Mais de 98% da população adulta da Paraíba tomaram a primeira dose da vacina contra Covid-19 até esta quinta-feira (28). O balanço foi divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde, com base no sistema de informação SI-PNI. Ao todo, já são 2.930.858 de paraibanos com a primeira etapa da imunização.
Outras 1.862.891 pessoas completaram os esquemas vacinais, onde 1.799.226 tomaram as duas doses e 63.665 utilizaram imunizante de dose única. Sobre as doses adicionais, foram aplicadas 5.686 em pessoas com alto grau de imunossupressão e 109.848 doses de reforço na população com idade a partir de 60 anos. A Paraíba já distribuiu um total de 5.801.312 doses de vacina aos municípios e aplicou 4.909.83 doses.
O prefeito de Pilõezinhos Marcelo Matias (Marcelo do Sindicato) participou na manhã desta terça-feira (19), da abertura oficial da Campanha “Outubro Rosa”, promovida pela secretaria municipal de Saúde. O evento com o tema: “Onde existe cuidado, a vida floresce!”, aconteceu no período da manhã, em praça pública.
Foram oferecidos à população, serviços gratuitos como atendimento médico e de enfermagem, palestras e aulão com profissionais do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) e realização de exames rápidos. As mulheres também foram recepcionadas com um belíssimo café da manhã acompanhado de show ao vivo (Alex Sintonizado), sorteios de brindes e panfletagem.
O vice-prefeito Beto Barbosa, a secretária de saúde Neide Monteiro, a secretária de assistência social e primeira-dama Eliane Santos e os vereadores Tizil, Tô Justo e Ninho de Deinha, também prestigiaram o evento.
A secretária de saúde informou que durante todo o mês de outubro serão realizadas palestras nas unidades básicas de saúde em alusão ao mês de conscientização da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e colo uterino.
Assessoria de Comunicação
O uso das máscaras para proteção contra a Covid continua sendo, por ora, uma arma importante no combate à pandemia segundo especialistas. Mas isso não significa que não seja possível –e até plausível–discutir parâmetros para a sua remoção.
Ao assumir o Ministério da Saúde, em março, Marcelo Queiroga, afirmou que a obrigatoriedade das máscaras seria mantida. Já em junho, ele encomendou um estudo para avaliar desobrigar seu uso, com conclusão prevista para outubro.
Desde então, o ministro já se posicionou diversas vezes contra a obrigatoriedade das máscaras, embora inúmeras evidências científicas hoje comprovem como a proteção –em especial as do tipo PFF2– são eficazes em conter de maneira significativa a transmissão do coronavírus.
Diante da possibilidade de uma mudança da exigência de proteção facial em espaços abertos pelo governo federal, os especialistas ouvidos pela Folha afirmam que é, sim, adequado fazer estudos e montar comitês científicos para definir quando e como o equipamento será flexibilizado, mas o momento é de cautela.
“O problema é a definição de ‘ambiente ao ar livre’. Um ponto de ônibus é um ambiente ao ar livre, mas as pessoas com frequência se aglomeram nesses espaços. Isso torna o lugar seguro? Não, não é bem assim”, explica a infectologista, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora da Unicamp Raquel Stucchi.
Para ela, o mais difícil –convencer a população a usar a proteção facial– já foi conquistado, e é melhor manter essa orientação. “O fato de os municípios terem decretado a obrigatoriedade do uso de máscaras, considerando que ainda hoje nem todos usem máscaras de boa qualidade –embora qualquer máscara seja melhor do que nenhuma– retirar agora seria jogar contra. O ideal seria reforçar daqui até o começo do próximo ano o uso de máscaras mais adequadas, com melhor poder de filtração”, afirma.
O mesmo raciocínio é defendido pela pneumologista e pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Margareth Dalcolmo. “Eu considero essa discussão extemporânea. A prioridade agora é fazer com que as pessoas que tomaram a primeira dose da vacina retornem para a segunda dose e aqueles que são elegíveis para uma dose de reforço o façam. Além disso, manter o uso de máscaras adequadas. Qualquer discussão que tire foco de um hábito extremamente útil, saudável, desejável e recomendável em uma virose respiratória que é usar máscaras de boa qualidade é uma perda de energia”, afirma.
