Os primeiros três meses de 2023 foram difíceis para o Bradesco (BBDC4), que registrou queda de 37,3% no lucro na comparação anual, com a soma chegando a R$ 4,3 bilhões. Apesar do recuo, o número veio melhor do que o esperado pelo consenso de analistas ouvidos pela Bloomberg, que antecipavam lucro de R$ 3,748 bilhões no período.
O número veio acompanhado de uma redução da rentabilidade do banco, cujo índice de retorno sobre o patrimônio recuou para 10,6%, ou seja, 7,4 pontos percentuais a menos que no mesmo período do ano passado. Em relação ao trimestre anterior, no entanto, houve melhora de 6,7 pontos percentuais. Vale lembrar que os números do 4T22 foram fortemente afetados pelo caso Americanas, já que o Bradesco decidiu provisionar 100% da sua exposição à varejista.
A carteira de crédito do Bradesco cresceu 5,4% em 12 meses, mas desacelerou em relação ao trimestre anterior devido ao atual momento do ciclo de crédito, além de um reposicionamento da política de crédito do banco.
Inadimplência dispara no Bradesco
Apesar do reposicionamento da carteira, o Bradesco registrou nova disparada da inadimplência, que saltou de 4,3% no 4T22 para 5,1% nas dívidas vencidas há mais de 90 dias. Em relação ao mesmo período do ano passado, a alta foi de 1,9 ponto percentual. No final do ano passado, o CEO do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, havia estimado que a deterioração da carteira atingiria o pico entre o primeiro e o segundo trimestres de 2023.
Também houve piora significativa em outro cálculo de inadimplência, que mede as dívidas vencidas entre 60 e 90 dias. Este índice passou de 5,2% em dezembro para 6,3% em março. No mesmo período de 2022, a linha estava em 4,0%.
De acordo com o Bradesco, a inadimplência continua concentrada nos clientes pessoa física e nas micro e pequenas empresas.
Margens
O destaque positivo dos resultados do Bradesco no trimestre ficou com a tesouraria do banco, que conseguiu reduzir consideravelmente o saldo negativo acumulado no ano passado, afetado pela alta da Selic. A margem com o mercado passou de R$ 803 milhões negativos no quarto trimestre de 2022 para R$ 312 milhões negativos no período encerrado em 31 de março.
Os analistas esperavam uma melhora apenas pontual, já que o cenário macroeconômico mudou pouco entre dezembro de 2022 e março deste ano. De acordo com o Bradesco, a melhora aconteceu devido a uma reprecificação do portfólio, menores despesas com provisões e também menores despesas operacionais.
Na mesma base de comparação, a margem com clientes teve recuo de 2,9% e somou R$ 16,965 bilhões. O Bradesco afirmou que a redução está ligada à menor quantidade de dias úteis do primeiro trimestre, além de uma diminuição no volume de operações devido a um modelo mais rigoroso de concessão de crédito.
BBDC4 na bolsa
A ação preferencial do Bradesco (BBDC4) fechou esta quinta-feira em alta de 2,33%, cotada a R$ 14,07, conforme investidores se preparavam para a divulgação de resultados.