Um futuro promissor no universo da arte é o sonho de Rita de Cássia Oliveira Silva, de 11 anos. A menina que mora em Remígio, no Agreste da Paraíba, usou as aptidões artísticas natas para ajudar a família no presente. Ela produz histórias infantis feitas à mão e as vende para ajudar a construir uma casa para ela morar com a mãe e a irmã mais nova, Maria Isabely da Silva Medeiros, 7 anos.
A mãe de Rita de Cássia, Jacimere Carvalho da Silva, de 40 anos, disse que foi contra a ideia de que a criança se preocupasse com a situação da casa delas. A residência erguida com barro e fios de bambu está localizada no sítio Mata Redonda, zona rural da cidade.
“Ela me perguntava o que fazer para ajudar. Eu falava que ela deveria estudar e quando terminasse os estudos me ajudaria. Mas ela não aceitava. Ela escreveu historinhas e queria vender junto com a irmã. Mas eu proibi porque elas são crianças”, justificou Jacimere.
As filhas ficaram tristes. Para confortar as pequenas, a dona de casa propôs que elas gravassem um vídeo para anunciar o trabalho, que foi publicado em uma rede social por um tio da menina.
“Eu não tive pretensão nenhuma. Foi uma espécie de consolo mesmo. Ela falou tudo por conta própria e tomou uma repercussão que eu nem estou acreditando”, pontuou.
No vídeo, Rita mostra a situação do teto e das paredes do local, que ela carinhosamente chama de lar. A garota desabafa e diz que tem medo que a estrutura desabe sobre ela, a mãe e a irmã.
“O dinheiro não é pra eu comprar bobagens. É pra ajudar na construção da nossa casa. As paredes já estão caindo nas nossas cabeças, em tempo da gente amanhecer debaixo dos escombros”, lamentou.
A preocupação não ofuscou a doçura da criança. Com delicadeza na voz e esperança nos olhos, ela contou do que fala a historinha que segura nas mãos e oferece para venda.
“Esse aqui é ‘Gentileza a gentileza’. É um livro que ensina a seu filho ou sua filha a fazer uma gentileza. Assim o mundo vai ter crianças que ajudam ao próximo e que fazem o bem”, reforçou.
Casa tem problemas na estrutura e corre o risco de desabar
A casa em que Rita mora com a família tem cinco cômodos pequenos. O teto está cheio de fissuras e as paredes de remendos. Jacimere contou que está desempregada e que elas vivem com a quantia mensal de R$ 600. Parte do valor é recebido através de um projeto do Governo Federal e a outra fatia é da pensão alimentícia que o pai de Rita paga.
“A casa está prestes a cair sobre nossas cabeças. A madeira está podre. Estou vendo a hora de o teto desabar. Quando chove, entra muita água dentro de casa”, desabafou Jacimere.
Embora esteja cheio de amor, as meninas sonham com um lar que lhes proporcione mais conforto. Maria Isabely desenvolveu até problemas respiratórios por causa da poeira e da umidade produzidas no local.
‘Os sonhos dela são infinitos’, diz mãe da garota
Rita sonha em ser atriz, bailarina e produtora de filmes e musicais. Ela gosta de contar histórias e se destaca na escola pública onde estuda, desde que foi alfabetizada. Qualquer pedaço de papel serve de alicerce para que a pequena dê asas à imaginação.