Essa rotina se estende por seis meses e, no semestre seguinte, é substituída por duas conversas semanais. Os 288 participantes também são regularmente entrevistados sobre suas atividades e condições de saúde, e se submetem a exames de ressonância magnética do cérebro. A conversa não é aleatória: tem um roteiro projetado para exercitar áreas do cérebro associadas ao pensamento abstrato e à memória, para “afiar” habilidades mentais mais sofisticadas.
Em 2014, um projeto piloto semelhante apontou uma melhoria do desempenho dos idosos em testes cognitivos. Agora, o objetivo dos pesquisadores é verificar se a conversação regular pode evitar a demência. Segundo Jacob Lindsley, que coordena o estudo, se a tese for comprovada, papear pode se tornar uma prescrição médica: “assim como os médicos prescrevem exercícios para manter a saúde do coração”, diz.
Um relatório publicado ano passado pela revista “The Lancet” mostrou que 2.3% dos casos de demência poderiam ser evitados reduzindo-se o isolamento social. Como esse blog já registrou, a solidão pode ser considerada o cigarro da sociedade contemporânea. De acordo com Laura Alcock-Ferguson, diretora-executiva da “Campanha para acabar com a solidão”, seu impacto na saúde pode ser devastador: “é pior do que a obesidade, tão ruim quanto fumar 15 cigarros por dia. A solidão está encurtando vidas”.