As notícias falsas, chamadas fake news, são empecilho para o aumento da cobertura vacinal do HPV, de acordo com o Ministério da Saúde. Para ampliar o número de adolescentes vacinados e esclarecer a importância da vacina, a pasta quer aproveitar o início das aulas nas escolas para conscientizar jovens e responsáveis. A recomendação é que eles estejam atentos à atualização da caderneta de vacinação.
O problema das fake news não é apenas do Brasil. No início do mês, o Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (CIIC) vinculado à Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgou um comunicado alertando para o problema e afirmando que a vacina é segura e indispensável para eliminar o câncer de colo do útero.
O HPV é uma doença transmitida pelo papiloma, vírus humano que causa cânceres e verrugas genitais, atingindo meninos e meninas. A vacina só é administrada na adolescência, daí a importância da conscientização.
“O reinício do período escolar é um momento importante para que pais e filhos fiquem atentos à atualização da caderneta de vacinação. A medida evita a ocorrência de doenças entre os adolescentes”, diz o ministério. A pasta esclarece que os falsos rumores são um dos fatores que impedem uma maior cobertura vacinal. Outro fator é que muitos acreditam que não precisam da vacina.
Cobertura
As doses da vacina são ofertadas pelo Ministério da Saúde, durante todo o ano, nas Unidades Básicas de Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). A vacina é voltada para meninas com idade entre 9 e 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Eles devem tomar duas doses, com intervalo de seis meses entre elas.
A meta do ministério é vacinar, com as duas doses, 80% dos adolescentes, tanto meninas quanto meninos.
De acordo com a pasta, entre 2014 e 2018, foram vacinadas na faixa etária de 9 a 14 anos, 5,9 milhões de meninas com a segunda dose da vacina, o que representa 49,9% do público-alvo. Em relação à primeira dose, a cobertura vacinal nas meninas é de 70,3%. Já entre os meninos, a cobertura é de 20,1% do público-alvo.
Saúde na Escola
O levantamento Saúde Brasil 2018, do Ministério da Saúde, mostra que a infecção por HPV acomete pessoas de todas as condições sociais, sem distinção. A infecção é transmitida sexualmente ou por contato pele a pele.
O levantamento aponta que a prevalência do HPV no Brasil foi de 53,6%, sendo o HPV de alto risco para o desenvolvimento de câncer presente em 35,2%. O estudo avaliou 7.693 pessoas sexualmente ativas entre 16 e 25 anos.
O Programa Saúde na Escola (PSE), desenvolvido pelos Ministérios da Saúde e da Educação, é uma das iniciativas do governo para incentivar a vacinação dos estudantes. O prazo para os municípios aderirem ao programa vai até o dia 28 deste mês.
Fonte: Agência Brasil
Pelo menos 5,6 milhões de brasileiras não costumam ir ao ginecologista-obstetra, 4 milhões nunca procuraram atendimento com esse profissional e outras 16,2 milhões não passam por consulta há mais de um ano, indicou uma pesquisa da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) em parceria com o Datafolha, divulgada hoje (12).
Segundo a pesquisa Expectativa da Mulher Brasileira Sobre Sua Vida Sexual e Reprodutiva: As Relações dos Ginecologistas e Obstetras Com Suas Pacientes, o resultado mostra que 20% das mulheres com mais de 16 anos correm o risco de ter um problema sem ao menos imaginar. Foram entrevistadas 1.089 mulheres de 16 anos ou mais de todas as classes sociais, em todo o país.
Entre as mulheres que já foram ao ginecologista, seis a cada dez (58%) são atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto 20% passam pelo médico particular e outras 20% têm plano de saúde. Quando questionadas sobre qual especialidade médica é a mais importante para saúde da mulher, 68% citam a ginecologia, principalmente por mulheres que usam atendimento particular ou convênio. Em seguida, mencionam clínica geral e cardiologia.
“Sete em cada dez mulheres têm o ginecologista como seu médico de atenção para cuidar da especialidade e para cuidar da saúde de um modo geral. Não é diferente em outros países. É como se a ginecologia fosse a porta de entrada da mulher para a assistência básica de saúde. É muito comum a mulher que tem problemas que não são propriamente ginecológicos marcar consulta com o ginecologista e ele encaminhar para outro especialista”, explicou o presidente da Febrasgo, César Eduardo Fernandes.
