O SNP (Partido Nacional Escocês, em inglês) lançou um plano para realizar um segundo referendo sobre a independência da Escócia, no sábado (23). A sigla governista quer aprovar seu próprio projeto de lei para uma nova consulta caso conquiste maioria nas eleições parlamentares.
O pleito está agendado para 6 de maio. “O governo [do Reino Unido] terá de concordar com isso ou tomar medidas legais para contestar a base legal do referendo”, diz o documento ao qual a Reuters teve acesso.
A medida vai na contramão do que defende Boris Johnson. O primeiro-ministro britânico diz que não há necessidade de uma nova votação, uma vez que os eleitores escoceses rejeitaram a saída em 2014.
Os nacionalistas escoceses, contudo, argumentam que o panorama mudou após o Brexit, a saída oficial de Londres da UE (União Europeia), cuja relação foi encerrada em 31 de dezembro.
Estima-se que 58% da população apoie a independência. O índice é o mais alto dos últimos anos e reflete impopularidade do Reino Unido junto aos escoceses. Em 2014, ano do primeiro referendo, 55% se disseram contrários à saída.
Consequência do Brexit
Com uma maioria contrária à saída do bloco europeu, Edimburgo defende que a ruptura com Bruxelas, selada com um acordo no último dia 24 e concluída na virada do ano, vem “no pior momento possível”.
O país classifica a conduta do governo inglês como “incompetente” em meio à crise da Covid-19. A recessão econômica causada pela pandemia e pelo Brexit também não favorece as relações entre Londres e Edimburgo.
Além da Escócia, uma pesquisa lançada no sábado (23) pelo jornal inglês “The Times” aponta que 51% dos eleitores da Irlanda do Norte são favoráveis à realização de um referendo sobre a independência nos próximos cinco anos.
A reivindicação pela independência escocesa é forte no país e já dura três séculos. A Escócia foi independente entre 843 a 1707, e sua reunificação ao Reino Unido é até hoje motivo de discussão.