. Vale salientar que o título dado a Nossa Senhora da Luz se deve a uma promessa do ilustre católico português Costa Beiriz.
Por meio de experiências vividas, pessoas com mais idades rememoram lembranças significativas dizendo que a preciosa imagem tinha um estilo barroco, talhada em madeira e com revestimento dourado por toda peça, como também seu altar, lembram-se do belo conjunto arquitetônico das colunas, vale relatar que muitas reformas foram feitas no altar, que, ao passar dos tempos foram perdendo sua originalidade, e, consequentemente, sumiram suas características barrocas. Já a catedral tinha uma arquitetura renascentista.
ALVES (2007) aborda que a Paróquia passou por uma segunda grande reforma, na gestão espiritual do Monsenhor Emiliano de Cristo entre 1933 a 1967, auxiliado pelos prefeitos Ferreira de Melo, Dr. Sabiniano Maia e Sebastião Duarte. É importante frisar que a fachada principal da Igreja, a torre e o relógio foram adquiridas com dinheiro da população como também concurso feito pelo jornal das moças, durante a festa da padroeira.
Mais de 100 anos se passaram, e no dia 27 de dezembro de 1980 foi reinaugurada a Catedral de Nossa Senhora da Luz, visto que sua arquitetura passou de Renascentista para Clássica e Moderna. Posteriormente, a Igreja passou a ser a nova Diocese de Guarabira que congrega mais de 37 municípios de pelo menos 3 microrregiões, sendo Guarabira sua sede Diocesana.
O primeiro Bispo da Diocese foi Dom Marcelo Pinto Carvalheira que recebeu no ato da inauguração o documento de Tombamento da Paróquia de Nossa Senhora da Luz, onde fica proibido qualquer tipo de reforma sem autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba.
Uma curiosidade, a Paróquia é mais antiga do que a própria cidade de Guarabira, esta última teve a sua Emancipação Política no dia 26 de novembro de 1887. No dia 26 de novembro de 2021, Guarabira completa 134 anos de Emancipação Política, já a Paróquia tem 184 anos de existência no ano de 2021.
No ano de 1900 deu início aos festejos da Padroeira de Nossa Senhora da Luz, a princípio, a Festa da Luz como ficou denomidada era organizada pelo pároco e pelas principais famílias da cidade, existia uma concorrência entre as famílias, pois cada qual era responsável por organizar uma noite. No local da festa, em frente à igreja, continham barracas de comidas típicas e de artesanatos da região, música regional e seus tradicionais concursos.
A procissão era seguida de Banda de Música que acompanhava os andores e os devotos executando os belos hinos religiosos. Como forma de entretenimento, surgiu à festa profana, uma vez que teve seu início de forma “separatista”, pois, de um lado, existia a festa nos pavilhões que, por sua vez, era tida como reencontro das famílias que pertenciam à alta sociedade de Guarabira e região, e, de outro lado, a festa popular, aberto ao público em geral.
Umas das particularidades da festa, comentado até nos dias de hoje pela população, era o fato do locutor do parque de diversão a pedido de algum apaixonado, oferecer músicas românticas para a pessoa amada nos autofalantes dos parques de diversões. A festa profana passou por modificações durante o tempo, com o seu crescimento, a mesma passou a ser realizada no centro da cidade, posteriormente foi para o Bairro Novo e atualmente se encontra em lugar específico, chamado Parque do Poeta Ronaldo Cunha Lima.
REFERÊNCIAS:
ALVES, Ednaldo. Guarabira Um Olhar Sobre o Passado. Guarabira/PB, 2007.
COLEHO, Cleodon. Guarabira Através dos Tempos. Guarabira/PB. Tipografia Nordeste, 1955.
MELLO, Aldo Moura Neves de. Costa Beiriz e a Catedral de Nossa Senhora da Luz: Histórias e Mudanças. Trabalho de Conclusão de Curso, (Graduação em História) – Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Humanidades. Guarabira/PB, 2016.
NUNES, Nonato S. Guarabira – 1603-1887 – Missão, Vila, Cidade. Copyright by N. S. Nunes. João Pessoa/PB. Editora Rousseau, 2015.
*LIVRO DE TOMBO E REGISTRO DA CATEDRAL NOSSA SENHORA DA LUZ DE 1887. (Diocese de Guarabira/Original).
Raylson Soares
Mestrando (Formação de Professores – Universidade Estadual da Paraíba – UEPB)
Especialista em Historiografia Brasileira
Historiador e Professor de História (Graduado pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB)