O médico Denis Cesar Barros Furtado, que realizou procedimento estético na cobertura de um apartamento na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, resultando na morte de uma paciente, tem anotações criminais antigas por homicídio, porte ilegal de arma e ameaça; na Justiça, é reu em mais de dez ações.
Denis teve a prisão temporária decretada pela Justiça do Rio, assim como a mãe, também médica. Ambos estão foragidos. A namorada de Denis, Renata Fernandes, que trabalhava como secretária da clínica, está presa.
A polícia chegou a pedir a prisão temporária – que permitiria que Renata ficasse presa por 5 dias – mas ela foi negada pela Justiça. Na tarde desta terça-feira, ela seguia detida na 16ªDP (Barra da Tijuca). A advogada de Renata disse ao G1 que a cliente dela teve a prisão decretada e que ela estava indo ao Tribunal checar as informações.
Segundo a delegada Adriana Belém, da 16ª DP (Barra da Tijuca), quatro pessoas participaram do procedimento que levou à morte de Lilian Calixto.
- Denis Furtado, o Dr. Bumbum: ele não poderia trabalhar no Rio, porque só tem registro ativo nos conselhos regionais de Goiás e Distrito Federal. Está foragido.
- Maria de Fátima Barros, médica: a mãe de Denis também não podia atuar no Rio; seu registro foi cassado. Está foragida.
- Renata Fernandes, a namorada: começou a cursar Técnica de Enfermagem, mas abandonou os estudos. Foi presa.
- Rosilane Pereira da Silva, empregada: segundo a polícia, emprestava o nome para a abertura da clínica, que na verdade é um salão de beleza. Foi indiciada.
A Justiça entendeu que não era necessária a prisão de Rosilane, mas todos serão indiciados. “A mãe e o filho estão com prisão temporária pedida”, disse a delegada.
Versões dos indiciados
A advogada Naiara Baldanza, que defende Denis, emitiu nota sobre o pedido de prisão temporária contra ele. A defensora diz que é cedo para culpá-lo pelo crime e que Lilian “não apresentou qualquer complicação” durante a cirurgia
“Qualquer conclusão acerca da morte de Liliam Calixo (sic) e a eventual responsabilidade do meu cliente sobre essa fatalidade é precoce”, escreveu.
Na delegacia, Renata negou qualquer participação na cirurgia e afirmou que sua função era administrativa e que trabalhava como secretária. Segundo ela, o médico sempre disse que o procedimento era ambulatorial e que não era necessário usar sala cirúrgica.
Dez processos na Justiça
O médico é réu em mais de 10 processos no Tribunal de Justiça do Rio. Num deles, junto com a mãe, por conta da venda de um apartamento. O comprador alega que pagou R$ 100 mil, além de ter pago dívidas de condomínio e IPTU, mas o imóvel teria sido invadido por Maria de Fátima, que teria se recusado a assinar a escritura.
Ela alega que não invadiu o apartamento porque não sabia que tinha sido vendido e que a venda foi feita por uma intermediária que não tinha procuração para a negociação.
Na polícia, constam as seguintes passagens:
- Homicídio (1997)
- Porte de arma (2003)
- Crime contra a ordem pública (2003)
- Resistência a prisão (2006 e 2007)
- Exercício arbitrário da própria razão (2007) – quando a pessoa excede no direito de reagir em legítima defesa
- Violação de domicílio (2007)
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Como foi o procedimento
Parentes contaram que Lilian saiu de Cuiabá, em Mato Grosso, onde morava, para fazer um procedimento estético nos glúteos. Ela passou por complicações e foi socorrida ao Hospital Barra D’Or em estado extremamente grave, segundo a unidade de saúde, e acabou morrendo na madrugada de domingo (15).
A delegada conta que Lilian foi para a casa de Denis de táxi, no sábado à tarde, e pediu que o motorista a esperasse. Durante todo o tempo ela ligava pra o taxista para informar que estava tudo bem, mas que o procedimento estava atrasado.
Por volta das 22h, o taxista, preocupado, ligou para Lilian. O médico então desceu, deu R$ 300 ao motorista e o dispensou, dizendo que Lilian ia demorar porque era um jantar.
Médico fugiu de cerco e destruiu cancela
“O taxista ficou desconfiado e viu quando o médico saiu de carro levando a paciente para o Barra D’Or. E ligou para uma amiga da Lilian, que tinha feito o procedimento tempos atrás e indicado o médico”, contou a delegada.
Adriana Belém falou que Lilian chegou acompanhada de Denis e Renata no hospital. Ele se apresentou como médico, mas não informou nada sobre o procedimento estético. Quando a paciente morreu, ele e a namorada foram embora.
“A diretoria do hospital contou que Lilian, que ainda estava lúcida, descreveu o que havia acontecido”, disse a delegada, que foi informada da morte pelo hospital. A causa do óbito de Lilian ainda não foi divulgada.
“Conseguimos achar esse taxista, que acabou nos levando à suposta clínica, que é um salão de beleza. Depois que a paciente morreu, Renata ligou para o taxista para entregar os pertences de Lilian a ele. Eles marcaram no Downtown, onde fica o salão. Fomos atrás e prendemos a Renata. O Denis fugiu arrebentando cancela e tudo. A PM encontrou depois o carro dele abandonado”, narra.
“Quando a vítima contratou esse serviço, ela pensou que seria feito num consultório. Como já levantamos, ele faria isso com outra cliente, que acabou desistindo”, disse a delegada Adriana Belém.
G1