O defensor público da cidade de Bayeux, na região da Grande João Pessoa, José Belarmino de Souza, de 66 anos, irmão do professor da UEPB, Belarmino Mariano Neto, morreu na manhã desta quarta-feira (13) em Bayeux com suspeita de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. O defensor público tinha deficiência visual congênita e desde pequeno precisou lidar com a limitação. Mesmo com o problema, “Belá”, como era chamado pelos mais íntimos, se formou e atuou por 37 anos como defensor público.
De acordo com a irmã de Belá, a professora da UFPB Joana Belarmino, ele tinha diabetes. Ele deixa esposa, quatro filhos e duas netas. Joana conta que o início dos sintomas gripais foi registrado na quarta-feira (6). Com o passar dos dias, foram piorando, passando de tosse e dor de garganta para vômito e rouquidão.
Até que nesta quarta-feira o quadro se agravou e José Belarmino morreu a caminho da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Bayeux. “A família dele, que morava com ele, nos contou que eles acham que foi um infarto, mas pelos sintomas, nós acreditamos que foi por Covid-19. Infelizmente temos uma testagem muito baixa no nosso país, é preciso que esse número de testes seja ampliado. Meu irmão morreu e a gente não sabe realmente a causa da morte”, lamentou a professora.
Joana lembrou que “Belá” era muito querido em Bayeux, principalmente por ter trabalhado por tantos anos atuando na Justiça em prol das pessoas que não tinham condições financeiras de constituir um advogado. A UPA de Bayeux recolheu o material de José Belarmino para realização de testes de análise para constatação do coronavírus. A Secretaria Municipal de Saúde considera a morte dele como caso suspeito de Covid-19 e aguarda o resultado do exame.
“Os familiares que moravam com ele, a esposa, as duas filhas, até os namorados das filhas que frequentavam a casa, precisam ser testados para o coronavírus. A falta de testes prejudica demais no tratamento das pessoas com suspeita”, comentou.
Ainda de acordo com Joana Belarmino, irmã da vítima, ela chegou a conversar com ele na terça-feira (12). Ela conta que Belar estava rouco. “Foi muito rápido, a evolução do estado de saúde dele foi rápida. Eu só soube na terça-feira que ele estava com todos esses sintomas gripais. Ele era diabético, mas estava relativamente bem. Foi muito de repente e as evidências apontam para a Covid-19”, relatou Joana.
A Defensoria Pública do Estado da Paraíba lamentou a morte e afirmou em nota que Belá, como era conhecido pelos mais íntimos, era “vocacionado, dedicou 37 anos à assistência jurídica gratuita, na defesa dos mais humildes, e tornou-se uma referência na cidade de Bayeux”.
O Instituto dos Cegos da Paraíba, órgão no qual Belá entrou aos nove anos de idade, foi aluno interno e e participou de diversas atividades, também se manifestou.
“Concluiu o Curso de Ciências Jurídicas pela Universidade Federal da Paraíba e se especializou na área do direito civil. Belá era defensor público no Estado da Paraíba. E, também, atuou como assessor jurídico no Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha. Ele parte deixando-nos o exemplo de homem íntegro, simples, humilde e amigo”, informou a nota.
Fonte: G1PB