Uma sexóloga e ensaísta francesa nos convida a parar com a ideia de que, no amor, são os homens que tomam a iniciativa. Para a especialista, são eles que precisam ser iniciados na sexualidade
Um alerta importante da sexóloga, terapeuta e escritora francesa Thérèse Hargot: o amor está em perigo. “É uma forma de relação em vias de desaparecimento”, confidenciou à Aleteia após a publicação do seu último livro Qu’est-ce qui pourrait sauver l’amour ? (“O que poderia salvar o amor?”). Na obra, ela aposta que, em 2030, “os casais vão deixar de fazer amor”.
O desinteresse sexual se deve, segundo ela, ao individualismo galopante da sociedade, esquecimento do que constitui um elemento fundamental da sexualidade (o aspecto relacional) e a uma certa falta de entusiasmo.
Para a especialista, muitas mulheres colocam o ato de fazer amor em segundo plano ou até mesmo o veem como uma tarefa adicional. “Mas se as mulheres são infelizes em sua sexualidade, é porque são passivas”, argumentou Thérèse Hargot. “Algumas esperam que o homem conduza a dança, mas na sexualidade é a mulher que conduz. Os homens precisam ser apresentados ao sexo. Claro, eles sabem como são feitos os bebês, mas isso não leva necessariamente ao desenvolvimento sexual do casal”, acrescentou a especialista.
Fazer amor: iniciativa também das mulheres
Então, o que liderar a dança significa para uma mulher quando falamos em fazer amor? Longe de qualquer afirmação feminista (não é uma questão de dominar o homem, mas ao contrário, de entrar em sintonia), a sexóloga primeiro convida as mulheres a se conectarem com o que sentem, a ouvir seu corpo, seus desejos, para ouvir a si mesmo. Isso permitirá que elas estabeleçam o ritmo do relacionamento.
Além disso, a sexóloga compara a recepção da mulher a um convite para jantar: é quem a acolhe em casa quem dá o ritmo da noite, quem indica a hora de sentar para jantar etc. Na relação sexual, também cabe à mulher definir o ritmo. E é bom que o homem se adapte ao ritmo da mulher, que se controle para se dar na hora certa. É assim que o homem e a mulher podem alcançar momentos de comunhão de uma alegria comum.
Mas isso pode até ser um desafio, já muitas mulheres têm o hábito de ouvir os outros, enquanto o homem tende a ouvir a si mesmo. “O homem deve sair do seu egoísmo, aprender a ouvir a sua esposa”, insiste Thérèse Hargot, convidando neste sentido a revolucionar a forma de pensar o amor. Uma relação que traz alegria se for baseada na escuta, na comunicação e na confiança mútua.