O julgamento de 12 homens acusados pelo sequestro e estupro em grupo de uma adolescente marroquina em agosto do ano passado, um caso que comoveu o país, foi adiado poucos minutos após seu início.
O juiz remarcou o processo para 25 de junho, depois que tantos os advogados dos réus como o da vítima pediram mais tempo de preparação.
Crime comoveu o país
Em um vídeo publicado em agosto e que viralizou, uma adolescente de 17 anos de uma família pobre contou que havia sido sequestrada, detida, violentada e martirizada durante dois meses por um grupo de homens de sua aldeia, Oulad Ayad, na região central do Marrocos.
Durante o depoimento em vídeo, ela mostrou as marcas de queimaduras de cigarro e tatuagens que, segundo ela, os agressores fizeram em seu corpo durante o cativeiro, gerou indignação no reino e uma forte mobilização contra “a cultura do estupro e da impunidade”.
A jovem afirmou à agência de notícia AFP que ainda está traumatizada e que o que aconteceu não é fácil de suportar. Além disso, afirmou que espera o início dos tratamentos para tirar as tatuagens, e que sempre que olha para as mãos, se lembra do que aconteceu.
O juiz pediu para observar as tatuagens durante o julgamento, afirmou o advogado da vítima.
No Marrocos, poucas vítimas denunciam crimes sexuais
A decisão de romper o silêncio e expor os crimes publicamente é algo incomum em uma sociedade conservadora, que leva as vítimas a não denunciar pelo medo do que pode provocar sobre sua reputação e suas famílias.
Os 12 acusados, com idades entre 19 e 29 anos, comparecem ao tribunal de apelação de Beni Mellal, que julgará o grupo por acusações de “maus-tratos a seres humanos, estupro, formação de quadrilha, sequestro e confinamento”.
Outro acusado será julgado de forma separada porque era menor de idade no momento dos crimes.