Como projetado pelas pesquisas, a coalizão de direita (CDU/CSU) da chanceler Angela Merkel, com 24,1% dos votos, perdeu a eleição na Alemanha por pequena diferença depois de 16 anos no poder. A social-democracia (SPD), de centro-esquerda, é a vencedora das eleições, conquistando 25,7% das cadeiras do Bundestag, o parlamento alemão, onde o governo é montado.
Interessante alguns detalhes da eleição deste domingo na Alemanha: a social-democracia volta ao poder depois de muitos anos, o Partido Verde se destaca, obtendo 14,8% da votação; a ultra-direita encolhe quase dois pontos percentuais (perdeu 11 cadeiras), a esquerda radical não consegue votação para passar na cláusula de barreira (4,9%, mas conquistou 3 cadeiras diretas) e o tema dos temas da campanha foram os problemas causados pelas mudanças climáticas.
Os alemães optaram por um viés de esquerda, mas sem mudanças mais radicais. O candidato a chanceler da social-democracia é vice-chanceler e ministro das Finanças do governo Merkel, uma vez que integra como força minoritária a coalizão conservadora.
Na campanha, ele apontou para a melhoria do salário mínimo (12 euros por hora) e a volta de programas sociais, mas com equilíbrio fiscal. A sinalização é de aumento de impostos dos mais ricos. A essência da social-democracia, que se traduz num Estado mais forte para bancar as políticas de bem-estar social.
Neste ponto, o resultado das eleições na Alemanha não difere muito do que vem ocorrendo em toda União Europeia, movimento que os analistas avaliam como possível ressurgimento da esquerda.
Todos os países da região da Escandinávia – Noruega (eleições recentes), Suécia, Dinamarca, Islândia e Finlândia -, onde se concentra a melhor qualidade de vida do planeta, estão sob o controle de governos social-democratas (centro-esquerda). Além disso, Portugal e Espanha também são governados por partidos de centro-esquerda.
A social-democracia foi muito forte na Europa até o início dos anos 2000. Chegou a governar 12 dos 15 países da região. Mas perdeu força a partir da crise mundial de 2008, ficando com partidos enfraquecidos e sendo praticamente destroçada na Itália e na França.
As políticas rígidas de controle fiscal do liberalismo ou do neoliberalismo, aliadas à crise migratória, se impuseram às políticas de bem-estar social (mais benefícios sociais e fortalecimento da educação e saúde públicas).
Na União Europeia, a onda seria por menos desigualdades, um impulso da pandemia, segundo cientistas políticos. Daí, as mudanças de governo. A ver as próximas eleições.