Em um raro momento de unidade, republicanos e democratas aprovaram nesta quarta-feira (16) no Congresso dos Estados Unidos a criação de um novo feriado federal, em 19 de junho, para comemorar a emancipação dos últimos escravos do Texas em 1865.
O presidente norte-americano, Joe Biden, ainda precisa sancionar a lei, mas não há dúvida de seu apoio.
“Este dia representa a liberdade”, disse a democrata Sheila Jackson Lee, uma das legisladoras da Câmara que apresentou o projeto de lei para transformar o “Juneteenth” – uma contração de junho e 19 em inglês – em um feriado nacional oficial.
A Câmara dos Representantes aprovou a lei por 415 votos a favor e 14 contra, com o apoio dos líderes democratas e republicanos.
Na véspera, a norma havia sido aprovada por unanimidade no Senado. Diante de uma foto antiga de um homem negro com as costas laceradas, Sheila Jackson Lee, uma congressista afro-americana, falou em plenário sobre a “longa jornada” até esta votação.
“Mas aqui estamos hoje, livres para votar pelo Juneteenth como feriado nacional da independência, um feriado federal para os Estados Unidos”, declarou.
“Reconhecer e aprender com os erros do passado é essencial para seguir em frente”, escreveu o senador republicano John Cornyn, que havia defendido o projeto com ela.
Os dois representam o Texas no Congresso. Foi nesse vasto estado do sul que os últimos escravos souberam, em 19 de junho de 1865, que estavam livres.
O presidente Abraham Lincoln havia ordenado o fim da escravidão dois anos e meio antes, ao assinar a Proclamação de Emancipação em 1º de janeiro de 1863. Porém, durante a Guerra Civil (1861-1865), a escravidão continuou nos estados confederados do sul dos Estados Unidos.
O líder do exército confederado, Robert Lee, assinou sua rendição em 9 de abril de 1865. Levou mais de dois meses para que a notícia chegasse à pequena cidade de Galveston, no Texas, em 19 de junho.
O “Juneteenth” já era feriado em alguns estados do país, inclusive no Texas, mas até agora não havia sido designado uma data federal.
Os apelos pela criação do feriado nacional aumentaram após o assassinato de George Floyd, um homem negro morto por um policial branco em 25 de maio de 2020.
O dia 19 de junho “nos lembra de uma história marcada pela brutalidade e a injustiça, e nos lembra da responsabilidade que temos de construir um futuro de progresso para todos que honrem o ideal de igualdade dos Estados Unidos”, disse a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi.