Um conhecido intelectual chinês, crítico do regime comunista, está desaparecido depois de ter sido interrompido durante uma entrevista ao vivo a um canal de TV americano e ser levado por forças de segurança.
Sun Wenguang, um professor universitário octogenário e aposentado, dava uma entrevista por telefone ao canal de televisão em mandarim da rede Voice of America (VOA), financiado pelo governo americano, quando as autoridades invadiram seu domicílio em Jinan (leste da China).
“A polícia voltou para me obrigar ao silêncio!”, gritou Sun, informando que oito membros das forças armadas se encontravam em sua casa, segundo a gravação de áudio divulgada.
As ligações feitas pela AFP para seu celular e seu fixo não foram atendidas. Tampouco as autoridades de Jinan responderam a perguntas.
“O canal VOA acompanha atentamente a situação, e transmitirá notícias ao público quando for possível”, indicou a porta-voz da rede americana, Bridget Serchak.
Este incidente é uma demonstração do endurecimento, nos últimos cinco anos da chegada ao poder do presidente Xi Jinping, da repressão contra os militantes dos direitos civis e as vozes dissidentes do poder central.
Sun Wenguang redigiu no mês passado uma carta aberta a Xi Jinping na qual criticava a “diplomacia do carnê e do cheque” de Pequim na África.
“Ouçam o que eu digo. É algo errado?”, questionou Sun aos policiais que o retiravam de casa. “A gente é pobre (na China). Não joguemos nosso dinheiro na África, isso não ajuda nossa sociedade”, tentou explicar.
Sun, um dos mais antigos militantes dos direitos civis na China, é vigiado de perto pelas autoridades.
Em 2008, assinou um manifesto pedindo eleições livres, um texto que levou o universitário Liu Xiaobo para a prisão, antes de receber o Prêmio Nobel da Paz e falecer preso.
Em 2009, Sun foi agredido violentamente ao forçar um cordão de isolamento de guardas armados diante de sua casa, quando tentava ir ao aniversário da morte de Zhao Ziyang, um dirigente reformista, marginalizado pelo Partido Comunista por opor-se, em 1989, à violenta repressão dos manifestantes de Tiananmen.
Fonte: AFP