Donald Trump permanecerá no cargo até 20 de janeiro de 2021, quando deverá passar a Presidência para seu sucessor, Joe Biden, e entra para o exclusivo clube de ex-presidentes americanos. O que acontecerá dali em diante com o político e megaempresário?
Há sempre o lucrativo circuito de palestras, a chance de escrever um livro de memórias ou de planejar uma biblioteca presidencial.
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Jimmy Carter se envolveu em causas humanitárias; George W. Bush passou a pintar. Mas Trump nunca foi um político tradicional.
“Donald Trump quebrou diversas normas como presidente”, afirma Tim Calkins, professor de marketing da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos.
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“Não há razão para pensar que Donald Trump agirá como qualquer outro ex-presidente que tenhamos visto.”
Eis aqui algumas possibilidades.
Ele pode concorrer de novo
A derrota para Biden em 2020 pode não ser o fim da linha para as ambições políticas de Trump — ele pode dar uma de Groover Cleveland e concorrer a um segundo mandato presidencial.
Cleveland é o único presidente a deixar a Casa Branca e retornar quatro anos depois; ele assumiu o cargo em 1885 e novamente em 1893.
A Constituição americana diz que “nenhuma pessoa será eleita para o cargo de presidente mais de duas vezes”, mas não há nada sobre os mandatos precisarem ser consecutivos.
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Ex-assessores indicam que Trump pode tentar fazer exatamente isso.
“Eu certamente o colocaria na lista de candidatos que provavelmente concorrerão em 2024”, disse recentemente o ex-chefe de gabinete, Mick Mulvaney.
Trump adora comícios de campanha e recebeu 71,5 milhões de votos na eleição, um montante recorde para um candidato derrotado que demonstra claramente que ele tem uma base significativa de apoio na sociedade americana.
“Ele deixará a Presidência com uma marca, em alguns aspectos, tão poderosa quanto era quando assumiu a Presidência”, diz Calkins.
Há também especulações de que o filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr., está interessado em concorrer ao cargo de presidente, e o pai não fez nenhum movimento para conter as conjecturas. O mesmo se fala sobre a filha Ivanka.
Resgatar seu império empresarial
Antes de ser político, Trump era um magnata do mercado imobiliário, um astro de reality shows e embaixador de sua própria marca, usando seu nome para lucrativos contratos de licenciamento.
Ele pode estar ansioso para retomar no ponto em que parou há quatro anos e voltar ao mundo dos negócios.
Em reportagem, o jornal americano “The New York Times” afirmou que Trump tem mais de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões) em empréstimos com vencimento nos próximos anos — embora ele tenha dito que isso representa “uma pequena parcela” de seu patrimônio líquido.
A Organização Trump possui vários hotéis e campos de golfe.
Há propriedades da marca Trump em Mumbai, Istambul e nas Filipinas — e, claro, Washington, DC — e campos de golfe nos EUA, no Reino Unido, em Dubai e na Indonésia.
Mas se esse for o caminho que o presidente escolher em janeiro, ele terá muito trabalho pela frente.
Muitos de seus empreendimentos estão na indústria de viagens e lazer, que foi gravemente afetada pela pandemia do coronavírus.
Segundo a revista americana Forbes, sua fortuna pode ter sofrido um abalo de até US$ 1 bilhão devido às restrições com a covid-19.
Com base em duas décadas de declarações fiscais, o “New York Times” também relatou “perdas crônicas e anos de evasão fiscal”, dizendo que não ele pagou imposto de renda algum em 10 dos últimos 15 anos, “principalmente porque relatou ter perdido muito mais dinheiro do que ganhou”.
Tanto a Organização Trump quanto o presidente classificaram a reportagem como imprecisa.
Para Calkins, da Universidade Northwestern, o presidente provou repetidamente que tem uma capacidade incrível de manter sua marca “em voga” e ela permanece forte — mas não inalterada — pela Presidência.
“Ele se tornou muito mais polarizador e bastante diferente do que era, o que de certa forma torna menos atraente como marca comercial”, diz Calkins.
“Agora, se você vai se casar em um hotel Trump, isso é realmente uma declaração (política), e não era o caso antes da Presidência.”