A produção de vinho de jabuticaba de forma artesanal está criando um novo hábito entre agricultores de Serraria no Brejo paraibano, e tornando-se uma nova fonte de renda, com o aproveitamento desta fruteira muito comum na região. Com a participação de 12 agricultores, nesta safra serão produzidas 80 garrafas de vinho, além de outros produtos como geleia, doces, bolos e tortas que comercializam na Feira dos Agricultores Familiares, que acontece todas as quintas-feiras na cidade.
Mesmo sendo uma cultura centenária e que se adapta muito bem no município, somente no ano de 2017 foi que dois técnicos agrícolas locais, filhos de agricultores, vendo a importância da fruta que poderia ser uma boa fonte de renda e para evitar o desperdício, decidiram estimular seu aproveitamento com a transformação do produto, incluindo o vinho.
A técnica agrícola Juliana Ferreira de Lima e João Gomes de Oliveira Neto, que é agricultor, já vinham produzindo vinho com uma receita própria e passaram a ser orientados por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba, campus de Bananeiras, sendo introduzidas tecnologias para melhorar a qualidade do produto e, com isso, conquistar mercados.
O passo seguinte foi a realização de pesquisa para se chegar a uma melhor definição do seu teor alcoólico e açúcar. No ano de 2018, o primeiro teste de produção aconteceu no Laboratório de Bebidas do Campus III, em Bananeiras, sob a orientação dos professores Juliana Escorião da Nóbrega e Alexandre Eduardo de Araújo.
Quando chegou ao formato e composição ideais, o grupo partiu para produzir vinho que passou a ser comercializado na Feira de Agricultores Familiares de Serraria.
No primeiro momento, participaram do projeto de produção do vinho os agricultores Luciana Ribeiro de Lima, José Gomes de Oliveira Neto e Luiz Carlos Morais. Neste ano 2019, os agricultores participaram da colheita que acontece no começo do mês de março, fazendo a doação dos frutos para que fossem beneficiados.
“O vinho passou a ser mais um produto que veio fortalecer a feira dos agricultores, até porque os frutos são provenientes das propriedades dos agricultores participantes da feira”, explicou.
A primeira produção, feita com o auxílio da universidade, foi de 60 garrafas, sendo que algumas foram distribuídas entre os agricultores para que tomassem conhecimento da importância do produto. No momento seguinte, mais conscientes da importância da nova atividade, participaram de treinamento para que eles mesmos passassem a fabricar os seus produtos.
O lançamento aconteceu no mês de julho de 2018, durante o aniversário de três anos da feira e também por ocasião da Rota Cultural Caminhos do Frio, da qual a cidade faz parte, quando houve degustação pelos visitantes, constatando-se uma boa aceitação. Também aconteceu essa degustação no Ateliê de Artes Edson Santos, igualmente sendo bem aceito.
A produção deste ano está em processo de fermentação e, novamente, o vinho será comercializado no aniversário da feira e do Projeto Caminhos do Frio. Agora, os agricultores estão ainda mais envolvidos: participaram da produção, com o acompanhamento dos pesquisadores da universidade. Também tem a participação da estudante Cleilma Medeiros, com acompanhamento de realização da feira e reunir subsídios para montar a sua monografia de conclusão de curso com outros universitários.
Mutirão – Juliana lembrou que existe uma efetiva parceria entre os agricultores para a produção do vinho, sempre feito em mutirão, demonstrando que estão interessados em avançar mais com essa atividade, animados pelo mercado e pela a assistência técnica da Empaer, cujos extensionistas estão sempre disponíveis.
Segundo ela, o que é arrecadado com a comercialização do vinho ajudaria no melhoramento dos equipamentos e manutenção da feira, criando-se assim, uma independência financeira para mantê-la. Uma nova proposta agora é juntar recursos para adquirir um freezer.
São 12 famílias que estão envolvidas neste projeto, todos residentes nos sítios Sabueiro, Matinha, Salamandra e Cajazeiras, em outras regiões do município, na produção de jabuticaba.
Outros produtos – Os agricultores, também orientados pelos técnicos, estão produzindo geleia de jabuticaba que teve boa aceitação. Mas já existem outros produtos como bolos, tortas, doces e licores. Mesmo sendo um produto sazonal, traz uma renda extra para o agricultor.
A dificuldade dos agricultores é com relação à produção de frutas, já que a jabuticaba produz apenas uma vez ao ano, a menos que seja cultivada usando irrigação.
A Emater, que passou a se chamar Empaer, sempre esteve presente por meio de seus técnicos contribuindo com a organização e dando suporte de assessoramento junto aos produtores rurais. “Desde o primeiro momento, a Empaer esteve junto aos agricultores, inclusive emprestando uma sala para sede de nossa associação”, comentou Juliana Ferreira.