O Brasil teve ao menos 1.671 pessoas resgatadas de situações análogas à escravidão em 2021, de acordo com um levantamento recente do Ministério Público do Trabalho (MPT). Todos os resgates foram feitos em operações conjuntas do MPT com outros órgãos públicos, e o próprio MPT admite que o número real de vítimas da escravidão contemporânea pode ser ainda maior, se considerados dados de outros órgãos ainda não divulgados.
As operações fiscalizaram diversos setores da economia como, por exemplo, plantações de café e cana-de-açúcar, garimpos, carvoarias e pedreiras. Nas áreas urbanas do país, os setores que mais foram flagrados utilizando mão de obra escravizada foram a construção civil, oficinas de costura e o trabalho doméstico. O trabalho escravo doméstico, segundo o MPT, tem como principais vítimas as mulheres negras.
Em 2021, viralizou na internet o caso de Madalena Gordiano, resgatada no final do ano anterior após viver 38 anos de sua vida em situação análoga à escravidão em Patos de Minas (MG). A mulher negra prestava serviços domésticos desde os oito anos de idade a uma família tradicional da região.
Segundo o Ministério Público do Trabalho, o aumento de denúncias de trabalho escravo no setor é devido ao empoderamento da categoria das empregadas domésticas ao longo da última década. As denúncias são fundamentais porque sem elas não pode haver o trabalho da fiscalização e resgate.
Ainda de acordo com o MPT, estão sendo feitas parcerias com diversas cidades do país para a realização de cursos voltados a profissionais das redes municipais de assistência social e outros profissionais que atendem vítimas de trabalho escravo e tráfico de pessoas. O objetivo é aumentar e capacitar a rede de assistência às vítimas.