Dentre alguns dos critérios que devem ser levados em consideração tanto pelo governo federal quanto por autoridades estaduais que queiram revogar a lei está o avanço na vacinação. O país completou na última quarta-feira (20) 50% da população com esquema vacinal completo.
Com essa medida em mente, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), afirmou que o município pode desobrigar o uso de máscaras, inclusive em locais fechados, quando alcançar 75% da população vacinada. Mas para os especialistas, mesmo uma cobertura vacinal elevada não deve ser o único fator a ser levado em consideração.
Dalcolmo reforça que os parâmetros para uma eventual remoção das máscaras, além da cobertura vacinal completa de ao menos 80% da população, é a taxa de transmissão do vírus (também chamada de R0 ou Rt) abaixo de 1.
Esse número indica para quantas pessoas alguém que está contaminado transmite o vírus. Se ele é de 2, por exemplo, isso significa que cada indivíduo com Covid passa a doença para mais dois.
Assim, para a pandemia estar controlada, o número precisa estar abaixo de 1 –para os especialistas, o ideal é liberar as máscaras quando o Rt estiver próximo de 0,5. Outros indicadores também devem ser levados em conta, como a manutenção de um patamar baixo e sustentado de hospitalizações e mortes por Covid.
Isso não significa, diz a médica, que em locais abertos e com distanciamento, como praias e parques, a máscara não possa ser removida. “Mas isso já é defendido pela comunidade médica e científica há meses. Não precisa de lei ou portaria para dizer que uma pessoa sozinha caminhando à beira-mar pode estar sem máscara. O que precisamos é de um discurso coerente, homogêneo, entre a comunidade acadêmica, a imprensa, as autoridades sanitárias e o Executivo.”
Além dos índices mais técnicos, por assim dizer, de controle da pandemia, há também o bom senso, explica o infectologista Jamal Suleiman, do Instituto de Infectologia Emilio Ribas. “Em espaços abertos não aglomeráveis é perfeitamente possível estar sem máscara. Agora, o que são esses espaços, como saber, aí vai da avaliação do risco individual. Não é que nunca chegaremos no momento de retirar as máscaras, apenas que em outubro de 2021, essa discussão ainda não condiz”, afirma.
Suleiman, no entanto, reforça que se há o interesse do governo em avaliar quando essa retirada será possível é preciso apresentar de maneira transparente para toda a sociedade quais os parâmetros usados para definir essa regra. “Os parâmetros a serem avaliados são redução do R0, cobertura vacinal, leitos hospitalares com baixa ocupação, mortalidade baixa, testagem de casos-índice? Esses dados todos têm que ser levantados. Feito isso, o caminho, eventualmente, será mesmo tirar as máscaras. Agora quando esses dados estiverem disponíveis a autoridade sanitária precisa torná-los públicos”, lembra.
E há um consenso de que quando essa flexibilização começar ela deve ter início, preferencialmente, nos espaços públicos abertos, e não em espaços fechados, afirma o pediatra e diretor da Sociedade Brasileira para Imunização, Renato Kfouri. Foi isso que fizeram países como Alemanha, Reino Unido e Portugal, que na última semana, determinou o fim da obrigatoriedade de máscaras nas ruas.
“Ao meu ver, o uso das máscaras em lojas, comércio, bares e restaurantes deve ser uma das últimas flexibilizações a ser feita. Por dois motivos, você não está beneficiando um setor que foi fortemente impactado com a pandemia ao abolir as máscaras, como foi a decisão de reabrir o comércio [para recuperar a economia], e obviamente dispensar o uso da máscara traz automaticamente a possibilidade de aumento de circulação do vírus”, diz Kfouri.
A determinação de quando será possível flexibilizar o uso, portanto, deve ser feita por um comitê técnico, como pretende o governo de São Paulo, explica o médico. “Não é possível dizer ‘quando atingirmos tantos por cento dá para tirar as máscaras. É necessário definir critérios, monitorar, e exigir que esses critérios sejam seguidos para a retirada das máscaras”, conclui.
Pela primeira vez em 580 dias a Paraíba não registrou nenhuma morte em decorrência da covid-19 no boletim epidemiológico divulgado diariamente pela Secretaria de Estado da Saúde. Segundo apurou o ClickPB, no boletim desta segunda-feira (18), foram registrados somente 42 casos de covid-19, sendo 7 (16,67%) considerados como moderados ou graves e 35 (83,33%) leves.