O levantamento mostra ainda que nove de cada dez brasileiras costumam ir ao ginecologista – principalmente as que utilizam atendimento particular e convênio. Metade delas vai ao médico, sendo metade uma vez ao ano. Já 2% não têm frequência definida, 5% nunca foram e 8% não costumam ir.
Quando se trata do acesso ao ginecologista entre aquelas que já passaram por consulta, a média da idade para a primeira vez é de 20 anos e os motivos foram a necessidade de esclarecer algum problema ginecológico (20%), a gravidez ou a suspeita dela (19%) e a prevenção (54%). Normalmente quem as motivou a procurar o médico foram mulheres próximas (57%), a mãe (44%) ou mesmo a iniciativa própria (24%).
“Nós entendemos que a razão da primeira consulta não deveria ser por problemas ginecológicos ou gravidez. Acredito que falta da parte dos educadores e dos médicos esclarecer que a mulher deve ir na primeira consulta assim que iniciar seu período de vida menstrual ou até antes disso para entender quais são os eventos de amadurecimento puberal que ela tem para que possa ter noção de como deverá ser a sua habitualidade menstrual, para receber orientação sobre doenças sexualmente transmissíveis, iniciação sexual, métodos contraceptivos”, ressaltou Fernandes.
De acordo com as informações da pesquisa, entre aquelas que não costuma ir ao ginecologista, as razões mais alegadas são ‘não preciso ir, pois estou saudável (31%)’ e ‘não considero importante ou necessário ir ao ginecologista (22%)’. Há ainda aquelas que dizem não ter acesso ao médico ginecologista ou não haver esse especialista na localidade onde residem (12%), ter vergonha (11%), ou não ter tempo (8%).
Relação médico-paciente
Todas as brasileiras entrevistadas (98%) consideram importante que o ginecologista dê acolhimento, realize exames clínicos, dê atenção, aconselhe, passe confiança e forneça informações claras. Nove em cada dez dizem estar satisfeitas com esses atributos em seus médicos.
“Esse é o dado que mais nos envaidece. Os números são extremamente favoráveis à atenção dos ginecologistas. Essa é uma especialidade que precisa ser resgatada, porque ela é fundamental para a boa assistência à mulher. Claro que há especialistas que merecem condenação, mas essa não é a realidade da maioria dos ginecologistas e obstetras”, disse o presidente das Febrasgo.
Em uma situação de parto, 89% declararam que se sentiriam seguras com a assistência de um ginecologista/obstetra, percentual que cai para 54% se o atendimento fosse feito por um plantonista, 49% se fosse uma doula, 43% se fosse uma enfermeira e 42% caso o parto fosse acompanhado por uma parteira.
“Existe uma confusão conceitual por parte das pessoas, especialmente da mulher, com relação ao que é uma boa assistência ao parto. Então, ela pede à doula, que não é profissional de saúde, apesar de ser importante para oferecer suporte emocional e físico. Mas a doula não pode fazer o parto. Quem pode fazer o parto é uma enfermeira com formação obstétrica, desde que acompanhada por um médico”, disse Fernandes.
Interrupção da gravidez
A pesquisa mostrou ainda que sete a cada dez brasileiras acreditam que a decisão sobre a interrupção da gravidez cabe somente à mulher. Outras 25% disseram que a questão deve ser decidida pelas leis da sociedade. A Febrasgo destacou que não é nem contra nem a favor do aborto, mas luta pela descriminalização.
“Nós entendemos que essa é uma decisão da mulher. E isso está alinhado ao que 70% das mulheres pensam. Nossa legislação é da década de 40 e manda prender a mulher que faz o aborto e qualquer pessoa envolvida em ajudar essa mulher”, lembrou o presidente da Febrasgo.
Segundo Fernandes, a orientação da entidade é a de que os médicos não soneguem a informação e orientação sobre os prós e contras no momento em que forem indagados pela paciente que manifestar desejo bem discutido. “Mas a decisão não nos cabe e nem devemos induzi-la a tomar uma ou outra decisão. O problema começa quando ela nos pergunta para onde a encaminhamos porque não temos para onde encaminhar”.
Fonte: Agência Brasil
Atividades físicas, sociais e de lazer praticadas por idosos e pacientes com doença de Alzheimer podem ajudar a preservar funções cognitivas e a retardar a perda da memória, mostra novo estudo desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP) e na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Os estímulos promovem mudanças morfológicas e funcionais no cérebro, que protegem o órgão de lesões que causam as perdas cognitivas.
