O ano de 2022 foi marcado por grandes desafios para a agricultura e, especialmente, ao setor de fertilizantes. O conflito entre Rússia e a Ucrânia, dois grandes países produtores do insumo, impactou diretamente o setor e, consequentemente, colocou pressão na produção mundial de alimentos. O Brasil, por sua característica importadora destes insumos, é um dos países mais expostos a cenários externos adversos, sejam conflitos ou sanções, como ocorreu com Belarus em 2021.
Contudo, em razão dos esforços das indústrias, governo e entidades setoriais, os potenciais efeitos da guerra na disponibilidade de adubo para o mercado já ficaram para trás. Hoje há estoque abastecido e a garantia de que o agricultor terá insumos suficientes para esta safra. Porém, os acontecimentos recentes mostram que é fundamental que o país busque alternativas para reduzir a dependência externa. Um grande passo foi dado neste ano, com o lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes. O conjunto de iniciativas contou com a participação de inúmeras empresas, associações e grupos acadêmicos ligados ao setor, além da Embrapa e do Ministério da Agricultura e Pecuária. O Plano visa transformar a infraestrutura nas próximas três décadas para que o Brasil possa produzir pelo menos a metade dos fertilizantes que consome.
O Brasil possui uma agricultura pujante, a possibilidade da produção de biocombustíveis em larga escala e riquezas minerais únicas. O Plano é importante para dar mais segurança institucional e oferecer visões de longo prazo ao mercado, e é uma ferramenta de grande valia não só para os desafios atuais mas, principalmente, para o médio e longo prazo. O grupo de trabalho criado para desenvolvê-lo formulou diretrizes e ações que vão desde as melhores práticas no uso de insumos e modelos de produção agrícola de baixo carbono, muito bem alinhados com as agendas ESG, passando pelo fomento à produção local.
Nós, da Yara, acreditamos no desenvolvimento do país e de seu potencial para produzir e oferecer alimentos para todo o mundo, e temos meta de sermos neutros para o clima até 2050. Estamos promovendo alternativas para descarbonizar as indústrias em que estamos inseridos e promover um futuro ambientalmente sustentável, como o uso de biometano em substituição ao gás natural, que permitirá a produção de amônia verde no país e a redução das emissões de gases de efeito estufa em, pelo menos, 80%.
Cada vez mais, a sociedade demanda que empresas, indústrias e agricultores colaborem para combater o aquecimento global e construir um futuro sustentável para o planeta. A transição rumo a uma economia de baixo carbono é uma grande oportunidade para o Brasil, que tem como ativo uma relevante presença de matrizes energéticas renováveis. E os produtores rurais brasileiros têm interesse em transformar a forma de produzir alimentos, utilizando insumos com menor pegada de carbono e aproveitando a tecnologia à sua disposição para descobrir maneiras mais sustentáveis e produtivas para o manejo de sua lavoura.
O Plano Nacional de Fertilizantes é um guia para o país reforçar ainda mais o protagonismo no agronegócio mundial, conectando os diversos atores envolvidos com o setor para utilizar o grande diferencial agrícola brasileiro em favor do aumento da produção local de insumos e do desenvolvimento de alternativas sustentáveis, proporcionando um futuro neutro em emissão de carbono e com alimentos cada vez mais nutritivos para todos. É imprescindível que o novo governo mantenha as bases do PNF e empregue os esforços adequados para transformá-lo em políticas públicas e ações efetivas em prol do fertilizante nacional e, por consequência, à segurança alimentar mundial.
CNN