A primeira morte decorrente de covid-19 na Paraíba foi registrada em 17 de março de 2020. Desde então, os boletins diários traziam sempre registros de novas mortes. No mês de março de 2021, a Paraíba chegou a registrar 73 mortes em um único dia.
A ampliação da cobertura vacinal é o principal fator para a desaceleração dos casos e mortes provocados pela covid-19. O secretário de saúde, Geraldo Medeiros, comemorou o novo marco e comentou que o quadro atual representa “a vitória da ciência se aproximando”.

Agora, a Paraíba totaliza 443.927 casos confirmados da doença, que estão distribuídos por todos os 223 municípios. Até o momento, 1.192.348 testes para diagnóstico da Covid-19 já foram realizados.
Sem novos óbitos desde a última atualização, o estado permanece com 9.371 mortes resultantes de covid-19. O boletim registra ainda um total de 337.149 pacientes recuperados da doença.

* Dados oficiais preliminares (fonte: e-SUS Notifica, Sivep Gripe e SIM) extraídos às 10h do dia 18/10/2021, sujeitos à alteração por parte dos municípios.
Ocupação de leitos Covid-19
A ocupação total de leitos de UTI (adulto, pediátrico e obstétrico), em todo estado, é de 20%. Fazendo um recorte apenas dos leitos de UTI para adultos na Região Metropolitana de João Pessoa, a taxa de ocupação chega a 25%. Em Campina Grande, estão ocupados 15% dos leitos de UTI adulto e no sertão 31% dos leitos de UTI para adultos. De acordo com o Centro Estadual de Regulação Hospitalar, 06 pacientes foram internados nas últimas 24h. Ao todo, 110 pacientes estão internados nas unidades de referência.
Cobertura Vacinal
Foi registrado no sistema de informação SI-PNI, a aplicação de 4.682.311 doses. Até o momento, 2.939.980 pessoas foram vacinadas com a primeira dose e 1.684.230 completaram os esquemas vacinais, onde 1.616.649 tomaram as duas doses e 67.581 utilizaram imunizante de dose única. Sobre as doses adicionais, foram aplicadas 3.323 em pessoas com alto grau de imunossupressão e 54.778 doses de reforço na população com idade a partir de 60 anos. O SI-PNI, que informa sobre as doses aplicadas, está fora do ar, portanto os dados de vacinação não foram atualizados neste boletim. A Paraíba já distribuiu um total de 5.459.115 doses de vacina aos municípios.

O Dia D de Multivacinação acontece neste sábado (16). A campanha teve início no dia 1º de outubro e vai até o dia 29, com o objetivo de atualizar a situação vacinal, aumentar as coberturas e diminuir a incidência das doenças imunopreveníveis em todo o estado da Paraíba.
A técnica do Núcleo de Imunizações da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Milena Vitorino, explica que o Dia D é realizado para facilitar o acesso e aumentar a cobertura vacinal do Estado, pois muitos pais trabalham durante a semana e acabam não levando os filhos para vacinar. Por esta razão, mais de mil pontos de vacinação da Paraíba estarão abertos no sábado, das 8h às 17h. É importante lembrar que as salas de vacinação estão abertas mesmo fora do período de campanhas vacinais.
Ela afirma que a orientação da SES é que os municípios realizem suas ações seguindo todos os cuidados e evitando aglomerações. “Sugerimos que os municípios façam parcerias com ginásios, igrejas, locais amplos. Também sugerimos o trabalho com os agentes comunitários, fazendo busca ativa por microárea para que no Dia D não tenha uma grande aglomeração”, observou.
Milena Vitorino explica que manter a caderneta de vacinação das crianças e adolescentes menores de 15 anos em dia é uma questão de saúde pública, uma vez que doenças como o sarampo, a meningite e coqueluche afetam a saúde desses grupos etários. E ela alerta que as vacinas que protegem desses agravos estão com baixa cobertura.