A descoberta foi feita por meio de um experimento com camudongos transgênicos, os quais foram alterados geneticamente para ter uma super expressão das placas senis no cérebro. Essas placas são uma das características da doença de Alzheimer. Os animais foram separados em três grupos: os transgênicos que receberiam estímulos, os transgênicos que não receberiam e os animais-controle que não têm a doença.
“Quando eles estavam um pouquinho mais velhos, por volta de 8 a 10 meses, colocamos parte desses animais em um ambiente enriquecido, que é uma caixa com vários brinquedos, e fomos trocando os brinquedos a cada dois dias”, explicou Tânia Viel, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP e coordenadora do projeto.
O experimento durou quatro meses e, após esse período, eles foram submetidos à avaliação de atividade motora, por meio de sensores, e de memória espacial, com um teste chamado labirinto de Barnes. Os resultados mostram que os camudongos transgênicos que foram estimulados com os brinquedos tiveram uma redução de 24,5% no tempo para cumprir o teste do labirinto, na comparação com os animais que não estiveram no ambiente enriquecido.
Também foram analisados os cérebros dos camundongos. Ao verificar as amostras do tecido cerebral, os pesquisadores constataram que os animais transgênicos que passaram pelos estímulos apresentaram uma redução de 69,2% na densidade total de placas senis, em comparação com os que não foram estimulados.
Além da diminuição das placas senis, eles tiveram aumento de uma proteína que ajuda a limpar essa placa. Trata-se do receptor SR-B1, que se expressa na célula micróglia. O receptor faz com que essa célula se ligue às placas e ajude a removê-las. “Os animais-controle, sem a doença, tinham essa proteína que ajuda a limpar a placa, inclusive todo mundo produz essa proteína. Os animais com Alzheimer tiveram uma redução bem grande dessa proteína e os animais do ambiente enriquecido [que tiveram estímulos] estavam parecidos com os animais-controle”, explicou Viel.
A pesquisadora diz que o trabalho comprova hipóteses anteriores e que agora o grupo trabalha para ampliar a verificação em cães e seres humanos. Para isso, será necessário, inicialmente, descobrir marcadores no sangue que apontem a relação com a doença de Alzheimer.
“Em ratos, a gente analisa o cérebro e o sangue para ver se esses biomarcadores estão tanto no cérebro quanto no sangue. Quando a pessoa perde a memória, há algumas proteínas que aumentam no cérebro e outras que diminuem. Nos cães e nos seres humanos, a gente está vendo só no sangue”, justificou. Com a descoberta desses marcadores no sangue, será possível fazer experimentos similares ao do camundongo, com testes motores e de memória, para confirmar ou descartar as alterações em cães e seres humanos após os estímulos.
Para Tânia Viel, como não se sabe qual ser humano desenvolverá a doença, quanto mais aumentar a estimulação na vida dele, melhor vai ser para a proteção do cérebro. “É mudar a própria rotina. Muita gente fala que não teve tempo para fazer outras coisas, mas se a pessoa tiver condições e puder passear no quarteirão, já começa por aí, fazer uma atividade física e uma atividade lúdica, passear com cachorro, com filho, curso de idiomas, de dança. Isso ajuda a preservar o cérebro”, sugere.
O estudo foi publicado na revista Frontiers in Aging Neuroscience e recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Fonte: Agência Brasil
A Secretaria de Estado da Saúde promoveu, na manhã desta terça-feira (5), uma reunião com o objetivo de definir estratégias para ampliar a doação de órgãos para transplantes na Paraíba. Participaram do encontro a secretaria estadual de Saúde, Claudia Veras, o secretário executivo de Gestão de Rede de Unidades de Saúde, Geraldo Medeiros, a diretora da Central de Transplantes da Paraíba, Gyanna Lis, além de médicos transplantadores da Paraíba e de Pernambuco.
Claudia Veras afirmou que o Estado assume o compromisso de avaliar todas as questões que envolvem o transplante de órgãos e que é de suma importância sensibilizar gestores, profissionais de saúde e a população em geral. “Nossa missão é explicar e fazer com que a população entenda como funciona a doação de órgãos e os transplantes. Ainda existe muito medo, por exemplo, com relação ao tráfico de órgãos e sobre acelerar o processo da morte de um ente querido para que os órgãos sejam doados. A informação de qualidade é um passo essencial para atingirmos o objetivo de ampliar as doações e, consequentemente, reduzir a média de tempo nas listas de espera”, disse a secretária.
