A ingestão de alimentos contaminados causa doenças em milhares de pessoas todos os dias. Fatores como conservação, temperatura, manipulação e armazenamento são os principais causadores das chamadas DTAs, que são as doenças transmitidas por alimentos, segundo enfatiza o diretor-geral da Agência Estadual de Vigilância Sanitária, Geraldo Moreira de Menezes. O tema é objeto de alerta divulgado pela Gerência Técnica de Inspeção e Controle de Alimentos, Água para Consumo Humano e Toxicologia da Agevisa/PB.
Segundo a gerente de Alimentos, Patrícia Melo Assunção, existem mais de 250 doenças transmitidas por alimentos (a maioria causada por toxinas, vírus e parasitas) que podem ocorrer em qualquer época do ano. “A contaminação pode acontecer de várias formas, seja através de utensílios sujos, de higienização inadequada, da estocagem ou da preparação incorretas dos alimentos”, enfatiza.
Nas festas de final de ano, especialmente nas confraternizações de Réveillon, em que as pessoas geralmente exageram no consumo de alimentos em variados ambientes (residências, bares, restaurantes, lanchonetes, similares e até mesmo nas ruas), Patrícia Assunção diz ser primordial que se redobre os cuidados com os alimentos para que não ocorram infecções perfeitamente evitáveis.
Ela explica que os principais sintomas das DTAs são falta de apetite, náuseas, vômitos, diarreia, dores abdominais e febre, além da possibilidade de incômodos no fígado (em caso de infecção pela Hepatite A) e nas terminações nervosas periféricas, que podem ser comprometidas pelo botulismo, que é uma doença bacteriana grave, não contagiosa, causada pela ação da bactéria Clostridium botulinum, encontrada no solo, nas fezes humanas ou de animais e nos alimentos.
Perigos e proteção – No Brasil, segundo Patrícia Assunção, dentre os alimentos que mais provocam DTAs estão os ovos crus ou mal cozidos, carnes vermelhas ou mal passadas, sobremesas, água, leite e derivados. “Esses alimentos e outras preparações que os tenham como ingredientes precisam ser bem manipulados e acondicionados em temperatura adequada”, observa. E acrescenta: “Para se proteger, a primeira coisa a se fazer é checar o prazo de validade dos alimentos, a forma como eles estão sendo guardados e suas condições físicas, como aparência, consistência e odor”.
“Lavar as mãos antes e durante a preparação dos alimentos, bem como antes das refeições deve ser um hábito frequente e natural, porque as mãos mal higienizadas estão entre os principais veículos de contaminação dos alimentos. Usar água ou gelo apenas de procedência segura também é essencial, considerando que muitas vezes o gelo utilizado numa bebida tem procedência desconhecida e segurança inadequada, podendo ser um potencial veículo transmissor de DTAs”, observa.
Patrícia também fala dos cuidados relativos aos alimentos prontos, mas que serão consumidos posteriormente, os quais devem ser armazenados sob refrigeração adequada. Ela cita, por exemplo, o salpicão, que é tradicional nas ceias de Réveillon e que precisa ser refrigerado e colocado na mesa pouco antes de ser servido, não podendo passar muito tempo em temperatura ambiente.
Outros cuidados especiais – Conforme a gerente de Alimentos da Agevisa, que é nutricionista por profissão, é importante seguir fielmente os seguintes procedimentos:
Cozinhar bastante, para que fiquem bem passados, carnes, frangos, ovos e peixes, porque esses alimentos cruz também podem ser um veículo de contaminação.
Reaquecer alimentos conservados a 70 graus, e só o consumir se tiver certeza de que tal consumo é adequado.
Certificar-se da procedência e observar as condições sanidade e de acondicionamento de pescados e mariscos, pois os mesmos oferecem riscos e podem estar contaminados com toxinas que permanecem ativas mesmo depois do cozimento.
Evitar consumir pratos que contenham ovos cruz ou mal cozidos, como gemadas, ovos fritos moles e maionese caseira, e também não consumir sorvetes de procedência duvidosa.