A Missão de Observação Eleitoral da OEA (Organização dos Estados Americanos) na Bolívia considera como “melhor opção” a convocação de um segundo turno para resolver as disputadas eleições entre o presidente Evo Morales e seu principal adversário, Carlos Mesa – afirmou o porta-voz da organização nesta quarta-feira (23), mesmo que Morales consiga ser eleito no primeiro turno por uma margem muito ínfima.
Ao apresentar em Washington o relatório preliminar da Missão na Bolívia, o diretor do Departamento de Cooperação e Observação Eleitoral da OEA, Gerardo Icaza, observou que, com 96,78% das atas computadas, a apuração final dava uma diferença de 9,48% entre Morales e Mesa, de acordo com a agência France Presse.
“Caso, após o cálculo, a margem de diferença seja superior a 10%, é estatisticamente razoável concluir que será por uma porcentagem muito pequena. Devido ao contexto e aos problemas evidenciados nesse processo eleitoral, continuaria sendo uma opção melhor convocar um segundo turno”, afirmou.
“O clima de polarização, a desconfiança no árbitro do processo eleitoral e a falta de transparência de suas ações, bem como a desigualdade na disputa e o ajuste do resultado das eleições, geraram uma alta tensão política e social”, afirmou.
De acordo com a lei boliviana, para evitar um segundo turno, o candidato vencedor precisa vencer por 50% dos votos mais um ou de um mínimo de 40% dos votos e de uma vantagem de 10 pontos percentuais sobre o adversário.
Protestos permanentes
Enquanto isso, Morales continua afirmando ter certeza de que poderá sair vencedor sem ter que disputar um segundo turno. “Eu estou quase certíssimo de que com os votos de áreas rurais vamos vencer no primeiro turno”, afirmou novamente, nesta quarta.
O presidente denunciou que “está em processo um golpe de estado”, em aparente referência aos protestos e à greve indefinida anunciados no país. “Quero que o povo boliviano saiba que até agora suportamos humildemente para evitar a violência e não entramos em confronto”, disse. Ele afirmou que o país está em estado de emergência e “em mobilização pacífica, constitucional e permanente” em uma rede social.
Já seu adversário convocou uma mobilização permanente até que a situação seja definida e o órgão eleitoral declare oficialmente que o segundo turno será realizado. “Não vamos permitir que nos roubem uma eleição pela segunda vez”, acrescentou Mesa, referindo-se ao resultado de um referendo de 2016, que não foi reconhecido por Morales para se candidatar a um quarto mandato.