Ela sugeriu, ainda, a realização de um seminário para mobilizar médicos e funcionários. “Com as atividades do dia a dia, existe a dificuldade de reunir esses profissionais com frequência. Temos total interesse em viabilizar essa estratégia, pois é evidente que o compartilhamento de informações precisas, troca de experiências e apresentação de ideias, é essencial no processo”, afirmou.
O secretário executivo de Gestão de Rede de Unidades de Saúde, Geraldo Medeiros, pontuou que é necessário estabelecer um trabalho contínuo, estabelecendo metas e mecanismos de avaliação de funcionários que trabalham diretamente com a doação de órgãos. “O gestor precisa assumir um perfil que estimula os funcionários a cumprir metas de captação de possíveis doadores. Esse mesmo gestor tem que transmitir engajamento à equipe, vestir a camisa e mostrar que o incentivo à doação de múltiplos órgãos é de suma importância, mas, principalmente, enfatizando que o objetivo primordial é salvar vidas”, observou.
Já a diretora da Central de Transplantes da Paraíba, Gyanna Lis, reforçou a importância da divulgação massiva de informações. “Devemos intensificar as ações educativas, com criação de banners e vídeos, por exemplo. Palestras para profissionais de saúde também são essenciais. Esse conjunto de estratégias eficientes vai aumentar, com certeza, a oferta de órgãos na Paraíba”, declarou.
O médico transplantador Claudio Lacerda, que atua no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em Pernambuco, e coordena a equipe de transplante de fígado no Hospital Nossa Senhora das Neves, na Paraíba, falou sobre o potencial do Estado com relação à captação de órgãos.
“É necessário aproveitar a potencialidade e inserir a Paraíba no cenário nacional da transplantação de órgãos. A doação é um gesto altruísta, ou seja, ninguém é obrigado, nem se pode comprar um órgão, é uma atitude espontânea. Sugiro uma agenda de eventos durante todo o ano e campanhas envolvendo a mídia (que alcança profissionais de saúde e a população). Investimento em saúde nunca é demais, estamos falando de respeito à vida”, disse o médico.
Fonte: Assessoria
CLÁUDIA COLLUCCI – Para enfrentar as pandemias causadas pela obesidade, desnutrição e mudanças climáticas, os governos devem conter os lobbies das grandes corporações e se unirem em torno de um tratado global semelhante ao que resultou no controle do tabaco.
É a conclusão de um novo relatório da revista médica The Lancet, que defende que os organismos internacionais comecem a tratar essa tripla pandemia, tida como o maior desafio para a saúde humana e ambiental deste século, como um problema único.
Os pesquisadores cunharam o termo “sindemia global” para definir as três pandemias, o que significa múltiplas doenças que interagem entre si e têm atores sociais comuns.
Quase um bilhão de pessoas no mundo passam fome ou estão desnutridas e outros dois bilhões têm sobrepeso ou obesidade em razão da má alimentação, o que contribui para doenças cardiovasculares, diabetes e câncer. Dietas não saudáveis respondem por até 11 milhões de mortes prematuras todos os anos.
Segundo Boyd Swinburn, professor da Universidade de Aukland e co-presidente da comissão que elaborou o relatório da revista The Lancet, os efeitos da desnutrição e da obesidade devem se tornar significativamente piores com as mudanças climáticas.
“A maneira pela qual os alimentos são atualmente produzidos, distribuídos e consumidos não apenas alimenta as pandemias de fome e obesidade, mas também gera de 25% a 30% das emissões de gases de efeito estufa que aquecem o planeta”, explica Swinburn.
De acordo com o relatório, somente a produção de gado é responsável por mais da metade desses gases, na forma de flatulência carregada de metano, e de CO2, quando as florestas -especialmente no Brasil- são desmatadas para acomodar o gado.
Apesar dos 30 anos de alertas da ciência sobre os impactos do aquecimento global, as emissões de CO2 atingiram níveis recordes em 2017 e novamente no ano passado.
Um sistema de transporte dominado por carros também contribui com 15% a 25% das emissões e estimula um estilo de vida sedentário. No entanto, não haverá mudanças a menos que os cidadãos comuns exijam um “repensar radical” da relação entre os formuladores de políticas públicas e os negócios, reforça o relatório assinado por 43 especialistas em pesquisa clínica, ciência climática e saúde pública.
“Poderosos conflitos de interesses, falta de liderança política e demanda social insuficiente por mudanças estão impedindo as ações”, escreveram os autores. Como todos esses problemas estão entrelaçados, as respostas devem ser também em conjunto, segundo os pesquisadores.
