O nível de ocupação na Paraíba registrou queda de 4,5 pontos percentuais no 2º trimestre deste ano, se comparado ao primeiro, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD C). O indicador, que passou de 44,4% para 39,8%, representa a proporção de pessoas ocupadas no total da população de 14 anos ou mais. O percentual ficou um pouco acima da média da região (39,4%), mas abaixo da verificada no país (47,9%), embora todos tenham registrado queda.
Frente ao mesmo período do último ano, houve diminuição de 6,2 pontos percentuais no indicador. Também foi constatada redução na taxa de participação na força de trabalho, que leva em consideração as pessoas que estavam ocupadas e as desocupadas que procuraram emprego. A proporção, no total de pessoas em idade de trabalhar, caiu de 51,7%, no 1º trimestre deste ano, para 45,7%, no 2º.
Segundo a pesquisa, isso ocorreu porque o contingente de pessoas que estavam no mercado de trabalho e, portanto, faziam parte da força de trabalho, teve redução de 178 mil pessoas, ou -10,8% (passou de 1.656 mil para 1.477 mil pessoas), entre o 2º trimestre de 2020 e o anterior. Quando esse resultado do 2º trimestre é comparado com igual período do ano de 2019, a redução é de 206 mil pessoas (12,2%).
Essa redução no contingente pertencente à força de trabalho, por sua vez, deveu-se à redução simultânea no total das pessoas ocupadas e no total das pessoas desocupadas (estavam procurando trabalho), de forma a promover um aumento expressivo no contingente fora da força de trabalho – que inclui aquelas pessoas que não estavam ocupadas, nem procuraram trabalho. Esse indicador cresceu 12,3% entre o primeiro e o segundo trimestres de 2020, passando de 1,5 milhões de pessoas, para 1,7 milhões, respectivamente. Na comparação entre o segundo trimestre de 2020 e o segundo de 2019, o aumento foi de 220 mil pessoas (14,3%).
Embora a população desocupada tenha caído no segundo trimestre de 2020, quando comparado com o trimestre anterior (-38 mil pessoas, ou -16,8%) e em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (-11 mil pessoas ou -5,6%), a taxa de desocupação no estado foi de 12,8% no 2º trimestre deste ano, demonstrando estabilidade estatística se comparada às observadas no primeiro trimestre deste ano (13,8%) e no segundo trimestre de 2019 (11,9%), com diferenças de um ponto percentual para menos e de 0,9 p.p. para mais, respectivamente.
Isso decorre do fato de que a taxa de desocupação é o resultado da divisão do contingente de desocupados pelo total das pessoas na força de trabalho e, como houve forte redução da população na força de trabalho, o resultado final encontrado foi de uma relativa estabilidade neste indicador.
Em relação ao contingente de ocupados, houve uma redução de 140 mil pessoas, que equivale a 9,8%, no segundo trimestre em comparação com o trimestre anterior. Tendo em vista o 2º trimestre de 2019, a queda foi ainda maior, de 13,1%, com redução de 194 mil pessoas ocupadas.
As atividades econômicas que registraram as maiores reduções percentuais no total de pessoas ocupadas, do primeiro para o segundo trimestre, foram: indústria geral (-18,4%); construção (-22,2%); alojamento e alimentação (-23,5%); serviços domésticos (-24,4%); e outros serviços (-28,1%).
Taxa de informalidade cai na Paraíba
Também houve retração na taxa de informalidade paraibana, que passou de 51,3%, no 1º trimestre deste ano, para 47,2% no último trimestre. Conforme a PNAD, enquanto no primeiro período havia 732 mil pessoas ocupadas informalmente, na Paraíba, no segundo esse número foi de 608 mil.
A mesma situação foi observada no cenário nacional, com a queda da taxa de 39,9% para 36,9%. No entanto, a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explicou que essa diminuição na informalidade não se deve a um maior nível de formalização do trabalho. “De fato houve queda na informalidade, porque os trabalhadores informais foram mais atingidos com a perda da ocupação. A queda na ocupação foi puxada por trabalhadores informais”, ressaltou.
Os dados apontam que a Paraíba teve a maior redução proporcional do país no número de ocupados como empregados sem carteira assinada, no setor privado, redução essa que foi de 35,2%. O total caiu de 222 mil trabalhadores, no 1º trimestre, para 144 mil, no 2º. Entre os com carteira, a queda foi de 13,1%. Além disso, houve redução de 29,7% entre os trabalhadores domésticos que atuavam sem carteira.
Efeitos da pandemia de Covid-19 na coleta
Devido à pandemia de Covid-19, as pesquisas por amostragem domiciliar do IBGE passaram a apresentar percentuais de não-resposta (entrevista não realizada) mais elevados do que usualmente é esperado. Embora não haja, até o momento, prejuízos à qualidade dos indicadores-chave da PNAD Contínua, no âmbito da divulgação trimestral, são necessárias melhorias metodológicas. Sendo assim, foram suprimidos alguns domínios de divulgação, sem prejuízo para a qualidade da informação.
“Para esta divulgação, os indicadores foram desagregados somente até as unidades da federação e retiramos as desagregações sociodemográficas, como sexo e cor ou raça, assim como dados de rendimento por categoria de ocupação e atividades”, esclarece a coordenadora de Trabalho e Rendimento, Maria Lúcia Vieira.
Wscom