O ministro da Economia, Paulo Guedes, trabalha para convencer a ala política do governo Jair Bolsonaro a corrigir o salário mínimo em 2020 apenas pela inflação, sem dar ganho real aos trabalhadores, informou um interlocutor do ministro.
Até 15 de abril, o governo precisa enviar ao Congresso o projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2020, que, entre outros pontos, trará uma previsão do valor do salário mínimo para o ano que vem.
A política de valorização do mínimo ocorre desde o governo Lula (PT) e foi transformada em lei por sua sucessora Dilma Rousseff. A regra, entretanto, teve validade encerrada em janeiro deste ano.
No cálculo vigente até o reajuste de 2019, o salário mínimo foi corrigido levando em conta a inflação no ano anterior somada ao PIB de dois anos antes, o que permitiu alta real em períodos de crescimento econômico.
A ideia de não conceder aumento acima da inflação tem relação com o esforço fiscal do governo. Isso porque o reajuste salário mínimo aumenta o valor de benefícios da Previdência, o que impacta diretamente os gastos públicos.A decisão de Guedes, entretanto, ainda precisa passar por duas etapas no governo. Na semana que vem, está prevista uma reunião da JEO (Junta de Execução Orçamentária), na qual ele levará a proposta para ser ratificada.A Junta, que até o ano passado era formada pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e da Casa Civil, está com formação reduzida após a reestruturação ministerial. Agora, é composta apenas por Guedes e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
No encontro, deve ser colocado na balança o desgaste público que pode ser gerado com a medida, já que, em caso de manutenção da regra atual, o baixo crescimento econômico levaria a um ganho real moderado, de 1,1%, equivalente ao crescimento do PIB de 2018.
Se Lorenzoni for convencido a não dar o aumento acima da inflação, ainda restará a palavra final do presidente Jair Bolsonaro.