“Sabemos que, por conta da Covid-19, pais e responsáveis estão com receio de levar seus filhos aos postos de saúde. Mas nos preocupamos com as doenças que já eram erradicadas, como o sarampo, e que voltou a apresentar casos novamente em nosso país. Vamos aproveitar essa campanha de multivacinação para que tenhamos uma população imunizada e que a gente não venha a ter novos surtos de outras doenças já erradicadas”, pontua.
Ao todo, são 18 vacinas ofertadas que fazem parte do calendário vacinal da criança e do adolescente e estão disponíveis em todos os postos nos 223 municípios paraibanos. A técnica da SES afirma que a meta de cobertura vacinal é de 90% para BCG e Rotavírus e 95% para as demais. Em 2021, até o momento, as coberturas estão abaixo de 70%, sendo BCG com 49,27%, Rotavírus Humano com 66,18%, Meningocócita C com 64,93%, Pentavalente com 66,24%, Pneumocócita com 69,76%, Polio com 65,36%, Febre Amarela com 44,78%, Hepatite A com 58,55%, Tríplice Viral D1 com 68,04%, Tríplice Viral D2 com 40,95%, HPV com 7% e Meninco ACWY com 5,9%.
Mais de 1 mil animais foram imunizados no Dia D da Campanha de Vacinação Antirrábica, em Pilõezinhos
A Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Saúde, promoveu no último sábado (9), o Dia D da Campanha de Vacinação Antirrábica, nas áreas rural e urbana do município de Pilõezinhos. A campanha resultou na vacinação de 1.048 animas, sendo 743 cães e 305 gatos.
Quem não conseguiu ir a um dos pontos de vacina disponíveis neste ‘Dia D’ poderá levar seu animal para imunizar ao longo da semana, explicou o coordenador de vacinação José Roberto.
Para que o animal seja vacinado, o cuidador deve levar o cartão de imunização do animal, mas aqueles que não tiverem o cartão também receberão o comprovante de vacinação. Caso seja a primeira vez em o que o animal será vacinado, o responsável deve ficar em alerta para a segunda dose, que deve ser realizada após 30 dias.
A Raiva
A raiva é uma doença infecciosa aguda viral que pode ser transmitida aos humanos por mordidas, arranhões e saliva de animas infectados em contato com a pele lesionada, ou mucosas.
A Paraíba registrou, nesta terça (12), 22 casos de Covid-19. Entre os confirmados hoje, 11 (50%) são moderados ou graves e 11 (50%) são leves. Agora, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) totaliza 443.203 casos confirmados da doença, que estão distribuídos por todos os 223 municípios. Atualmente, 1.189.656 testes para diagnóstico da Covid-19 já foram realizados, segundo dados obtidos pelo ClickPB.
Foram confirmados 02 novos óbitos desde a última atualização, todos nas últimas 24h e em hospitais públicos. Com isso, o estado totaliza 9.353 mortes. O boletim registra ainda um total de 335.299 pacientes recuperados da doença.
* Dados oficiais preliminares (fonte: e-SUS Notifica, Sivep Gripe e SIM) extraídos às 10h do dia 12/10/2021, sujeitos à alteração por parte dos municípios.
Óbitos
Até esta terça, 222 cidades paraibanas registraram óbitos por Covid-19. Os óbitos confirmados neste boletim ocorreram entre os residentes dos municípios de Fagundes (1) e Puxinanã (1). As vítimas são um homem e uma mulher, com idades entre 68 e 78 anos. Cardiopatia foi a comorbidade mais comum.
Ocupação de leitos Covid-19
A ocupação total de leitos de UTI (adulto, pediátrico e obstétrico), em todo estado, é de 24%. Fazendo um recorte apenas dos leitos de UTI para adultos na Região Metropolitana de João Pessoa, a taxa de ocupação chega a 27%. Em Campina Grande, estão ocupados 22% dos leitos de UTI adulto e no sertão 35% dos leitos de UTI para adultos. De acordo com o Centro Estadual de Regulação Hospitalar, 14 pacientes foram internados nas últimas 24h. Ao todo, 126 pacientes estão internados nas unidades de referência.
