O Brasil poder\u00e1 ser um dos cinco maiores exportadores de petr\u00f3leo em 2026. A expectativa do diretor de Estudos de Petr\u00f3leo, G\u00e1s e Biocombust\u00edveis da Empresa de Pesquisas Energ\u00e9ticas (EPE), Jos\u00e9 Mauro Ferreira Coelho, se baseia na combina\u00e7\u00e3o do crescimento da produ\u00e7\u00e3o com a falta de expans\u00e3o da \u00e1rea de refino no pa\u00eds.<\/p>\n

Ele disse que o aumento da produ\u00e7\u00e3o tem se repetido e a perspectiva \u00e9 que prossiga neste ritmo nos pr\u00f3ximos anos. Estudos da EPE indicam que, em 2026, o pa\u00eds vai atingir 5,2 milh\u00f5es de barris de petr\u00f3leo (\u00f3leo e g\u00e1s) por dia, enquanto o parque de refino tem capacidade de processar cerca de 2,2 milh\u00f5es de barris.<\/p>\n

\u201cO que a gente v\u00ea no horizonte de dez anos \u00e9 uma dificuldade em novos investimentos de refino e que n\u00f3s estaremos exportando algo em torno de 3 milh\u00f5es de barris de petr\u00f3leo em 2026. Al\u00e9m de ser um grande produtor, que j\u00e1 \u00e9 muito importante, n\u00f3s seremos um grande exportador, exportando 3 milh\u00f5es de barris de petr\u00f3leo por dia. Isso far\u00e1 com que o Brasil esteja entre os cinco maiores exportadores de petr\u00f3leo do mundo. Muito possivelmente estaremos atr\u00e1s apenas, em n\u00edvel de exporta\u00e7\u00e3o, da Ar\u00e1bia Saudita, R\u00fassia, Iraque e Canad\u00e1\u201d, disse em entrevista \u00e0 Ag\u00eancia Brasil.<\/p>\n

Atualmente, o Brasil faz parte da lista dos dez pa\u00edses maiores produtores de petr\u00f3leo. De acordo com n\u00fameros Ag\u00eancia Internacional de Energia (International Energy Agency, em ingl\u00eas), com a produ\u00e7\u00e3o m\u00e9dia di\u00e1ria, em 2017, de 3,2 milh\u00f5es de barris petr\u00f3leo (petr\u00f3leo e g\u00e1s natural em \u00f3leo equivalente, o que se chama de barril de \u00f3leo equivalente – boe), al\u00e9m de entrar para o grupo e ocupar o nono lugar, o Brasil ultrapassou o Kuwait, um dos integrantes da Organiza\u00e7\u00e3o dos Pa\u00edses Produtores de Petr\u00f3leo (Opep). O Kuwait registrou em 2017 a produ\u00e7\u00e3o de 3,1 milh\u00f5es de barris.<\/p>\n

Aumento da participa\u00e7\u00e3o<\/h2>\n

\u201cSem d\u00favida, o Brasil vai ter ainda uma participa\u00e7\u00e3o bem maior neste mundo do petr\u00f3leo do que a que ele tem atualmente e do que est\u00e1 sendo projetado pela Ag\u00eancia Internacional de Energia para 2018. Pode subir mais no ranking\u201d, afirmou o diretor da EPE.
\nCom este ranking, o Brasil come\u00e7a a ter uma import\u00e2ncia relevante na geopol\u00edtica mundial do petr\u00f3leo. \u201c\u00c9 claro que isso impacta o mercado internacional de petr\u00f3leo e, consequentemente, impacta o pre\u00e7o do barril de petr\u00f3leo. Ent\u00e3o, dentro dos pa\u00edses produtores, o Brasil come\u00e7a a ter uma import\u00e2ncia maior no jogo do petr\u00f3leo no mundo, do pre\u00e7o do petr\u00f3leo no mundo e tamb\u00e9m nessa balan\u00e7a entre oferta e demanda de petr\u00f3leo\u201d, afirmou.<\/p>\n

O executivo destacou, no entanto, que, como n\u00e3o faz parte da Opep, o Brasil n\u00e3o precisa se submeter aos limites adotados por integrantes deste grupo. \u201cEles imp\u00f5em aos associados limites de cotas de exporta\u00e7\u00e3o. Como o Brasil n\u00e3o faz parte dessa associa\u00e7\u00e3o, ele n\u00e3o tem nenhum limite de cota de exporta\u00e7\u00e3o estabelecido. O Brasil n\u00e3o tem que conversar com ningu\u00e9m sobre a sua produ\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo ou a sua exporta\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo, o que pensa em produzir ou exportar\u201d, completou.<\/p>\n

