Novos depoimentos serão colhidos na audiência de instrução e julgamento, da próxima sexta (dia 16), no Rio de Janeiro, dos envolvidos no escândalo da Cruz Vermelha gaúcha, dentre eles, especialmente, Daniel Gomes da Silva (acima), considerado o cabeça da organização criminosa, sua secretária-particular Michele Louzada Cardoso e o empresário Roberto Kremser Calmon.
O feito iniciou em 26 de julho, com as audiências de instrução e julgamento na 42ª Vara Criminal, presididas pela juíza titular Alessandra de Araújo Bilac Moreira Pinto (abaixo). São vários os réus, mas alguns deles interessam particularmente à Paraíba pelas ligações com o braço da organização criminosa no Estado.
Daniel, como se sabe, chegou a doar para a campanha de Ricardo Coutinho na eleição de 2010, através de seu tio Jaime Gomes. Em julho de 2011, ou seja, no ano seguinte à eleição, ele conseguiu fechar, com o governador Ricardo Coutinho, o contrato de terceirização do Hospital de Trauma via Cruz Vermelha gaúcha.
Em dezembro de 2018, ele foi preso no Rio de Janeiro, ao retornar de Portugal, onde o Ministério Público identificou vários bens adquiridos com a propina. No mesmo dia, o empresário Roberto Kremser foi preso num hotel de luxo em João Pessoa. Kremser foi liberado, na semana passada, após colaborar com as investigações e vai responder no julgamento em liberdade.
Kremser era integrante do esquema e, conforme as investigações da força tarefa, operava para prospectar o roteiro dos pagamentos às organizações sociais que tercerizavam serviços na área de Saúde, especialmente a Cruz Vermelha gaúcha e o Ipcep, e definir os valores que deveriam ser repassados aos agentes públicos beneficiários das propinas.
Michele Louzada (acima, com Leandro Nunes) confessou ter vindo à Paraíba, na eleição de 2014, em avião fretado trazendo dinheiro para a campanha à reeleição de Ricardo Coutinho, ante a iminente vitória de Cássio Cunha Lima, que havia vencido o primeiro turno. Michele também foi flagrada entregando caixas de vinho com mais de R$ 900 mil ao ex-assessor Leandro Nunes Azevedo, num hotel do Rio de Janeiro, quando também foi presa em flagrante.
Daniel negociou a retirada de um habeas-corpus no Superior Tribunal de Justiça, antes do início do julgamento, sinalizando ter acerta colaboração com o Ministério Público. Michele e Kremser, que fecharam termos de colaboração com a Justiça, foram liberados com medidas cautelares, para responder no julgamento em liberdade.