Cobertura Vacinal
Foi registrado no sistema de informação SI-PNI, a aplicação de 4.558.369 doses. Até o momento, 2.906.161 pessoas foram vacinadas com a primeira dose e 1.609.161 completaram os esquemas vacinais, onde 1.546.293 tomaram as duas doses e 62.868 utilizaram imunizante de dose única. Sobre as doses adicionais, foram aplicadas 2.455 em pessoas com alto grau de imunossupressão e 40.084 doses de reforço na população com idade a partir de 60 anos. A Paraíba já distribuiu um total de 5.104.223 doses de vacina aos municípios.
Os dados epidemiológicos com informações sobre todos os municípios e ocupação de leitos estão disponíveis em www.paraiba.pb.gov.br/coronavirus.
A pandemia de Covid-19 provocou o aumento global em distúrbios como a depressão e a ansiedade. É o que revela um estudo publicado no periódico científico The Lancet nesta sexta-feira (8). Segundo a pesquisa, foram 53 milhões de novos casos de depressão e 76 milhões de ansiedade em 2020.
Os números representam altas de 28% e de 26%, respectivamente, no período analisado. Entre os grupos mais afetados estão as mulheres e os jovens. Países mais atingidos pela pandemia também tiveram os maiores aumentos nos registros desses distúrbios.
Autor principal do estudo, o pesquisador Damian Santomauro, da Universidade de Queensland, nos Estados Unidos, ressaltou que, mesmo antes da pandemia, os sistemas de atenção à saúde mental na maioria dos países apresentavam falhas históricas como a falta de recursos e de organização para a oferta de serviços.
Segundo o especialista, as descobertas do estudo destacam a necessidade do fortalecimento dos sistemas de saúde mental para absorver a demanda crescente dos transtornos de depressão e ansiedade em todo o mundo.
“Promover o bem-estar mental, direcionar os fatores que contribuem para a saúde mental precária que foram agravados pela pandemia e melhorar o tratamento para aqueles que desenvolvem um transtorno mental devem ser fundamentais para os esforços para melhorar os serviços de apoio”, afirmou o pesquisador em um comunicado.
Para a psicóloga Karen Scavacini, da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS), a ampliação no acesso pela população de serviços gratuitos especializados em saúde mental é essencial para o acompanhamento da tendência de alta dos distúrbios.
“Precisamos ter um olhar de políticas públicas para encontrar soluções que alcancem o país como um todo. Desde o fortalecimento dos CAPS [Centros de Atenção Psicossocial], com o auxílio aos profissionais e ampliação das equipes que atuam nesses serviços. Vamos ter uma demanda maior que precisa ter o atendimento”, afirmou.
Sobre o estudo
O estudo publicado na Lancet avalia os impactos globais da pandemia no transtorno depressivo maior e transtornos de ansiedade, quantificando a prevalência e a carga dos transtornos por idade, sexo e localização em 204 países e territórios em 2020.
Os pesquisadores realizaram uma revisão sistemática da literatura para identificar dados de pesquisa populacional publicados entre 1º de janeiro de 2020 e 29 de janeiro de 2021. Usando uma ferramenta de meta-análise, os dados de estudos foram usados para estimar as mudanças na prevalência dos distúrbios de acordo com os diferentes indicadores populacionais.
A análise indicou que o aumento da taxa de infecção por Covid-19 e a redução do movimento de pessoas foram associados ao aumento da prevalência dos transtornos, sugerindo que os países mais afetados pela pandemia em 2020 tiveram os maiores aumentos na prevalência dos transtornos.
Na ausência da pandemia, as estimativas do modelo sugerem que teria havido 193 milhões de casos de depressão (2.471 casos por 100 mil habitantes) globalmente em 2020. No entanto, a análise mostrou 246 milhões de casos (3.153 por 100 mil habitantes), um aumento de 28% (mais 53 milhões de casos). Mais de 35 milhões dos casos adicionais foram em mulheres, em comparação com cerca de 18 milhões em homens.
Em relação à ansiedade, as estimativas sugerem que teria havido 298 milhões de casos de transtornos associados à condição (3.825 por 100 mil habitantes) em todo o mundo em 2020, se a pandemia não tivesse acontecido. A análise indica que houve uma estimativa de 374 milhões de casos (4.802 por 100 mil habitantes) no ano passado, um aumento de 26% (mais 76 milhões de casos). Quase 52 milhões dos casos adicionais foram em mulheres, em comparação com cerca de 24 milhões em homens.