Relev\u00e2ncia<\/h2>\n

Para Jos\u00e9 Mauro, a relev\u00e2ncia do Brasil no mercado mundial de petr\u00f3leo vai subir quando o pa\u00eds passar a ser um dos cinco maiores exportadores. Para ele, efetivamente, o que mexe com o mercado internacional de petr\u00f3leo n\u00e3o \u00e9 a quantidade de produ\u00e7\u00e3o, mas a capacidade do pa\u00eds em botar petr\u00f3leo no mundo para vendido.<\/p>\n

\u201cN\u00e3o adianta ser um grande produtor e ser tamb\u00e9m um grande consumidor. A\u00ed, eu n\u00e3o coloco petr\u00f3leo no mundo para ser comercializado, mas quando sou um grande exportador, passo a ter influ\u00eancia significativa no mercado de petr\u00f3leo, influenciando, inclusive, os pre\u00e7os de petr\u00f3leo\u201d, observou.<\/p>\n

Apesar de dizer que cabe ao governo federal a avalia\u00e7\u00e3o cuidadosa do interesse do Brasil de integrar a Opep, ele n\u00e3o v\u00ea, neste momento, uma necessidade de o pa\u00eds entrar para o grupo. \u201cIsso tem que ser avaliado com calma em n\u00edvel ministerial\u201d.<\/p>\n

Investimentos<\/h2>\n

Segundo o diretor, o menor risco na explora\u00e7\u00e3o da \u00e1rea do pr\u00e9-sal atrai maior n\u00famero de empresas para investimentos em projetos na regi\u00e3o, o que contribui para o aumento da produ\u00e7\u00e3o brasileira.<\/p>\n

\u201cEssas reservas do pr\u00e9-sal, al\u00e9m de serem de baixo risco explorat\u00f3rio, s\u00e3o \u00e1reas de grandes volumes. Na verdade, isso aumenta muito a atratividade das empresas internacionais em investir no Brasil na \u00e1rea de explora\u00e7\u00e3o e produ\u00e7\u00e3o. Outro fator \u00e9 a seguran\u00e7a jur\u00eddica e regulat\u00f3ria que existe no Brasil, diferente de outros pa\u00edses produtores de petr\u00f3leo\u201d, afirmou, acrescentando, que o cronograma de leil\u00f5es de blocos explorat\u00f3rios mantidos pelo governo federal tamb\u00e9m favorece ao ambiente de investimentos.<\/p>\n

\u201cAcho que isso tamb\u00e9m d\u00e1 um sinal positivo para as empresas que atuam no setor de que o Brasil tem uma previsibilidade em rela\u00e7\u00e3o a esta atividade de produ\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo e g\u00e1s natural no pa\u00eds. Isso acaba mobilizando n\u00e3o s\u00f3 a Petrobras, mas tamb\u00e9m outras empresas internacionais\u201d, disse.<\/p>\n

Importa\u00e7\u00e3o de derivados<\/h2>\n

Mesmo com perspectivas positivas, o diretor alertou para a necessidade de o pa\u00eds investir mais em parques de refino para reduzir a importa\u00e7\u00e3o de derivados, como GLP, nafta, \u00f3leo diesel, querosene de avia\u00e7\u00e3o e gasolina.<\/p>\n

Segundo a EPE, em 2017 foram 547 mil barris\/dia. Nos quatro anos anteriores, somente nos anos de recess\u00e3o 2015 (362 mil barris\/dia) e 2016 (430 mil barris\/dia) houve um patamar menor. Em 2013, foram 439 mil barris\/dia e, em 2014, 442 mil barris.<\/p>\n

Nos quatro primeiros meses de 2018, foram importados 179 mil barris\/dia de derivados. Pelos c\u00e1lculos da EPE, o ano deve fechar com importa\u00e7\u00f5es de aproximadamente 535 mil barris\/dia.<\/p>\n

\u201cN\u00f3s temos um parque de refino que n\u00e3o \u00e9 capaz de processar todo o petr\u00f3leo que produzimos. Dever\u00edamos ter mais investimentos em refino no Brasil para que pud\u00e9ssemos abastecer o mercado nacional de derivados sem a necessidade de importa\u00e7\u00e3o\u201d, indicou.<\/p>\n

O diretor observou, ainda, que nos pr\u00f3ximos dez anos a importa\u00e7\u00e3o de derivados pode alcan\u00e7ar 800 mil barris\/dia, especialmente, \u00f3leo diesel. A perspectiva representa um desafio para a necessidade de captar investimentos em refino.<\/p>\n

De acordo com o executivo, hoje 98% do parque de nacional s\u00e3o da Petrobras, que est\u00e1 priorizando os investimentos na \u00e1rea de explora\u00e7\u00e3o e produ\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo onde tem retorno maior, mas novos estudos est\u00e3o sendo feitos para aumentar os investimentos em refino.<\/p>\n

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Fonte: Ag\u00eancia Brasil<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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