A Universidade de Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) apresentaram nesta quarta-feira (8) uma ação na Justiça para anular a decisão do governo de Donald Trump de revogar os vistos dos estudantes estrangeiros obrigados a acompanhar cursos on-line, devido à pandemia do coronavírus.
“Defenderemos este caso com vigor para que nossos estudantes internacionais — e estudantes internacionais de instituições de todo país — possam continuar seus estudos sem a ameaça da deportação”, afirmou o presidente de Harvard, Lawrence Bacow, em um comunicado.
O processo conjunto foi aberto em um tribunal de Boston, Massachusetts, e tenta bloquear temporariamente a decisão da agência que controla a imigração para o país, a ICE.
Harvard anunciou que os cursos do ano acadêmico que começa em setembro serão virtuais, devido à pandemia de coronavírus. Nos Estados Unidos, já são quase três milhões de infectados e mais de 130 mil mortos.
Na terça-feira (7), o presidente Trump chamou a decisão de “ridícula”.
Enquanto isso, o MIT oferecerá aulas presenciais apenas para um número muito limitado de estudantes, já que os jovens no campus deverão se submeter a testes de diagnóstico pelo menos duas vezes por semana e ter seu próprio dormitório.
A decisão do governo dos EUA de revogar os vistos “veio sem aviso prévio, e sua crueldade é perdida apenas por sua irresponsabilidade”, disse o presidente de Harvard.
“Parece que foi planejado de propósito para pressionar as universidades a abrirem seus campi para aulas presenciais neste outono, ignorando preocupações com a saúde e com a segurança de estudantes, professores e outros”, acrescentou Bacow.
Cerca de 5,5% dos estudantes das universidades americanas são estrangeiros, e muitas instituições dependem fortemente de suas matrículas.
Campus da Universidade Harvard, nos EUA, em foto de 10 de março — Foto: Brian Snyder/Arquivo/Reuters
Na segunda-feira, o ICE anunciou que os estudantes que já se encontram nos Estados Unidos e têm cursos universitários on-line “devem deixar o país, ou tomar outras medidas, como se matricular em uma escola com cursos em sala de aula para manter seu status legal”.
Caso contrário, correm o risco de serem submetidos a processos de deportação.
Trump, que busca um novo mandato nas eleições de 3 de novembro, está pressionando o país a retomar as atividades normais para revitalizar a economia – ainda que a pandemia não esteja sob controle.