Saiba onde procurar ajuda especializada
A especialista da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio afirma que além do investimento nos serviços de saúde, é preciso garantir que a população saiba como ter acesso ao atendimento.
Para ela, ainda existe uma perspectiva estigmatizada dos distúrbios da mente como fraqueza ou loucura. Além disso, o acesso ao tratamento também pode ser prejudicado diante da falta de conhecimento da disponibilidade de serviços gratuitos ou com preços acessíveis.
Para driblar essa dificuldade, ela criou o site Mapa da Saúde Mental, que permite a consulta de locais que oferecem esse tipo de atendimento.
“Precisamos diminuir os preconceitos, mostrando que a saúde mental não é frescura e que existe tratamento disponível. Além de reduzir o estigma da figura do psiquiatra e do psicólogo, que ainda estão muito ligadas à loucura ou a algo que é impossível de se pagar, e ajudar com que as pessoas conheçam os serviços existentes”, disse.
O site Mapa da Saúde Mental, também conta com uma lista de serviços voltados especificamente para as mulheres, incluindo atendimentos voluntários ou com preços acessíveis, de forma online e presencial, em todas as regiões do Brasil.
O Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) conta com um projeto e serviço chamado “Apoiar”, que realiza o atendimento online para pessoas de todas as idades. Em 2020, foram atendidas 1.532 pessoas em todo o Brasil.
“Nesse grupo, temos muitos jovens e adolescentes que realizam psicoterapia online, com a participação de mais de 500 terapeutas voluntários. O que temos visto é que o isolamento foi pior do que a pandemia para eles. O afastamento dos amigos e da escola tornou os adolescentes muito desmotivados para a vida”, afirma Leila Tardivo, coordenadora do projeto e professora do Instituto de Psicologia da USP.
O que explica o impacto maior sobre as mulheres
A sobrecarga de trabalho, a mediação de conflitos familiares e o aumento da violência doméstica são fatores que fazem com que o fardo da pandemia pese mais para as mulheres em relação aos homens. Segundo Scavacini, isso pode explicar também a maior incidência de distúrbios como depressão e ansiedade entre elas.
“O acúmulo de atividades que a mulher teve durante a pandemia explica uma boa parte dos casos de distúrbios. Desde ter que dar conta dos filhos na aula online, o próprio trabalho online e das coisas de dentro de casa, tudo ao mesmo tempo. Esse foi um fator da exaustão feminina e da falta de apoio”, afirma.
A psicóloga afirma que o aumento dos distúrbios, tanto em mulheres quanto em jovens, também pode ser associado ao abuso de álcool e à consequente elevação dos casos de agressão à mulher registrados durante a pandemia.
De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou, diante do isolamento social, 1.350 casos de feminicídio em 2020 – um a cada seis horas e meia. O índice é 0,7% maior em comparação ao total de 2019.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o aumento da notificação de casos de ansiedade, depressão, medo, tédio e incerteza foi acompanhado da elevação no consumo de álcool. Uma pesquisa feita pela Opas em 33 países e dois territórios das Américas apontou que 42% dos entrevistados no Brasil relatou alto consumo de álcool durante a pandemia.
Os dados foram coletados entre maio e junho de 2020, por um questionário respondido online. Ao todo, mais de 23 mil pessoas com idade acima de 18 anos responderam às questões relacionadas à Covid-19.
O peso da pandemia para os jovens
A pesquisa divulgada na Lancet corrobora os resultados de diversas análises que apontam que a pandemia impacta de forma significativa a saúde mental de crianças e adolescentes.
Segundo um estudo do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), seis a cada 10 jovens relataram ter sentido ansiedade e feito uso exagerado de redes sociais durante a pandemia. Além disso, 51% afirmaram ter sentido exaustão ou cansaço e 40% tiveram insônia ou distúrbios de peso.
Uma outra pesquisa, da Universidade de Calgary, no Canadá, apontou que a depressão e a ansiedade entre os jovens dobraram em comparação aos níveis pré-pandêmicos. A análise revisou 29 estudos com um total de mais de 80 mil participantes em todo o mundo, com idades entre 4 e 17 anos e idade média de 13 anos.
