Após encontros em Moscou e Kiev, o presidente francês, Emmanuel Macron, encerrou sua maratona diplomática em Berlim, nesta terça-feira (8), ao lado do presidente da Polônia, Andrzej Sebastian Duda, e do chanceler alemão, Olaf Scholz. Juntos, eles se comprometeram a reunir esforços para evitar uma guerra e garantir a segurança do continente europeu.
“Nosso encontro em Berlim tem um significado específico: três grandes países europeus e a mesma vontade de seguir uma estratégia de evitar o aumento das tensões”, disse o chefe de Estado francês. “Vamos continuar a agir com o objetivo de evitar a guerra, garantir a estabilidade e a paz no continente, que são o nosso tesouro”, observou. “Temos que fazer tudo para defender os princípios da Europa, a soberania dos estados, a integridade territorial e o respeito aos valores”, completou Macron.
O presidente francês pediu “um diálogo exigente” com a Rússia porque é “o único caminho que tornará possível a paz na Ucrânia”. Ele reiterou ver “soluções concretas” para a crise russo-ocidental graças aos compromissos obtidos, segundo ele, do presidente russo, Vladimir Putin, e de seu homólogo, Volodymyr Zelensky, de que não haverá uma “escalada” da violência. “Vamos trabalhar juntos sobre as pistas que surgiram nos últimos dias para seguir esse diálogo, limitar riscos e ter paz e estabilidade duráveis”, assinalou Macron.
“Agir conjuntamente se necessário”
O presidente francês chegou à capital alemã no início da noite para conversar com Olaf Scholz, que acaba de voltar de uma viagem a Washington. “A situação é tensa na Europa e o diálogo com nossos parceiros é importante para evitar uma guerra, pois a presença dos russos na fronteira é inquietante”, afirmou Scholz na entrevista coletiva concedida pelos três.
“A violação da soberania e desrespeito ao território da Ucrânia são inaceitáveis e terão consequências políticas e econômicas para a Rússia”, completou o chanceler alemão. “Estamos de acordo com [o presidente dos Estados Unidos] Joe Biden de que queremos uma desescalada da situação, precisamos de negociação e de solução”, acrescentou. “Macron foi ao Kremlin e Kiev, eu fui a Kiev e Moscou. Nosso encontro hoje foi útil porque temos o mesmo objetivo: de manter a paz na Europa graças à diplomacia e à vontade de agir conjuntamente, se necessário”, sublinhou Scholz.
O presidente polonês Andrzej Duda disse acreditar que é possível “evitar a guerra”. Ele destacou que “desde a segunda guerra mundial não vemos uma movimentação militar como essa”. A “integridade territorial é nosso objetivo e de todos os aliados”, completou Duda. “O mais importante hoje é unidade e solidariedade”, concluiu.
O envio de dezenas de milhares de soldados russos à fronteira ucraniana representa “um nível de tensão raramente alcançado desde o fim da Guerra Fria”, concordou Emmanuel Macron, que conversou longamente com Vladimir Putin, na segunda-feira (7), e com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, nesta terça-feira, em busca de uma solução diplomática para a crise.
A presença das tropas faz com que os ocidentais temam uma invasão da Ucrânia pela Rússia, que já anexou a Crimeia, em 2014, e vem apoiando os separatistas na luta contra as forças ucranianas. O conflito já deixou mais de 13.000 mortos, apesar dos acordos de paz de Minsk.
Em Kiev, Emmanuel Macron, cujo país atualmente preside o Conselho da União Europeia (UE), assegurou ter obtido “um duplo compromisso” da Ucrânia e da Rússia para respeitar esses acordos. “Não devemos subestimar a tensão que vivemos (…) não podemos resolver esta crise em poucas horas de discussões”, alertou, contudo, o presidente francês.
Enquanto aguarda uma possível solução diplomática, Macron assegurou que obteve promessas de Vladimir Putin durante a reunião de segunda-feira à noite: ele “me disse que não estaria na origem da escalada” de violência.