Apesar da vitória sobre a Argentina nesta terça-feira, em Jidá, a Seleção Brasileira sofreu com os mesmos problemas de partidas recentes com Tite: a pouca criação no campo de ataque. Mais uma vez, a presença de Philippe Coutinho como interior no esquema da Seleção criou esse cenário de pobreza técnica, principalmente no campo de ataque.
Um pouco antes do começo da Copa do Mundo, Tite passou a utilizar Philippe Coutinho, presença constante pelo lado direito do campo com o próprio treinador durante as Eliminatórias, como um interior, auxiliando Casemiro, primeiro volante do time titular, e Paulinho, durante a Copa, e Arthur, após o Mundial da Rússia.
Porém, o camisa 11 fica longe de fazer aquilo que é comum nos jogos com a camisa do Barcelona e de quando defendeu o Liverpool. Apesar de ser um bom condutor de bola e ter capacidade de finalizar de média distância, Coutinho não consegue render jogando na segunda linha de meio-campo, e o desempenho da Seleção Brasileira nesses últimos dois amistosos é um reflexo disso.
Contra a Argentina, o Brasil teve 62% de posse de bola, mas pouco conseguiu criar efetivamente. Diante de uma forte marcação da Argentina na faixa central do campo, com Battaglia e Paredes, a única alternativa para a Seleção era focar em jogadas pelos lados do campo, mas Renzo Saravia, lateral-direito, levou a melhor em seu duelo particular com Neymar e Gabriel Jesus teve dificuldades de se adaptar atuando pelas beiradas.
Com isso, a equipe de Tite sentiu ainda mais a atuação ruim de Coutinho, que, com a missão de conduzir a bola entre o meio e o ataque, não criou chances claras de gol, pois não conseguiu sair daquele setor perto da região da meia-luz do gramado, o que ajudou para a pouca efetividade brasileira no terço final do campo.
Mapa de calor de Coutinho contra Argentina: atleta pouco avançou à área e ficou preso em sua posição inicial (Foto: Reprodução/Sofascore)
Em Jidá, Coutinho teve 89% de aproveitamento nos passes que tentou, mas a maioria deles não conseguiu contribuir para a criação das jogadas no campo de ataque, sendo uma posse de bola um tanto quanto burocrática e inefetiva. Além disso, ele foi desarmado duas vezes, o que traduz a pouca capacidade que possui para conduzir a bola entre a base da jogada e o campo de ataque.
Desempenho ruim na posição não é novidade
Na Copa do Mundo, o Brasil também passou pelos mesmos problemas de criação na maioria dos jogos. Com pouca criatividade no setor central, grande parte dos gols dos comandados de Tite surgiu com jogadas pelos lados do campo e em situações de bola parada.
Com Philippe Coutinho centralizado, a Seleção encontrava dificuldades de se criar diante de seleções que povoavam o meio-campo, oferecendo uma situação ruim para o jogador do Barcelona conseguir espaço para conduzir a bola e levá-la para os jogadores de ataque. Apesar do gol marcado contra a Suíça, o desempenho do meia na Copa do Mundo não foi bom.
Até mesmo na defesa o Brasil perdeu com Coutinho de interior. Naturalmente, ele avançava ao ataque para tentar ajudar na criação de chances ofensivas, mas muitas vezes sofria com a recomposição para o meio-campo. Foi dessa maneira que a Bélgica conseguiu derrotar a equipe de Tite, aproveitando os espaços vazios no meio-campo após ataques brasileiros e marcando gols chegando com velocidade no terço final do gramado.
Fonte: Lance