De acordo com os especialistas, o aumento da incidência dos distúrbios em jovens e crianças está associado principalmente ao isolamento social, adotado de forma preventiva à transmissão da Covid-19, a perda de objetivos e metas, devido às incertezas impostas pela pandemia, o afastamento escolar, com o fechamento das instituições, e dificuldades financeiras vivenciadas pelas famílias neste período.
“O jovem ainda está maturando seu sistema emocional. De forma diferente do adulto e do idoso que já têm mais capacidade emocional para lidar com as coisas. Além de estar em uma época em que esse contato social é fundamental para o desenvolvimento, e ser privado disso, o jovem também tem menos ferramentas para lidar com os fatores de estresse”, afirma Karen.
Para o psiquiatra e psicanalista Edson Guimarães Saggese, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o nível do impacto para a saúde mental de crianças e adolescentes com o fechamento das escolas ainda permanece incerto.
“Houve uma perda do contato com os colegas. A escola não é um lugar onde só se desenvolvem atividades didáticas e de aprendizagem, é um lugar de contatos afetivos. Para jovens e adolescentes esses contatos são especialmente importantes por que é uma idade em que as pessoas precisam ampliar o seu mundo, é o momento em que jovens e adolescentes constroem um novo mundo extra familiar”, afirmou.
O papel da escola
A professora da USP, Leila Tardivo, afirma que o retorno às atividades escolares também tem sido um momento difícil para alunos, educadores e gestores do ensino. “Os alunos perderam aula, perderam conteúdo e não têm interesse. Perder perspectivas e projetos de vida é algo muito preocupante. Esse efeito aconteceu de forma intensa entre os jovens”, disse.
Para os especialistas, as escolas são ambientes favoráveis para a abertura ao diálogo sobre as experiências vividas ao longo da pandemia e para a elaboração de sentimentos como o luto, a perda e as frustrações.
“É importante fazer grupos de conversa e deixar os alunos falarem. Vamos ouvi-los sobre o que aconteceu e como eles estão se sentindo diante de tudo isso. O sentido da vida cada um tem que ter o seu, mas é possível ajudar dando amparo, apoio, escuta e acolhida para que eles redescubram esse sentido”, afirma Leila.
Como é possível minimizar os impactos da pandemia
Diante de diagnósticos de distúrbios da mente, como a depressão e a ansiedade, a busca por atendimento especializado é fundamental para prevenir o agravamento dos transtornos. Além disso, contar com uma rede de apoio, como familiares e amigos, também contribui para minimizar os impactos nocivos da pandemia de Covid-19 para a saúde mental.
“A escuta é uma coisa muito importante, especialmente para mulheres, crianças e adolescentes. Ter um canal de comunicação, ou seja, a possibilidade de falar e alguém escutar. E escutar significa uma coisa ampla: escutar sem preconceito, sem receitas prontas, é algo que valoriza muito”, disse Saggese.
Técnicas de autocuidado também podem trazer benefícios para a saúde da mente. Segundo a psicóloga Karen Scavacini, o primeiro passo é buscar reconhecer quais são os gatilhos emocionais para cada indivíduo. Gatilhos, neste sentido, são as situações que disparam reações emocionais negativas, como a ansiedade, por exemplo.
“É importante identificar o que deixa a pessoa mais nervosa, ansiosa ou triste, e perceber o que muda tanto no corpo, como na emoção ou no comportamento quando ela não está bem. Ela começa a dormir menos, está mais nervosa, ansiosa, com menos paciência? Para cada pessoa isso pode ser diferente”, explica.
A especialista explica que, a partir disso, o próximo passo é buscar compreender o que é feito que pode melhorar ou piorar cada situação. “Por exemplo, melhorar a situação: fazer um exercício físico, tentar ter uma boa noite de sono, tomar um banho relaxante e fazer coisas que lhe deem prazer. Coisas que podem piorar: descontar no uso de álcool, entrar numa rede social e ficar comparando a vida com a de outras pessoas, arrumar briga ou ser mais agressivo, coisas que não são saudáveis”, acrescenta.
Por fim, a psicóloga recomenda o estabelecimento de uma rede de apoio, ou seja, pessoas com as quais se pode contar nas mais diversas situações, seja para ouvir um desabafo, para ajudar com a rotina da casa ou o cuidado com os filhos.




















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