Anunciada como secretária executiva do Ministério da Educação, segundo cargo mais importante da pasta, a educadora Iolene Lima defendeu em entrevista que o ensino deveria ser baseado “na palavra de Deus”.
Em um vídeo de 2013, durante entrevista ao canal de TV evangélico Feliz Cidade, Iolene diz que o “primeiro matématico e geógrafo foi Deus” e que “as crianças começam a ter contato com essas matérias no primeiro livro da Bíblia Sagrada, o Gênesis”. Ela também defendeu organizar o currículo escolar “a partir das escrituras”.
“Uma educação baseada em princípios, é uma educação baseada na palavra de Deus. […] O aluno vai aprender que o autor da História é Deus, o realizador da Geografia é Deus. Deus fez as planícies, o relevo, o clima. O primeiro matemático foi Deus”, disse.
A nomeação para a secretaria executiva da pasta, no entanto, ainda não foi oficializada. Seu nome foi anunciado pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodrigues, pelo Twitter, na quinta-feira passada, dia 14, mas desde então o governo não a nomeou oficialmente.
A pasta tem passado por uma crise interna nos últimos dias. Vélez enfrenta uma disputa entre grupos rivais dentro do MEC. Segundo o BR18, a Casa Civil nem sequer aprovou a nomeação de Iolene, diretora de uma escola evangélica em São José dos Campos, para o cargo. Em uma semana, sete pessoas foram demitidas do MEC.
Segundo a coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, informou neste sábado, integrantes do governo disseram que o presidente Jair Bolsonaro ficou furioso com o fato da indicação da educadora ter sido atribuída a primeira-dama Michelle. As duas frequentam a Igreja Batista.
Em sua conta no Twitter, Iolene chegou a agradecer o fato de ter sido indicada para o cargo por Vélez. “Dediquei minha vida para a área da educação e me sinto honrada”, escreveu.
Damares
As referências a religião por integrantes do governo não é uma exclusividade de Iolanda. Em seu discurso de posse, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou que iria governar “com princípios cristãos”.
“O Estado é laico, mas esta ministra é terrivelmente cristã. Acredito nos desígnios e propósitos de Deus”, disse na ocasião.
A reportagem não conseguiu contato com Iolene neste sábado.
Fonte: Estadão