O relatório calcula os custos da inércia (em não lidar com essas questões) para a economia global. A obesidade traria gastos anuais para a saúde na ordem de US$ 2 trilhões (R$ 7,4 trilhões), além de perda de produtividade econômica –danos financeiros semelhantes aos causados pela violência armada e guerras.
Já a desnutrição estaria associada a uma redução de 11% dos PIBs da África e da Ásia. “A inação dos danos causados pelas mudanças climáticas irá eclipsar ambas as pandemias, custando entre 5% e 10% do PIB global”, estimam os autores.
Embora o relatório alerte para uma emergência global e devastadora, ele também descreve como o planejamento de políticas pode atacar os três pilares dessa sindemia global de uma só vez.”Como o sistema alimentar globalizado causa um quinto das emissões de gases de efeito estufa e impulsiona a obesidade e a desnutrição, as reformas direcionadas poderiam mitigar todos os três problemas de uma só vez.”
Os especialistas argumentam que os incentivos econômicos devem ser reformulados. São estimados em cerca de US$ 5 trilhões (R$ 18,4 trilhões) os subsídios governamentais para combustíveis fósseis e agronegócios. Uma das propostas seria canalizar esses incentivos para “atividades sustentáveis, saudáveis e ambientalmente amigáveis”.
Além do fim dos subsídios de produtos não saudáveis, o relatório sugere um tratado internacional envolvendo multinacionais de alimentos, nos mesmos moldes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da OMS (Organização Mundial de Saúde), de 2005.
“No caso do Brasil, temos a situação absurda de subsidiar a produção de refrigerantes na Zona Franca de Manaus. Isso exemplifica o lobby das mega corporações, que acabam sendo o maior obstáculo para implementação das políticas públicas efetivas para lidar com a má nutrição em todas as suas formas”, diz Paula Johns, diretora-geral da ACT Promoção da Saúde e que participou das discussões em torno do relatório, na Tailândia.
Segundo Johns, no caso da alimentação, os danos acabam atingindo desproporcionalmente as populações mais vulneráveis. “Não é diferente das questões que envolvem o tabaco e o álcool. São problemas sistêmicos e todos criados e alimentados por pessoas, portanto, é possível mudar. Mas são necessárias vontade e liderança política.”
Nos lugares onde ocorreu alguma mudança positiva de políticas públicas regulatórias, explica ela, sempre tem alguma liderança por trás e grande mobilização da sociedade. O México, por exemplo, aumentou a maior tributação de bebidas açucaradas.
As reações às recomendações da revista The Lancet estão fortemente divididas. Especialistas em saúde pública e clima comemoram o seu apelo por mudanças profundas. “Um sistema alimentar que garanta uma dieta melhor salvará milhões de vidas e, ao mesmo tempo, ajudará a salvar o planeta”, disse Katie Dain, CEO da Aliança de Doenças Não-Transmissíveis.
Já os representantes da indústria classificaram as recomendações como esgotadas e um ataque ao livre arbítrio. “Os fanáticos do ‘estado-babá’ não estão escondendo mais suas intenções de usar o projeto antitabaco para controlar outras áreas de nossas vidas”, disse Christopher Snowdon, chefe de economia do estilo de vida do Instituto de Assuntos Econômicos, com sede em Londres.
Para Paula Johns, existe uma crença de que a educação e as regras de mercado vão dar conta do problema. “Mas o que vemos é que mercados não são de fato livres e os subsídios são os melhores exemplos disso.” Com informações da Folhapress.
O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), assinou um decreto que determina a intervenção do Poder Executivo estadual na gerência, operacionalização e oferta de ações e serviços no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, e sua unidade de retaguarda, no Hospital Metropolitano de Santa Rita e no Hospital Geral de Mamanguape.
O decreto foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) desta sexta-feira (25). O prazo de intervenção é de 90 dias, podendo ser prorrogado por igual período.
A intervenção acontece nas questões técnicas, assistenciais, administrativas e financeiras das unidades hospitalares, com o objetivo, de acordo com o decreto, de manter a conformidade dos atos administrativos e o cumprimento das obrigações pactuadas e imprescindíveis à prestação dos serviços públicos de saúde.
Um dos motivos da intervenção considera a “ocorrência de fatos que indicam uma instabilidade institucional dentro das Organizações Sociais gestoras das unidades hospitalares”. Os fatos foram constatados pela Secretaria de Estado da Saúde e pela Superintendência de Coordenação e Supervisão de Contratos de Gestão.
