É fato que a política requer posicionamento, principalmente de um ente público. Isso é o que cobra desde o início da pandemia de Covid-19 a oposição de Guarabira à deputada estadual Camila Toscano (PSDB), sobre a atuação do prefeito Marcus Diogo (PSDB) nas medidas sanitárias.
Diante de uma catástrofe mundial na saúde, o prefeito de Guarabira chegou a ir numa rádio local reclamar das restrições que o Governo da Paraíba adotou para conter o avanço do novo coronavírus, à época. Não foi por outra razão que o Poder Judiciário, a pedido do Ministério Público, o proibiu de atuar na contramão daquilo necessário para controlar a contaminação das pessoas.
A gestão de Marcus somente dois meses depois de decretar estado de calamidade pública de saúde criou um comitê gestor de crise da pandemia. Além de não ter aberto um novo leito hospitalar para socorrer pacientes de Covid, preferindo deixar para o Estado (a obrigação de sozinho) garantir internamento e tratamento para os doentes mais graves. E o Estado não deixou nenhum morrer a míngua.
Isso fez com que a cidade pagasse o preço de ter chegado a ser a terceira com mais casos de infecção de Covid, na Paraíba. Gerando críticas de lideranças e membros da oposição, que cobraram atuação do prefeito para frear a pandemia, pois desde o início sua gestão foi omissa, negligente, contraditória quanto às responsabilidades que a ela cabia.
Aliado político da herdeira do clã Toscano, apesar de estar em seu primeiro mandato como prefeito, Marcus faz uma gestão de continuidade já que assumiu efetivamente a administração de Guarabira desde o falecimento do ex-prefeito Zenóbio, do qual era vice, em junho de 2020.
Durante mais de um ano de pandemia, não se tem registro de Camila opinando sobre a condução do prefeito (o qual ajudou a se eleger) de sua ‘terra eleitoral’: nem contra, nem a favor de qualquer ato ou decreto.
Contudo, a parlamentar parece ter justificado sua inércia no dia-dia de Guarabira em votação, nesta terça-feira (5), na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB). Ela se juntou à minoria dos sete deputados que votaram contra o ‘passaporte da vacina’, que garante o controle sobre aglomerações e impõe restrições de acesso àqueles que se negarem a tomá-la.
Calar-se diante de absurdos, mais do que aceitá-los, é normalizá-los. Camila pode não ter respondido à oposição, de fato, mas deixa claro que segue a ideologia do prefeito de Guarabira e, infelizmente, vai no sentido contrário do que prega a ciência e do que já é adotado em vários países – a exemplo de Portugal, França, Japão, Holanda, Grécia, Coreia do Sul, Irlanda, Itália, Israel, Áustria , Dinamarca, Letônia, Eslovênia, Luxemburgo, entre outros que têm restringido o acesso de quem não tomou vacina a locais fechados, com o objetivo de conter a propagação do vírus.
Uma coisa sabemos, Camila segue um pensamento diferente de 94% dos brasileiros que aprovam a vacinação em massa, segundo pesquisa divulgada recentemente pelo Datafolha.