Nordestina. Paraibana. Nascida em Bayeux e crescida em Santa Rita, ambas na Grande João Pessoa. Sayonara Elayne criou uma página no Instagram chamada Nordestinos com uma função simples, mas de resistência: desconstruir o preconceito criado em torno do Nordeste. Hoje, no Dia do Nordestino, Sayonara, de 25 anos, mostra que ser dessa região é motivo de orgulho e tradição.
Comunicóloga e estudante de marketing digital, a jovem decidiu largar o cargo de repórter que tinha em um portal da Paraíba para seguir dando atenção maior à página no Instagram, que surgiu em 2014. O momento político marcava a reeleição de Dilma Rousseff, situação em que muitos nordestinos sofreram ataques xenofóbicos, em várias redes sociais. As pessoas “culpavam” os nordestinos pelo resultado da eleição, mas com xingamentos e ofensas.
“Eu fui atacada por ser nordestina e eu criei a página naquele dia como forma de protesto para mostrar que o Nordeste não era o que eles pensavam. Falaram que eu era muito bonita para ser nordestina, perguntaram se tinha água na minha casa por eu morar no Nordeste…”
Sayonara conta que começou a perceber que a mídia tratava o nordestino sempre de forma caricata. E as páginas na internet começaram a surgir com esse trabalho de mostrar quem eram as pessoas dessa região para quem ainda exalava preconceito. “A ideia do Nordestinos é justamente essa, quebrar esse tabu, mostrar que o nordestino tem uma cultura muito além, muito rica”, declara.
Inicialmente, apenas Sayonara administrava a página. Mas depois algumas pessoas passaram a contribuir. Entre elas, o humorista Swami Marques e pessoas de Pernambuco e da Bahia, com o objetivo de auxiliar Sayonara com gírias, expressões e maneiras de falar também de outros estados. Hoje, ela voltou a ser a única administradora.
Para criar o conteúdo, Sayonara utiliza ferramentas que conseguem transformar ideias em publicações onde quer que esteja. Se está viajando, se precisa sair ou se viu algo na rua que está viralizando, ela tem a facilidade de fazer tudo pelo celular.
A página, inclusive, se tornou tema de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Sayonara, um webdoc sobre xenofobia na internet, falando sobre a página e com comentários de pessoas que já sofreram ataques na internet por serem nordestinos.
Hoje, a renda financeira de Sayonara vem da página, por meio de publicidade e parcerias. Além disso, a criação da página fez com que ela começasse a conhecer melhor o Nordeste. Hoje viaja divulgando lugares e destinos da região. Conheceu quatro estados e tem pretensão de conhecer o restante nos próximos dois anos.
Para sair da mesmice, criou quadros dentro da rede social, como “Comidas Nordestinas”, em que ela mostra como se faz alguns pratos típicos da região. Também divulga o turismo, por onde viajar, mostrando a gastronomia nordestina, através de parceiros.
“Tenho muito orgulho de ter nascido nessa região rica em cultura e única, não consigo me imaginar em outro lugar, eu sou definitivamente apaixonada pelo Nordeste. Com a criação da página, agora tenho um meio de expressar todo o meu amor e motivar outras pessoas também a abrir o seu coração para essa região. Tenho uma sorte danada por ser nordestina e paraibana, e se depender de mim o nome do Nordeste será enaltecido em todos os lugares, inclusive nas redes sociais virtuais”, ressaltou Sayonara.
Papel de Bodega
Ainda no clima nordestino, neste sábado (10), as TVs Cabo Branco e Paraíba apresentam uma edição especial do programa Papel de Bodega com poeta paraibano Jessier Quirino. Desta vez, o programa será uma homenagem ao Dia do Nordestino. O programa vai ao ar logo após Jornal Hoje.
G1paraíba