Segundo o decreto, a instabilidade pode comprometer a continuidade da prestação dos serviços e a qualidade do atendimento aos usuários.
A intervenção tem como objetivos garantir o gerenciamento nas unidades hospitalares para evitar o comprometimento da prestação de serviços de saúde à população, assegurar o cumprimento das obrigações previstas nos contratos de gestão, por parte das Organizações Sociais e averiguar eventuais inconsistências e inconformidades no gerenciamento das unidades hospitalares.
O governador designou como interventores o Coronel Bombeiro Lucas Severiano de Lima Medeiros para o Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, e sua unidade de retaguarda, e o procurador de Estado Lúcio Landim Batista da Costa para o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires e para o Hospital Geral de Mamanguape.
A Secretária de Estado da Saúde deverá, no prazo de 30 dias, instaurar procedimento administrativo para apurar as causas determinantes da intervenção e definir responsabilidades.
O decreto informa que cabe ao interventor a prática de todos e quaisquer atos inerentes à intervenção, entre eles:
- adotar medidas de ordem técnica, assistencial e administrativa necessárias à manutenção e pleno funcionamento das unidades hospitalares de que trata este decreto, nos moldes acordados no contrato de gestão;
- emitir relatório de intervenção contendo o diagnóstico da situação das unidades hospitalares e os atos de intervenção, e, quando cabíveis, as medidas de ordem técnicas, administrativas e financeiras necessárias ao funcionamento das unidades de saúde;
- exigir todas as informações contábeis e financeiras, inclusive requisitar saldos e extratos bancários diários das contas vinculadas, do período correspondente aos contratos de gestão;
- autorizar, previamente, toda e qualquer ordenação de despesa e movimentação financeira pela organização social contratada;
- determinar, quando necessário, que a Organização Social contratada proceda à rescisão e à suspensão de contratos, podendo, ainda, suspender pagamentos a fornecedores e a prestadores de serviço de qualquer natureza;
- exigir do representante da Organização Social contratada que apresente relatório patrimonial, financeiro e inventário de bens e equipamentos das unidades objeto do contrato;
- solicitar servidores, insumos, serviços e informações de outras repartições públicas para o pleno desempenho das sua funções de interventor e das atividades previstas no contrato de gestão;
- determinar, quando necessário, que a Organização Social contratada proceda à contratação, ao afastamento temporário ou ao desligamento de empregados;
G1
O Icecure, como é chamado, congela e mata o tumor. Ele foi criado pela empresa IceCure Medical,de Tel Aviv.
Trata-se de um dispositivo médico minimamente invasivo para o tratamento de tumores. A técnica, mais barata, começou a ser oferecida no final do ano passado, em Israel pelo Elisha Medical Center, um hospital privado localizado no norte da cidade de Haifa.
A professora aposentada Nelida Ivaldi, diagnosticada com um tumor no seio, passou pela terapia para congelar o tumor e ficou surpresa com a rapidez do procedimento do método, quase indolor.
A sessão demorou de 20 a 30 minutos e o procedimento é minimamente invasivo.
Como
A crioablação é um processo que usa frio extremo para destruir o tecido.
O processo é feito com agulhas ocas que levam fluidos refrigerados, termicamente condutivos para a região próxima ao tumor.
Uma sonda de metal é inserida no seio e depois congela apenas o tecido alvo, deixando os tecidos saudáveis ilesos e uma pequena cicatriz que se cura em poucos dias.
Como não requer nada mais do que um ultrassom, o paciente pode voltar à sua vida normal assim que o tratamento terminar.
Custo
Eyal Shamir, CEO da Icecure, disse à Reuters que o tratamento é bem mais barato que o tradicional.
Custa em torno de US $ 4.000, quase R$ 16.000,00, isso representa um terço do custo de uma cirurgia de mastectomia média, garantiu.
O tratamento já está sendo feito comercialmente nos EUA, no Japão, no México e em vários países da Europa.

Ilustração de como a tecnologia da IceCure Medical congela os tumores usando uma sonda e temperaturas extremamente baixas
Quem pode fazer
De acordo com Elizabeth Sadka, vice-presidente de Clínica Regulatória e Qualidade da IceCure, os critérios para o tratamento dependem do estágio, o tamanho e a forma do tumor.
No câncer de mama deve estar no estágio 1 ou 2 e o tumor sólido deve ter menos de 1 centímetro, aproximadamente.