O então senador e hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU),Vital do Rego, foi um dos participantes de uma reunião que selou o pagamento de uma propina de mais de R$ 40 milhões que um grupo de parlamentares do MDB receberiam para apoiar a reeleição da petista Dilma Rousseff, em 2014. A revelação foi feita pelo delator Sérgio Machado, que confirmou que a residência oficial da presidência do Senado, ocupada naquele ano por Renan Calheiros, serviu de ponto de encontro de senadores do MDB para tratar do assunto.
O dinheiro, conforme reportagem do Antagonista com base na delação de Machado, foi pago pela J&F e retirado da propina que a empresa devia ao PT por negócios ilícitos envolvendo o BNDES e fundos de pensão. Coincidentemente, Vital do Rego foi indicado para o TCU pela então presidente Dilma Rousseff.
No último dia 4 de dezembro, ex-presidente da Transpetro detalhou como eram as reuniões:
“A primeira vez que tomou conhecimento desses fatos foi no início do mês de junho de 2014 antes das convenções do PMDB nas eleições do referido ano; que soube dos fatos durante reuniões ocorridas na residência do senador Renan Calheiros, em Brasília, na época então presidente do Senado; que soube desses fato por meio de senadores do PMDB que estavam presentes na residência do senador Renan Calheiros; que ao que se recorda os senadores presentes nas reuniões eram: Renan Calheiros, Jader Barbalho, Carlos Eduardo Braga, Romero Jucá, Eunício Oliveira, Vital do Rêgo, Edison Lobão e Waldir Raupp.”
“Várias foram as reuniões ocorridas em Brasília durante seguidas semanas; que o que se falava nas reuniões era que sem o apoio de uma maioria do PMDB, o PT teria perdido apoio do partido, e a coligação da candidata Dilma não teria sido referendada; que na ocasião o PT sabia dessa divisão dentro do PMDB, de sorte que não procurou o partido, mas sim um bloco, de senadores que exercia influência e controle notadamente em seus estados.”
“A confirmação sobre o pagamento dos 40 milhões a bancada do senado do PMDB realizada a pedido do PT, ocorreu por Ricardo Saud reservadamente junto ao depoente no interior da residência do senador Renan Calheiros; que se recorda que essa conversa se deu entre os meses de setembro e outubro de 2014.”
Ao falar sobre o assunto em sua delação, Ricardo Saud disse à PGR que pagou R$ 9,9 milhões a Renan Calheiros por meio de doações eleitorais e contratos fictícios com empresas. O alagoano teria recebido a maior fatia da propina prometida ao grupo do MDB no Senado.